Trabalho realizado no Parlamento Europeu prova intervenção ímpar dos eleitos pela CDU
BALANÇO Os deputados do PCP no Parlamento Europeu (PE) protagonizaram uma intervenção quantitativa e qualitativa singular, sublinharam em conferência de imprensa há uma semana.
Os deputados comunistas efectuaram mais de mil visitas em Portugal
A cerca de dois meses de os portugueses voltarem às urnas para escolher os 21 deputados nacionais no PE, os eleitos do PCP que estiveram no hemiciclo da União Europeia nos últimos cinco anos prestaram contas do trabalho que levaram a cabo. A iniciativa representa só por si uma marca distintiva face às demais forças políticas. Mas as diferenças na intervenção protagonizada pelos deputados comunistas não se ficam por aí.
Numa conferência de imprensa em que estiveram Miguel Viegas, João Pimenta Lopes, que substituiu Inês Zuber em 2016, e João Ferreira, coube a este último proceder ao balanço-síntese.
Para além de recensear quantitativamente o trabalho efectuado – 576 intervenções em sessão plenária; 4039 declarações de voto; 15 relatórios e 9 pareceres como relatores, 86 relatórios e 104 pareceres como relatores-sombra e 1262 perguntas às instituições da UE, mais do que todos os outros deputados portugueses juntos – João Ferreira enfatizou ainda outros dois aspectos do foro qualitativo.
O primeiro, é que a intervenção colectiva foi marcada pela «defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores e do País, para assegurar avanços e combater retrocessos, romper com o rumo de desigualdade, dependência e abdicação nacional e enfrentar a submissão ao Euro e as imposições e condicionalismos da União Europeia; para recuperar os instrumentos necessários à resolução dos problemas do povo e do País e ao seu desenvolvimento soberano e avançar na construção de uma alternativa patriótica e de esquerda».
Alternativa, precisou mais adiante o cabeça-de-lista da CDU às eleições para o PE, portadora de uma política de «desenvolvimento económico, progresso e justiça social, de afirmação da soberania e independência nacionais, assente nos valores de Abril e no cumprimento da Constituição da República Portuguesa», considerando os eleitos do PCP que «este é o melhor contributo que o povo português pode dar para a conquista de uma outra Europa dos trabalhadores e dos povos, de cooperação entre Estados soberanos e iguais em direitos».
Mais de mil deslocações
Um segundo aspecto ímpar na actividade dos deputados comunistas, é o facto de a intervenção em Estrasburgo e Bruxelas entrosar-se com «os problemas, as necessidades, os interesses e os anseios do povo. Um conhecimento da realidade apenas possível através do contacto regular e directo com os trabalhadores, as populações, com diversificadas áreas e sectores de actividade», continuou João Ferreira.
No total, foram mais de mil as deslocações realizadas pelos eleitos nas listas da CDU, «de Norte a Sul, dos Açores à Madeira». Daqui, insistiu o primeiro candidato da coligação PCP-PEV às eleições agendadas para 26 de Maio, decorreu «uma intervenção que se traduziu em propostas concretas», entre muitos exemplos, no domínio dos direitos sociais e laborais e dos serviços públicos; no combate a todas as formas de pobreza, exclusão, discriminação e desigualdade; na defesa do aparelho produtivo, das potencialidades e recursos nacionais em diversos sectores; por medidas de apoio às populações afectadas por catástrofes naturais e por mais fundos estruturais para o País; contra a chantagem e a ameaça de sanções a Portugal, o apoio aos países intervencionados pela troika e pela renegociação das dívidas da periferia; no combate à fraude e evasão fiscal e pela recuperação dos deputados de Portugal perdidos com sucessivos alargamentos da UE.
Questionado pela Lusa sobre se existe alguma matéria a respeito da qual poderiam ter feito mais, João Ferreira garantiu que todos os compromissos eleitorais assumidos há cinco anos, e mais o que foi colocado por novas situações e desenvolvimentos, foi rigorosamente cumprido. Assegurou, também, que «estamos confiantes de que, no futuro, possa ser feito mais com um reforço da presença da CDU no PE».