Hiroshima e Nagasáqui, 74 anos

Filipe Diniz

Em 6 e 9 de Agosto de 1945 os EUA levaram a cabo o bombardeamento atómico de Hiroshima e Nagasáqui, o mais monstruoso e inútil crime de guerra da sua história, onde tais crimes abundam.

A dimensão das perdas humanas resultantes nunca foi inteiramente estabelecida. Certamente mais de 230.000 mortos directos - metade dos quais no primeiro dia - na sua grande maioria civis. Prolongados efeitos posteriores: cancro e leucemia, malformações congénitas, casos de atraso mental severo.

Na Conferência de Teerão (Novembro de 1943) a URSS acordara entrar na guerra contra o Japão uma vez derrotada a Alemanha nazi. Na Conferência de Ialta (Fevereiro de 1945) indica que entrará em guerra três meses após o final da guerra na Europa. A Alemanha nazi rende-se a 9 de Maio. A 9 de Agosto a URSS lança uma poderosa ofensiva na Manchúria. Enquanto os EUA e a Grã-Bretanha tinham retardado dois anos a abertura da segunda frente a ocidente, a URSS assume os seus compromissos - e um papel decisivo - também a oriente.

O Japão rende-se a 15 de Agosto. O que determina sobretudo essa rendição não são esses bombardeamentos mas a entrada da URSS na guerra com o Japão. É o próprio imperador Hirohito quem, a 17 de Agosto, reconhece «o impacto de uma invasão soviética» na decisão.

Em 26 de Julho, em Potsdam, os EUA, Grã-Bretanha e URSS tinham concertado o bombardeamento. Churchill solicita aos EUA estar representado quando a bomba fosse lançada. A Conferência de Potsdam é um sinal do que virá a seguir: o monstruoso crime de Hiroshima não pôs fim à guerra. Deu início à guerra-fria.

Parafraseando Clausewitz, para o imperialismo não é apenas a guerra que é a continuação da política. Também a política é a continuação da guerra por outros meios.

 



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