A estreia da ópera «La Bohème», no Teatro Nacional de São Carlos, não teve lugar no dia 7, sexta-feira, devido à greve dos trabalhadores do OPART, organismo EPE (entidade pública empresarial) formado em 2008 para gerir o único teatro de ópera e a também única Companhia Nacional de Bailado. Também não se realizou a récita de domingo, dia 9, estando sob igual risco as restantes (dias 11, 14 e 16). Já os bailarinos e técnicos da CNB decidiram, sem prejuízo dos espectáculos de «Quinze bailarinos e tempo incerto», não comparecer em actos oficiais nos dias 11 e 12, em Pequim.
A greve, decidida e reafirmada em plenários, foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Espectáculo, do Audiovisual e dos Músicos (CENA-STE) e abrange ainda o bailado «Dom Quixote» (marcado para 11 e 13 de Julho, no Porto) e o «Festival ao Largo» (de 5 a 27 de Julho, em Lisboa).
A harmonização das condições laborais na nova EPE, «prometida e sucessivamente adiada» por governos e administrações, começou a ter evolução positiva nos últimos três anos, «com o crescimento da sindicalização e da consequente intervenção do CENA-STE», recordou o sindicato da CGTP-IN, num comunicado em que aponta dois factos a justificar o endurecimento da luta: o «notório empurrar de responsabilidades» entre administração do OPART e ministérios da Cultura e das Finanças, depois de ter havido entendimento para discussão de um regulamento interno de pessoal, há um ano; e o incumprimento do acordo de harmonização salarial entre os técnicos do TNSC e da CNB, que deveria vigorar desde Setembro de 2017.