Venezuela bolivariana derrota tentativa de golpe de Estado

UNIDADE Na Venezuela bolivariana, a unidade cívico-militar neutralizou mais uma acção desestabilizadora levada a cabo pela extrema-direita, comandada pelo governo norte-americano e seus aliados na região.

Presidente Maduro felicitou a atitude firme, leal e valente da FANB

Os autores materiais da tentativa de golpe de Estado na Venezuela levada a cabo na terça-feira, 30 de Abril, fugiram à justiça e refugiaram-se em sedes diplomáticas, anunciou o presidente Nicolás Maduro. Numa alocução a partir do Palácio de Miraflores, em Caracas, o presidente asseverou que os chefes políticos que promoveram «esta aventura golpista andam de embaixada em embaixada, fugindo depois de terem submetido todo o país à ansiedade, à angústia e à incerteza».

Maduro sublinhou a gravidade das acções desestabilizadoras ocorridas na zona de Altamira, numa auto-estrada da zona oriental da capital, nas imediações da base aérea conhecida como La Carlota, objectivo inicial dos golpistas. Assegurou que a base nunca foi ocupada pelos sublevados, que se concentraram perto, junto de uma saída da auto-estrada Francisco Fajardo, bloqueando a via com oito blindados e quatro metralhadoras de alto calibre. A Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) neutralizou os implicados evitando a utilização das armas mas forçando a sua rendição.

Além de um reduzido grupo de militares – muitos deles reconheceram depois terem sido enganados –, a intentona golpista contou com a participação do autoproclamado «presidente interino» Juan Guaidó e do dirigente do partido de extrema-direita Vontade Popular, Leopoldo López. Este cumpria, em prisão domiciliária, uma condenação por envolvimento em actos de violência política em 2014. Foi agora libertado por um punhado de militares desertores e, após o fracasso do golpe, refugiou-se com a família na embaixada do Chile e depois na de Espanha. Também 25 militares envolvidos no golpe estão refugiados na embaixada do Brasil em Caracas.

O presidente Nicolás Maduro disse que «este golpe de engano, de violência, deixou a oposição desmascarada perante o mundo», acrescentando que a acção teve por objectivo provocar a confrontação armada para justificar uma intervenção estrangeira na Venezuela, ameaça repetida vezes sem conta por Washington.

Ladeado de outros dirigentes do país, entre os quais Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional Constituinte, e Vladimir Padrino, ministro da Defesa, o chefe do Estado anunciou que as autoridades competentes já trabalham na investigação e no estabelecimento de responsabilidades, tendo para o efeito sido designados pelo Ministério Público três procuradores.

A intentona provocou oito feridos, sendo cinco militares da FANB e três da Polícia Nacional Bolivariana.

Maduro assegurou que a situação na Venezuela se encontra normalizada e exortou os cidadãos a percorrer «o caminho do trabalho, da solidariedade, da construção e defesa da paz, da união e da democracia da República».

Unidade cívico-militar

O Partido Comunista da Venezuela (PCV) condenou «a nova acção desestabilizadora da ultradireita encabeçada pelo títere Juan Guaidó e o reincidente fugitivo da justiça venezuelana Leopoldo López, ao serviço do imperialismo estado-unidense».

Face à tentativa golpista, o PCV e a Juventude Comunista da Venezuela «activaram a mobilização nacional» e apelaram «a todo o povo organizado para derrotar as acções terroristas que a oposição apátrida tenta realizar».

«Hoje mais do que nunca cabe à Força Armada Nacional Bolivariana, em conjunto com todo o povo, manter a sua unidade e coesão interna, avançar e aprofundar em unidade cívico-militar a defesa da soberania, a independência da pátria e as conquistas alcançadas pelo povo trabalhador da cidade e do campo», realça o PCV.

PCP condena nova intentona
golpista contra a Venezuela

O PCP divulgou, na tarde de 30 de Abril, uma nota sobre os acontecimentos ocorridos nesse dia na Venezuela:

«O PCP condena veementemente a nova intentona golpista contra a Venezuela e o seu povo, protagonizada por forças de extrema-direita responsáveis por acções de grande violência, com o apoio de um grupo de militares, e o suporte da administração norte-americana de Trump e de governos reaccionários do chamado Grupo de Lima.

Uma nova intentona golpista que, na sequência das derrotas das provocações de 23 de Fevereiro e de 6 de Abril contra a Venezuela, e em afronta à ordem constitucional venezuelana, é dirigida contra o legítimo presidente, Nicolás Maduro, e para submeter a República Bolivariana da Venezuela aos ditames dos EUA.

O PCP denuncia a sistemática acção de desestabilização, tentativas de golpes de Estado, boicotes, acção terrorista, sabotagem do sistema eléctrico e do abastecimento de água, especulação e açambarcamento, sanções, bloqueio económico, financeiro, político e diplomático, e a ameaça de intervenção militar, através das quais os EUA procuram agravar a situação económica da Venezuela e as dificuldades que o seu povo enfrenta.

O PCP considera que o Governo português, ao invés da posição de não demarcação ante a violenta acção das forças golpistas e dos EUA, e do alinhamento na tentativa do seu branqueamento, deveria condenar a acção golpista e rejeitar a constante ingerência e operação de desestabilização e subversão de que são alvo a Venezuela e o seu povo. Será esta a posição que, em coerência com os princípios da Constituição da República e o Direito Internacional, defenderá os interesses nacionais, incluindo os da comunidade portuguesa na Venezuela.

O PCP reafirma a sua solidariedade às forças bolivarianas e ao povo venezuelano e à sua luta em defesa da Revolução bolivariana e da soberania da sua pátria.»




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