Hiroshima Não às armas nucleares!

Albano Nunes

Urge intensificar a luta pelo desarmamento nuclear e pela paz

Na guerra «a verdade é a primeira coisa a morrer». Nenhum governo pode arrastar o seu povo para matar e morrer se não lhe mentir sobre os reais objectivos da guerra e se não diabolizar o «inimigo». Nem poderá manter-se no poder, mesmo com a vitória dos seus exércitos, se não cobrir com um falso verniz patriótico, justiceiro e mesmo humanista as mais cruéis operações de rapina e opressão. Ao lembrar o bombardeamento atómico de Hiroshima e Nagazáqui a 6 e 9 de Agosto de 1945, é inquietante verificar que os EUA não só continuam a mentir sobre as verdadeiras razões de tão hediondo crime, como mentem para justificar o sucessivo abandono de tratados de desarmamento nuclear.

Perante a escalada militarista e agressiva conduzida pelo imperialismo norte-americano que - da Siria à Venezuela e das fronteiras da Rússia e da China ao Irão - está a ameaçar o mundo com a guerra numa dimensão sem precedentes, é imperioso reforçar o combate às campanhas de desinformação e manipulação ideológica veiculadas pela comunicação social dominante. É inquietante ver que os sectores mais aventureiros do imperialismo, a começar pela administração Trump, jogam cada vez mais no fascismo e na guerra como «saída» para o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo, com a mais poderosa potência imperialista a ameaçar recorrer a todos os meios, incluindo a arma nuclear, para defender uma hegemonia mundial que lhe escapa.

O perigo de catástrofe nuclear, que durante muitos anos esteve contido pela conquista pela URSS da paridade militar estratégica com os EUA, cresce todos os dias. As notícias a este respeito circulam nos mídia do grande capital com uma «naturalidade» assustadora. Os EUA, a NATO, as grandes potências da União Europeia e a própria UE, o governo sionista de Israel, inserem a utilização da arma nuclear na sua estratégia de «segurança». Os falcões do Pentágono e da Casa Branca, ao mesmo tempo que preconizam o recurso em primeiro lugar à arma nuclear e apagam as fronteiras entre armas convencionais e nucleares, atacam e rasgam importantíssimos acordos de desarmamento, acabando de consumar a 2 de Agosto a retirada do Tratado sobre Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF). Ao mesmo tempo desenvolvem uma estratégia de confrontação e apontam explicitamente a China e a Rússia como «adversários estratégicos».

A política agressiva do imperialismo, o seu arrogante desrespeito pela Carta da ONU e da legalidade internacional, a recusa frontal ao desarmamento e a sua estratégia de chantagem nuclear, está a provocar uma corrida aos armamentos perigosíssima. É necessário alertar para tão grave situação. É necessário lembrar o monstruoso crime perpetrado em Hiroshima e Nagazaqui pelos EUA, que não tendo hesitado em recorrer à bomba atómica para «conter o comunismo» e impor a sua hegemonia, está hoje a ameaçar o mundo com uma catástrofe nuclear para a defender. E em Portugal é necessário intensificar a luta pelo desarmamento nuclear e pela paz, e exigir que o governo português, dando cumprimento à Constituição, tome posição activa pelo desarmamento e subscreva o Tratado de Proibição de Armas Nucleares.




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