Uma força com um projecto alternativo para pôr o País a avançar
PROPOSTAS Na sessão pública de apresentação das listas foi recordado o papel do PCP e do PEV nos avanços alcançados na última legislatura e afirmado o projecto da CDU para o País.
O trabalho realizado pelo PCP e pelo PEV é património para o futuro
Na sua intervenção, o Secretário-geral do PCP realçou a «intensa actividade» desenvolvida nos últimos quatro anos pelos grupos parlamentares do PCP e do PEV. Especial importância assumiram as iniciativas ligadas aos salários, reformas e prestações sociais, à reposição de direitos sociais e laborais, ao reforço de investimento em funções sociais e serviços públicos, aos problemas ambientais, ao desagravamento fiscal dos trabalhadores e dos pequenos e médios empresários.
Para Jerónimo de Sousa, as medidas aprovadas graças à intervenção do PCP e do PEV permitiram «inverter a tendência de retrocesso económico e criar emprego». E só não se foi mais longe, realçou, porque a CDU não tem, ainda, a «força necessária». Toda esta acção, sublinhou, constitui um «compromisso dos candidatos da CDU de continuação da luta por uma política que garanta a todos os portugueses uma vida melhor».
A CDU, acrescentou o dirigente do Partido, apresenta-se às eleições sob a consigna Avançar é preciso, «com uma política e um claro projecto alternativo para enfrentar os crónicos problemas do País, que se arrastam há anos», como os défices estruturais, a degradação dos sectores produtivos e serviços públicos, o fraco crescimento económico e o insuficiente emprego, as agravadas condições de trabalho, a injusta distribuição da riqueza, a persistente pobreza, as desigualdades profundas, sociais e regionais.
A recuperação dos instrumentos de comando da economia, a libertação do País simultaneamente das «amarras e interesses do grande capital monopolista» e de «castradoras imposições e constrangimentos externos são grandes objectivos políticos a concretizar.
Escolhas, coerência, unidade
Antes de Jerónimo de Sousa interveio o dirigente do PEV e candidato pelo círculo eleitoral de Setúbal, José Luís Ferreira. Para o deputado ecologista, as eleições de 6 de Outubro serão também uma escolha entre os que «mantêm a sua palavra e aqueles que antes das eleições juram defender o que depois literalmente contrariam, quando chega a hora das decisões».
Esclarecendo, garantiu não estar a referir-se apenas ao PSD e ao CDS, mas também ao PS, que, por exemplo, votou para travar o retorno dos CTT à esfera pública mostrando-se, agora, muito indignado com o facto de PSD e CDS terem privatizado essa empresa estratégica. Estes e outros exemplos atestam, para José Luís Ferreira, da necessidade de um grande envolvimento de todos os activistas da CDU nesta campanha: «As pessoas têm o direito de saber quem esteve sempre ao lado delas e quem apenas se diz do seu lado nos períodos pré-eleitorais».
Já Fernando Correia, dirigente da Associação Intervenção Democrática, garantiu que a direita e o grande capital não perdoam à CDU pelo facto de, em 2015, ter sido decisiva para afastar do governo o PSD e o CDS e criado condições para um «processo político novo, que interrompeu o curso de destruição das conquistas dos trabalhadores e do próprio regime democrático que estava em curso e preparadíssimo para prosseguir». Assim, concluiu, «só um reforço da CDU poderá assegurar que não teremos de novo a direita mais reaccionária no poder», nem um PS «amarrado aos mesmos interesses que essa direita».
De unidade falou, a encerrar a sessão, Deolinda Machado, para quem não há discordâncias filosóficas ou religiosas que possam impedir a convergência em torno de um projecto democrático como o que a CDU corporiza. Citou, inclusivamente, o Papa Francisco, que por mais de uma vez se manifestou crítico do capitalismo na sua expressão mais crua – e cruel – e apelou a uma economia que coloque no centro os trabalhadores e os povos.
O PEV não acordou agora
para a defesa do ambiente
O ambiente, o clima, o planeta e os animais têm sido temas muito presentes no panorama mediático e todas as forças políticas se mostram, agora, preocupadas com estes importantes assuntos. Porém, lembrou José Luís Ferreira na sua intervenção, «Os Verdes não acordaram agora» para eles.
Em 2001, o PEV apresentou uma iniciativa legislativa sobre as agora tão faladas «alterações climáticas»; em 2005 levou a cabo centenas de iniciativas públicas, em todos os concelhos do País, no âmbito da campanha Stop às Alterações Climáticas. Ou seja, realçou, «não estivemos à espera que as alterações climáticas dessem votos ou entrassem na esfera mediática para o assunto merecer a nossa preocupação».
Já relativamente ao bem-estar animal, foi também o PEV que, em 1988, apresentou uma proposta de Lei de Bases de Protecção dos Animais Não Humanos. Num e noutro caso, não faltou intervenção do PEV, mas apenas expressão mediática, decidida por quem controla os jornais, as rádios e as televisões.
Ao contrário de outros, que se apresentam como não sendo «nem carne nem peixe», José Luís Ferreira garantiu que «Os Verdes» são ecologistas e de esquerda, pois em sua opinião não pode ser de outra maneira: «não haverá nunca equilíbrio ambiental se não houver justiça social, até porque a defesa do ambiente não é compatível com o liberalismo.»