News

Correia da Fonseca

Consta que os britânicos, e porventura não apenas eles, dizem que «no news, good news», o que bem se entende se nos lembrarmos de que as más notícias é que suscitam alarme e lástima, ao passo que quando tudo corre bem, normalmente e sem incidentes, não haverá especial motivo para mensagens. Recentemente surgiram, a acrescentar-se a estas «news», as «fake news» contribuição de Donald Trump para o vocabulário corrente, mas não nos ocupemos dessas agora. Nem de quaisquer outras, de resto. A presença no topo desta coluna da tal fórmula britânica decorre do facto de a televisão portuguesa ter deixado de nos dar a abundância de notícias da Venezuela com que ao longo de semanas abasteceu a nossa credulidade. Como bem sabemos, ao longo de semanas quer a RTP, que é de todos nós, quer as outras operadoras, que são só de alguns, repetiram-nos diariamente que a Venezuela estava a soçobrar, que Nicolás Maduro perdera todo apoio popular e era um ditador cuja destituição se tornara urgente, que o futuro democrático da Venezuela estava num sujeito que os norte-americanos haviam descoberto numa universidade USA e tivera o topete de se nomear ele próprio para a presidência da república. A criatura tornou-se assim o que no vocabulário do comentarismo político se designaria por «presidente-fantoche». Infelizmente, houve diversos governos que gostaram da fantochada e declararam reconhecê-lo como presidente e entre esses governos esteve o governo português.

A boa notícia

Porém, o que mais interessará aos telespectadores é a eventualidade de, tendo quase completamente desaparecido o telebombardeamento diário acerca da Venezuela, esse facto poder significar que a ameaça de assalto a Caracas abrandou ou foi mesmo abandonada pelos Estados Unidos e seus títeres. Essa será a «boa notícia» contida no facto de ter parado ou diminuído enormemente a ofensiva mediática contra a Venezuela chavista. Talvez esta seja uma leitura optimista da pausa havida no bombardeamento desinformativo, mas também possa ser o entendimento de um factor: do expresso e público apoio dado à Venezuela pela Rússia e pela China. O facto é que o «presidente» Guaidó deixou quase totalmente de ser mencionado pela televisão e restantes «media»; que a supostamente iminente queda de Nicolás Maduro deixou de ser profetizada; que até problemas com o abastecimento de água e o fornecimento de energia eléctrica a Caracas e outros lugares deixaram de ser telenotícia. «No News», enfim. «Good news», de facto.




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