Bouteflika não se recandidata e adia eleição presidencial

ARGÉLIA O presidente Abdelaziz Bouteflika declara não se candidatar a um novo e quinto mandato e adiou a eleição presidencial e nomeou um novo primeiro-ministro. A decisão segue-se a 15 dias de manifestações.

Nouredine Bedoui designado novo primeiro-ministro da Argélia

Regressado a Argel no domingo, 10, depois de duas semanas em tratamento médico, em Genebra, o presidente Abdelaziz Bouteflika anunciou no dia seguinte que não se recandidata a um quinto mandato e que a eleição presidencial, marcada para 18 de Abril, foi adiada.

A retirada da candidatura era uma exigência dos manifestantes, sobretudo jovens, que desde os finais do mês passado protestaram nas ruas da capital argelina, pedindo mudanças na situação do país, marcada pelo desemprego entre a juventude, dificuldades económicas (com a queda dos preços do petróleo) e casos de corrupção.

Numa mensagem ao povo argelino, através da agência APS, Bouteflika, de 82 anos, presidente há duas décadas, anunciou, a par da sua renúncia à recandidatura, que pretende convocar uma conferência nacional inclusiva e independente e formar um novo governo. Propôs construir uma nova República que ficará «nas mãos das novas gerações», garantindo a participação dos jovens e das mulheres.

A concretizar-se a proposta, a conferência nacional terá como prioridade elaborar uma nova Constituição, a referendar pelos cidadãos, antes da realização da eleição presidencial, até ao final de 2019.

Desde já, o primeiro-ministro, Ahmed Ouyahia, apresentou a sua demissão. Para o substituir foi nomeado Nouredine Bedoui, até agora ministro do Interior, que formará um novo governo. Foi criado o cargo de vice-primeiro-ministro, que será ocupado por Ramtane Lamamra, político com experiência na pasta dos Negócios Estrangeiros e em organismos internacionais, incluindo a ONU e a União Africana.

O jornal El Moudjahid noticiou, entretanto, que o presidente Bouteflika recebeu o vice-ministro da Defesa e chefe do estado-maior do Exército, tenente-general Ahmed Salah, que lhe apresentou «um relatório sobre a segurança nacional».

No plano internacional, tanto a França como os Estados Unidos da América confirmaram que apoiam uma «abertura política» da Argélia.




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