Amazónia
Os incêndios desencadeados na Amazónia pelos grandes latifundiários brasileiros estão a ter o condão de unir os brasileiros numa crescente oposição ao regime de extrema-direta que domina o Brasil.
O presidente Bolsonaro, eleito pela IURD e seitas religiosas quejandas, exibiu de novo a volubilidade reaccionária do seu tonus presidencial, começando por acusar dos incêndios, sem quaisquer provas, os ambientalistas que defendem a preservação da Amazónia para, dias depois e perante o clamor mundial contra a sua política anti-ambiental, se declarar na televisão um fervoroso defensor do ambiente, pedindo até ajuda internacional.
O que se está a passar no Brasil é inacreditável. Através de um golpe de Estado utilizando as instituições ou seja, os poderes parlamentares e judiciais, acusaram e prenderam um ex-presidente, Lula da Silva, destituíram uma presidente em exercício, Dilma Roussef, substituíram-na por um ex-vice presidente, Michel Temer, a contas com a Justiça, enquanto os órgãos responsáveis por todos estes desmandos legislativos estavam (e estão) pejados de gente também a contas com a Justiça.
Entretanto, a proliferação de seitas religiosas deu os seus frutos: a IURD, já um potentado no Brasil com milhões de seguidores, juntamente com seitas semelhantes, garantiram a vitória presidencial a uma criatura de extrema-direita, Jair Bolsonaro, que mal tomou posse convidou para ministro da Justiça o juiz Aldo Moro, que prendera o ex-presidente Lula sob acusações nebulosas de uma fraude com um apartamento, sabendo-se a posteriore, por intercepção de e-mails, que o próprio juíz Moro – violando elementares regras do Direito - «orientara» o Ministério Público que investigava Lula para obter provas que o incriminassem. Tudo gente fina.
É conhecido que a Amazónia é responsável pela renovação de 20% do oxigénio no planeta, tal como se sabe que os incêndios sempre existiram na orla desta monumental floresta húmida. Mas também se sabe, por dados coligidos pelo Brasil, que os incêndios, em geral provocados por queimadas acendidas pelos latifundiários, subiram 80% desde que Bolsonaro é presidente, numa decorrência lógica dos seus discursos anti-ambientais e de apoio aos grandes interesses do latifúndio onde, de resto, consta ter interesses pessoais.
A reacção internacional de repúdio pela política anti-ambiental de Bolsonaro já está a preocupar os grandes interesses económicos que o apoiam, nomeadamente pelas consequências devastadoras de um eventual embargo à agropecuária brasileira, entre outros produtos, como ameaçam países poderosos da UE.
Mas é só a luta do povo brasileiro que poderá pôr ordem na casa. Para já, a partir da luta pela Amazónia.