Frente Comum apresentou manifesto reivindicativo
AVANÇAR «Não se pode aceitar que fiquem por dar os passos necessários para responder a alguns dos principais problemas», salienta a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública.
O Governo do PS não aproveitou as condições políticas favoráveis
O «Manifesto Reivindicativo» para 2020 foi aprovado a 24 de Julho, na cimeira de sindicatos da Frente Comum, que nesse dia se realizou em Lisboa, e foi nessa tarde apresentado em conferência de imprensa.
A estrutura mais representativa dos trabalhadores da administração central, regional e local, de diversos subsectores, reafirma-se «consciente» da «dimensão dos estragos provocados por décadas de políticas de direita de vários governos». Mesmo assim, recusa «que fiquem por dar os passos necessários para responder a alguns dos principais problemas» e defende que «o futuro Governo tem obrigação de corresponder, como é justo, seja na acção política geral, seja no âmbito do Orçamento do Estado para 2020, às reivindicações dos trabalhadores da Administração Pública, e de avançar na resolução de um conjunto de problemas cuja perpetuação está a comprometer o bem-estar dos portugueses e o desenvolvimento e o progresso do País».
O manifesto é dirigido «aos trabalhadores, em particular aos da Administração Pública», mas também «aos partidos políticos, tendo em conta a realização de eleições legislativas». A Frente Comum pretende que os partidos se pronunciem sobre as reivindicações, «de forma a que as posições de cada um possam ser transmitidas ao trabalhadores», uma vez que estes «serão chamados a levar a sua luta até ao voto, tomando decisões que serão determinantes para a defesa dos legítimos interesses e das reivindicações por que se batem».
Na análise do contexto político e social, a Frente Comum assinala que o Governo do PS mostrou «uma marcada resistência à mudança em áreas que são cruciais», embora houvesse «condições para uma efectiva alteração de políticas», como «os trabalhadores precisam e exigem».
Manter as normas gravosas da legislação laboral e, «pior ainda», «comprometer-se com alterações que agravam ainda mais o que de negativo esta lei já continha» foram os mais recentes passos do Governo e do PS, prosseguindo «uma política laboral que os trabalhadores combatem» e que «defrauda as expectativas criadas».
No manifesto condena-se a «evidente desvalorização da negociação colectiva», bem como o descongelamento das progressões «de forma faseada e insuficiente». O Governo «fugiu à recuperação do tempo de serviço, não o contando na totalidade, como é justo e necessário, para a progressão em diversas carreiras».
Para aposentação, com «progressivo agravamento das condições de acesso», «continua a ser negado o direito a uma pensão justa». Por fim, subsistem «fortes restrições à contratação», não obstante a «crónica falta de pessoal».
Continuar a luta
Esta apreciação determina as «prioridades reivindicativas», alinhadas em 14 pontos, a começar pelo aumento real dos salários. A Frente Comum toma por base a reivindicação da CGTP-IN, para que, no curto prazo, o salário mínimo nacional suba para 850 euros. Este valor deverá ser o do índice 100 (valor mínimo de referência) nas carreiras do Regime Geral, cuja criação é exigida, e na revisão da Tabela Remuneratória Única (até a reposição das carreiras ser aprovada).
A Frente Comum declara que «os trabalhadores da Administração Pública irão prosseguir a luta pelo aumento dos salários, subsídios e pensões; pelo direito à carreira, incluindo o descongelamento das progressões para todos e a contagem do tempo de serviço anteriormente suprimido; pela regulamentação dos suplementos de insalubridade, penosidade e risco, de isenção de horário e o de disponibilidade e tempo de espera; pela reposição do valor do trabalho suplementar; pela redução dos descontos para a ADSE; pela melhoria das condições de trabalho e pela defesa e reforço dos serviços públicos».
Na conferência de imprensa, a coordenadora da Frente Comum anunciou uma iniciativa para 18 de Setembro, dedicada à situação da ADSE. Ana Avoila, citada pela agência Lusa, adiantou que nessa acção pública haverá testemunhos pessoais e de especialistas, sobre o subsistema de saúde dos trabalhadores do Estado.