«Continuamos a lutar por um Estado socialista multinacional unificado»
Cinco anos e meio depois do golpe de Fevereiro de 2014, que colocou no poder do país forças abertamente fascistas, o Partido Comunista da Ucrânia (PCU) é ainda uma «espinha encravada» na garganta do regime oligárquico que governa a ex-república soviética. Quem o diz é o Primeiro Secretário do PCU, Petro Simonenko, que agradece a solidariedade fraterna que os comunistas ucranianos têm recebido dos seus congéneres de todo o mundo, num momento particularmente difícil, em que enfrentam uma poderosa ofensiva visando a sua ilegalização.
O recurso apresentado pelo PCU contra a «decisão ilegal do Tribunal Administrativo do Distrito de Kiev de encerrar a actividade» do Partido está a ser apreciado, revela Simonenko, com poucas expectativas quanto a um desfecho positivo: a decisão do Tribunal Constitutional Constitucional da Ucrânia «equiparando a ideologia comunista ao nazi-fascismo e reconhecendo como legal a chamada lei de descomunização, embora ela viole pelo menos meia dúzia de artigos da Constituição, pode até vir a acelerar o processo de proibição judicial do Partido Comunista da Ucrânia».
Aliás, nas eleições de Abril o PCU foi impedido de concorrer, o que para o dirigente comunista significou privar «milhões de apoiantes das ideias comunistas da possibilidade de votar». Já os que se inspiram no Terceiro Reich e têm como referências as divisões SS e os que participaram em massacres de civis e pogroms contra judeus, puderam participar no acto eleitoral.
Resistir e lutar
O resultado das eleições, nas quais o ex-presidente Petro Porochenko e as forças mais abertamente nazi-fascistas sofreram uma estrondosa derrota, deixou evidente, segundo o Primeiro Secretário do PCU, o grau de indignação popular com o «governo do FMI», liderado por Porochenko, mas controlado de facto pelo Departamento do Estado dos EUA e por Wall Street: o povo ucraniano, garante o dirigente comunista, «está cansado da arbitrariedade, da pobreza, do terror e da guerra civil desencadeada pelos oligarcas e criminosos nazi-fascistas».
Quanto à vitória do comediante Vladimir Zelenski, Simonenko não espera grandes mudanças na política ucraniana: «a guerra civil continua, bem como as reformas de “genocídio social”», denuncia, acrescentando que o novo presidente alimenta o mesmo discurso nacionalista, xenófobo e anticomunista do seu antecessor. Aliás, sublinha, o impedimento do PCU se apresentar às eleições favoreceu a vitória de Zelenski.
Perante um futuro incerto e exigente, Petro Simonenko deixa uma garantia: «não vamos desistir nem parar a nossa luta em defesa do Partido, pelo direito humano à liberdade de opinião política, pela liberdade de consciência e expressão, pelo direito de usar plenamente a língua materna em todas as esferas da vida». Pelo contrário, reiterou, os comunistas ucranianos continuarão a resistir à «destruição da Ucrânia e a lutar pela sua transformação num Estado socialista multinacional unificado, onde os direitos e liberdades do trabalho humano se sobreponham aos interesses mercantis e predatórios do capital».