João Ferreira em jornada no Algarve prossegue campanha de esclarecimento de massas
ELEIÇÕES Se a CDU tem sido determinante nos avanços alcançados em Portugal e na defesa dos interesses dos trabalhadores e do País face à UE, é justo que o povo o reconheça no voto, insistiu João Ferreira, no Algarve.
É preciso avançar! Não ficar parado e muito menos retroceder
O primeiro candidato da coligação PCP-PEV esteve durante todo o dia de sábado, 16, no distrito mais a sul de Portugal continental. Horas depois de a CDU ter apresentado o conjunto de candidatos ao Parlamento Europeu (ver páginas 5, 6 e 7), João Ferreira, sempre acompanhado por Rui Ribeiro, algarvio que também integra a referida lista, iniciou com esta jornada uma campanha que se pretende de esclarecimento de massas.
O cabeça-de-lista da CDU foi por isso o primeiro a dar o exemplo. E diga-se em abono da verdade, o mesmo fizeram Rui Ribeiro, que o acompanha na corrida eleitoral de 26 de Maio, e as dezenas de activistas que marcaram presença em Olhão, de manhã, e em Vila Real de Santo António, à tarde.
João Ferreira toma a dianteira. Aborda quem veio para a iniciativa, mas convida a ficar aqueles que passam e se deixam cativar, pelas palavras que são como sementes de esclarecimento e acção ou pelo colorido das bandeiras com a foice e o martelo e o girassol.
O eleito do PCP no PE avança para o diálogo sem esforço, prova evidente de que a força da razão e um trabalho exemplar como o realizado no euro-hemiciclo dão uma tranquilidade e são quanto basta para contactar, de cara levantada, o povo. O que não é para todos, ou, se quisermos, pelo historial das intervenções ocorridas nos últimos cinco anos no PE, pelo seu conteúdo, sobretudo, mas também pela quantidade, é na verdade um à vontade de que se podem gabar somente os três deputados comunistas.
A CDU vai por isso para a rua falar claro. Mas também ouvir, para registar e depois, onde quer que tenha eleitos, fazer eco dessa auscultação e das justas aspirações transmitidas.
Foi precisamente assim que começou o périplo de João Ferreira pelo Algarve. Manhã cedo, em Olhão, junto à foz da Ria Formosa.
No jardim que confina com a marginal olhanense, mariscadores e viveiristas, muitos com as mãos calejadas e a pele curtida por décadas de trabalho, mas outros, mais novos, que naquela actividade encontraram o ganha-pão, foram convidados a dar o seu testemunho. Mais de um punhado deles relataram dificuldades colocadas para prosseguirem o respectivo labor: ao nível do licenciamento e dos meios exigidos, da classificação das zonas de produção e da poluição que ameaça acabar com uma história de gerações.
Obstáculos só compreensíveis pela vontade, velada mas ainda assim aparentemente indiscutível, de expulsar da Ria aqueles que nela criam riqueza, acusaram.
Intervindo a abrir e a fechar a conversa com mariscadores e viveiristas, João Ferreira deu nota do combate levado ao PE em defesa da pequena produção e do riquíssimo património da Formosa. Uma luta estribada em anteriores encontros, frisou, e que entre outras questões procurou a concretização de soluções e a mobilização de fundos, os quais, precisou, permitam atacar problemas como a correcta renovação das massas de água, a valorização e projecção de um produto de excelência como é a ameijoa, ou a garantia de que aqueles que sempre ali trabalharam recebam a justa retribuição e não são arredados da Ria, para dar lugar a meia dúzia de grandes grupos económicos ávidos de depredarem as sua potencialidades produtivas e turísticas.
Avançar, avançar
Do Jardim Patrão Joaquim Lopes, a comitiva da CDU partiu para novo contacto popular, poucos metros mais adiante, no Mercado de Olhão. No fim, embalado pela simpatia e o reconhecimento registados, João Ferreira dirigiu algumas palavras a partir de um palco instalado na calçada. E tal como à tarde haveria de fazer em Vila Real de Santo António, num comício de rua antecedido de uma arruada pelo centro da cidade raiana, o primeiro candidato da CDU foi contundente na apresentação das questões centrais que estão colocadas nas batalhas eleitorais deste ano – primeiro para o PE, já a 26 de Maio, e posteriormente, a 6 de Outubro, nas legislativas.
Em Vila Real de Santo António, Rui Ribeiro, que como aqui já se disse integra a lista de candidatos da CDU ao PE, foi incisivo quanto aos aspectos distintivos que devem motivar os algarvios a confiar nas forças da CDU. Ou não tivessem sido os eleitos pelo PCP e pelo PEV quem, em Estrasburgo e Bruxelas como na Assembleia da República (AR), tudo fizeram para que se resolvessem problemas como as portagens na A25, a requalificação e modernização da Linha do Algarve, a construção de um novo hospital para o Algarve e outros investimentos em infra-estruturas, serviços públicos e funções sociais do Estado, ou para a valorização de produtos autóctones como o medronho, o pescado ou o figo-da-índia.
Em Olhão e, depois, em Vila Real de Santo António, João Ferreira estendeu as razões para votar CDU a todos aqueles que aspiram por melhores condições de vida num País próspero.
Uma primeira ideia é que Portugal não é um país pobre, mas um País empobrecido. Empobrecimento agravado sobremaneira pelo anterior governo PSD/CDS, que teria continuado a sua obra destruidora (para a qual tinha já planos, designadamente para manter definitivos cortes que dizia serem temporários, para acabar com o que restava dos dos serviços e funções sociais do Estado e do património empresarial público, lembrou João Ferreira), não fosse, logo na noite das eleições de 4 de Outubro de 2015, o PCP, que afirmou que o então governo Passos/Portas tinha sido derrotado e só não seria substituído se o PS não quisesse.
Mas se o PCP teve um papel determinante no afastamento de PSD e CDS, os comunistas e os seus aliados na CDU não têm tido um papel menos determinante nas conquistas e reposições de direitos e rendimentos alcançados nestes últimos anos. Com efeito, recordou João Ferreira, não há medida favorável aos trabalhadores e ao povo que não tenha resultado da iniciativa ou não tenha sido influenciada decisivamente pelo PCP e pelo PEV. E só não se foi mais longe porque em questões de relevo que obrigaram ao confronto com as imposições da UE, PS juntou «os trapinhos» a PSD e CDS, prosseguiu.
«Nesta fase da vida política nacional, passámos a discutir quanto se repunha e não quanto se cortava». Contudo, estamos «muito aquém do que é possível e necessário para dar resposta aos problemas do País e elevar as condições de vida da maioria dos portugueses», afirmou ainda João Ferreira que, dando disso vários exemplos, mais do que uma vez, em Olhão e em Vila Real de Santo António, sublinhou que «é preciso avançar. Avançar, avançar, não ficar parado e muito menos retroceder».
Para avançar, esclareceu, «não se pode esperar que apostando nos mesmos protagonistas e políticas, tenhamos um resultado diferente». Ou seja, o desafio que está colocado e que em bom rigor está nas mãos do povo, é saber se passam incólumes nas urnas os responsáveis pelo prolongamento dos baixos salários e da precariedade, pelo definhamento da indústria, da agricultura e das pescas com reflexo na acumulação de défices nacionais, pelo desaproveitamento das potencialidades produtivas; se continuam sem a devida penalização o PS, PSD e CDS, que reiteradamente «despejam dinheiro na banca privada enquanto dizem que não há dinheiro para aumentar salários e pensões de reforma ou o investimento público», que «aprovaram todas as medidas de pressão, chantagem e ameaça da UE sobre Portugal» e chumbaram aquelas que as visavam sacudir. Ou se, pelo contrário, se reforça a CDU, desafiou.
As forças da CDU, a quem se deve «tudo o que de positivo se alcançou em Portugal e face à UE», que nunca faltaram com propostas, na AR e no PE, na defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo.
«Não fazem falta mais deputados que defendam em Portugal a UE, mas terem mais força aqueles que defendam na UE o nosso País, que põem os interesses dos trabalhadores e do povo à frente de quaisquer outros», concluiu João Ferreira.