Afinal não
Quinze dias depois de o mundo ter sido literalmente massacrado com a «notícia» de que as forças afectas ao «ditador» Maduro tinham queimado um camião de «ajuda humanitária», eis que um vídeo divulgado pelo jornal The New York Times vem desmentir a tão insistente acusação.
O que as imagens mostram é que o incêndio foi provocado «acidentalmente» por um opositor do governo bolivariano que, do lado da Colômbia, lançou um cocktail Molotov contra os militares venezuelanos que a 23 de Fevereiro barravam o acesso à Venezuela.
Outras fontes haviam já divulgado imagens que mostravam isso mesmo, mas foram ignoradas. Não tinham uma chancela tão idónea como o NYT... ou assim se pretendeu fazer crer. Idóneas eram as imagens difundidas pelo governo da Colômbia, acusando a Venezuela de queimar «bens essensiais», e que afinal, como revela agora o jornal nova iorquino, sofreram um corte de vários minutos. Muito conveniente, sobretudo tendo em conta que a reconstituição cronológica do incêndio do camião agora feita pelo NYT torna insustentável as acusações a Maduro e ao seu governo, apresentados como encarnação do mal. Recorde-se, a propósito, que o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, escreveu que enquanto os «capangas» de Maduro «matavam civis» e «queimavam comida e medicamentos», o «tirano de Caracas dançava». Afinal não.
Mas a demonização do presidente venezuelano está (e continua a ser) feita. A reposição da verdade não teve a mesma dimensão da propagação da mentira. E houve mesmo quem a aproveitasse para justificar a cegueira de papagear o que dita a desinformação do império: «Por até fazer sentido (...) a narrativa não custou a ser encarada como verdade», escreveu o JN. Pois, se o lobo é mau, o que é que se pode esperar, não é?