Dois dias de vigília conseguem compromissos da AHRESP

LUTA As di­fí­ceis con­di­ções de tra­balho, os baixos sa­lá­rios, os ho­rá­rios longos, a re­cusa pa­tronal de ne­go­ci­ação e o vi­o­lento ataque aos di­reitos dos tra­ba­lha­dores das can­tinas mo­ti­varam esta ini­ci­a­tiva.

Os pa­trões re­cusam ne­go­ciar me­lho­rias e mantêm o ataque aos di­reitos

A fe­de­ração e os sin­di­catos da Ho­te­laria, Tu­rismo e Si­mi­lares man­ti­veram, na se­gunda e na terça-feira, uma vi­gília em Lisboa, frente à sede da as­so­ci­ação pa­tronal AH­RESP, onde ti­nham ga­ran­tido que re­gres­sa­riam, du­rante uma con­cen­tração no dia 10, que an­te­cedeu a par­ti­ci­pação na ma­ni­fes­tação na­ci­onal da CGTP-IN.

«Desde 2003 que o con­trato co­lec­tivo de tra­balho não é re­visto, os tra­ba­lha­dores ti­veram os sa­lá­rios con­ge­lados até 2017 e os poucos au­mentos sa­la­riais que houve re­sul­taram da luta dos tra­ba­lha­dores», ex­plicou Fran­cisco Fi­guei­redo nessa manhã aos jor­na­listas.

Numa moção apro­vada e en­tregue na sede pa­tronal, re­corda-se que, em 2017, as em­presas apli­caram au­mentos sa­la­riais de apenas 2%, mas a in­flação no pe­ríodo de 2010 a 2017 foi de 9%.

A mai­oria dos tra­ba­lha­dores au­fere sa­lá­rios entre 620 e 650 euros, que não con­dizem com as suas fun­ções e a sua res­pon­sa­bi­li­dade. O di­ri­gente da Fe­de­ração dos Sin­di­catos da Agri­cul­tura, Ali­men­tação, Be­bidas, Ho­te­laria e Tu­rismo de Por­tugal (Fe­saht/​CGTP-IN), ci­tado pela agência Lusa, re­feriu ainda que é exi­gido res­peito pelos ho­rá­rios de tra­balho e o pa­ga­mento do tra­balho em dias fe­ri­ados como pre­visto no con­trato co­lec­tivo de tra­balho.

Apesar dos bons re­sul­tados que apre­sentam, as em­presas têm posto em causa im­por­tantes di­reitos dos tra­ba­lha­dores. O di­ri­gente citou dois exem­plos: dei­xaram de pagar o sub­sídio noc­turno e im­pu­seram a des­re­gu­lação dos ho­rá­rios, com jor­nadas de 12 horas.

Na se­gunda-feira, cerca das 13 horas, pouco de­pois do início da vi­gília, com tendas, car­tazes e am­pli­fi­cação so­nora na Ave­nida Duque de Ávila, os di­ri­gentes e ac­ti­vistas foram sau­dados pelo Se­cre­tário-geral da CGTP-IN. Ar­ménio Carlos re­alçou, em breves de­cla­ra­ções aos jor­na­listas, que um peso im­por­tante no pro­te­la­mento da si­tu­ação cabe à le­gis­lação que per­mite às as­so­ci­a­ções pa­tro­nais pro­vo­carem a ca­du­ci­dade das con­ven­ções co­lec­tivas, le­vando à ne­gação do di­reito à ne­go­ci­ação de me­lhores con­di­ções de tra­balho.

Nessa al­tura, já se tinha re­a­li­zado uma reu­nião com res­pon­sá­veis da AH­RESP, fi­cando acer­tado um novo en­contro para o final da tarde, já com o di­ri­gente pa­tronal que tem a seu cargo o sector das can­tinas e re­fei­tó­rios. Mas, afinal, o re­fe­rido di­ri­gente acabou por re­cusar reunir-se com os re­pre­sen­tantes dos tra­ba­lha­dores, en­quanto não fosse le­van­tado o pro­testo na rua.

A vi­gília man­teve-se e, du­rante a noite, foram co­lo­cadas velas no pas­seio, junto à en­trada para a sede da as­so­ci­ação pa­tronal.

Na terça-feira, a Fe­saht anun­ciou que no dia se­guinte o «acam­pa­mento» seria re­for­çado com de­le­ga­ções vindas dos vá­rios dis­tritos. Uma nova reu­nião, de manhã, não re­sultou no des­blo­que­a­mento do con­flito, mas deixou outra agen­dada para a parte da tarde.

Ao início da noite, a fe­de­ração anun­ciou, numa breve nota, que, na sequência desta reu­nião e dos com­pro­missos as­su­midos pela AH­RESP, foi de­ci­dido sus­pender a vi­gília e acam­pa­mento.

 



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