Luta e negociação com resultados no sector dos transportes

SALÁRIOS Os tra­ba­lha­dores, or­ga­ni­zados nossin­di­catos da Fec­trans/​CGTP-IN, con­se­guiram acordos sa­la­riais na Carris e na Metro Trans­portes do Sul. A luta con­tinua ou pers­pec­tiva-se nou­tras em­presas.

Mesmo in­su­fi­ci­entes, os avanços são es­tí­mulo para novas lutas

«Numa em­presa que nem se­quer tem con­tra­tação co­lec­tiva», como é o caso da Metro Trans­portes do Sul (con­ces­si­o­nária do metro li­geiro de su­per­fície na Margem Sul), o Sin­di­cato Na­ci­onal dos Tra­ba­lha­dores do Sector Fer­ro­viário re­alçou a im­por­tância de ter sido pos­sível va­lo­rizar as con­di­ções sa­la­riais, em ne­go­ci­a­ções com a ad­mi­nis­tração, onde «pro­cu­rámos dar ex­pressão à re­colha de opi­niões» nos lo­cais de tra­balho.
O acordo, como re­feriu o sin­di­cato num co­mu­ni­cado de dia 6, prevê um au­mento de 20 euros para todos os tra­ba­lha­dores e um acrés­cimo de 1,5 por cento nas cláu­sulas de ex­pressão pe­cu­niária (sub­sí­dios de re­feição, trans­porte e con­dução e abono de fa­lhas). Não foi aceite a pro­posta da em­presa sobre abonos va­riá­veis, que abar­cava apenas tra­balho noc­turno e ex­tra­or­di­nário (o sin­di­cato de­fende a in­clusão do abono de fa­lhas e dos pré­mios de con­dução e dis­po­ni­bi­li­dade) e que «es­quece o pas­sado», pois ad­mitia pagar 2018, dei­xando para trás os anos an­te­ri­ores. Ao de­fender o pa­ga­mento do total da dí­vida aos tra­ba­lha­dores, o sin­di­cato lem­brou que «já foram con­de­nadas ou­tras em­presas sobre esta ma­téria».
O sin­di­cato su­blinha que «após mais esta ne­go­ci­ação, ganha mais força a ne­ces­si­dade de um Acordo de Em­presa, como por exemplo, têm os tra­ba­lha­dores da Pro­metro (Metro do Porto), também do Grupo Bar­ra­queiro, pelo que faz sen­tido que os tra­ba­lha­dores se mo­bi­lizem e lutem por este ob­jec­tivo».

Um acordo sa­la­rial para 2019 foi al­can­çado na Carris pela Fec­trans e o Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores dos Trans­portes Ro­do­viá­rios e Ur­banos (STRUP) e as­si­nado na se­gunda-feira, dia 11, pre­vendo um au­mento sa­la­rial de 20 euros para todos, in­cluindo os tra­ba­lha­dores em con­trato de ce­dência na Car­risbus.
Ficou cla­ri­fi­cado o con­ceito de dias úteis de fé­rias para o pes­soal com folgas ro­ta­tivas e ficou de­fi­nida uma va­lo­ri­zação e re­for­mu­lação das anui­dades até 2021.
Este «pro­to­colo de en­ten­di­mento» irá in­te­grar o texto final do Acordo de Em­presa, após a con­clusão do pro­cesso de re­visão das ma­té­rias de na­tu­reza não pe­cu­niária.
«Es­pe­ramos que che­guem ao fim as dis­cri­mi­na­ções que se fi­zeram sentir nos úl­timos meses», afirma a fe­de­ração, no co­mu­ni­cado que di­vulgou dia 11, as­se­gu­rando que, no âm­bito da re­visão, em curso, do Re­gu­la­mento de Car­reiras Pro­fis­si­o­nais, pro­cu­rará que «também aqui possam ser en­con­tradas so­lu­ções que per­mitam sal­va­guardar os in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, no­me­a­da­mente o des­blo­queio da evo­lução pro­fis­si­onal».

Na Trans­portes Sul do Tejo, os tra­ba­lha­dores ad­mi­tiram no dia 8, em ple­nário, avançar com greves de 48 horas em cada mês, caso a ad­mi­nis­tração da em­presa, do grupo mul­ti­na­ci­onal alemão Ar­riva, não res­ponda à pro­posta rei­vin­di­ca­tiva agora apro­vada.
Foi apli­cada uma ac­tu­a­li­zação sa­la­rial por acto de gestão, de­pois de a ad­mi­nis­tração ter rom­pido as ne­go­ci­a­ções. Os va­lores são con­si­de­rados in­su­fi­ci­entes pelos tra­ba­lha­dores, que aguardam pela po­sição pa­tronal até dia 25. O STRUP ad­mite que, con­fir­mando-se a ne­ces­si­dade de con­vocar greve, o pré-aviso seja apre­sen­tado logo no dia se­guinte, para 13 e 14 de Março.

Os tra­ba­lha­dores do ser­viço co­mer­cial da So­flusa vol­taram a fazer greve nos dias 28 de Ja­neiro e 4 de Fe­ve­reiro, com ele­vada adesão e pro­vo­cando o en­cer­ra­mento das bi­lhe­teiras. A Fec­trans apelou à ad­mi­nis­tração para, na ne­go­ci­ação e abor­dando cada uma das rei­vin­di­ca­ções (or­ga­ni­zação do ser­viço, for­mação pro­fis­si­onal, car­reiras pro­fis­si­o­nais e falta de pes­soal), apre­sentar pro­postas que per­mitam um acordo.

 

Ga­nhos no Grupo Tejo

«Se não fosse a luta, tudo es­taria igual e a em­presa não che­garia onde chegou», sa­li­entou o STRUP, num co­mu­ni­cado aos tra­ba­lha­dores das em­presas do Grupo Tejo (Ro­do­viária do Tejo, Ro­do­viária do Oeste e Ro­do­viária do Lis), a dar conta dos re­sul­tados da úl­tima reu­nião com o pre­si­dente da ad­mi­nis­tração, a 31 de Ja­neiro.
Este apre­sentou, como «úl­tima pro­posta», 650,00 euros de sa­lário, mas apenas para os mo­to­ristas oriundos do AE e só a partir de 1 de Julho. O sin­di­cato re­cusou que fossem dis­cri­mi­nados os de­mais tra­ba­lha­dores, de­fen­dendo uma va­lo­ri­zação sa­la­rial para todos e nas con­di­ções se­me­lhantes ao que tem sido ob­tido nou­tras em­presas do sector.
Nessa se­mana, como re­feriu à agência Lusa um di­ri­gente do sin­di­cato, «mais duas em­presas au­men­taram o sa­lário-base dos mo­to­ristas para 690 euros». Em de­cla­ra­ções no pri­meiro de dois dias de greve (4 e 5 de Fe­ve­reiro), Ma­nuel Cas­telão con­denou o facto de a em­presa ter de­cla­rado pu­bli­ca­mente, no dia se­guinte à reu­nião, que os mo­to­ristas já re­cebem, em média, uma re­mu­ne­ração bruta mensal su­pe­rior a 1380 euros, quando estes tra­ba­lha­dores au­ferem «700 ou 800 euros, já com horas ex­tra­or­di­ná­rias».
A Fec­trans afirmou mesmo, no dia 4, que os tra­ba­lha­dores e o sin­di­cato «estão dis­postos a parar a greve e a as­sinar um acordo, se a ad­mi­nis­tração ga­rantir, por es­crito, os va­lores que di­vulgou».
Como re­sul­tados da luta re­a­li­zada nos úl­timos meses, o STRUP re­feriu a al­te­ração da po­sição pa­tronal quanto a au­mentos sa­la­riais, horas de in­ter­valo para re­feição, eli­mi­nação do «banco» de horas, va­lores de ajudas de custo no es­tran­geiro e custos de for­mação e taxas.
O sin­di­cato ga­rante que «a luta vai con­ti­nuar, até que nos va­lo­rizem, no mí­nimo, com va­lores idên­ticos aos pra­ti­cados em muitas em­presas deste sector». Nos ple­ná­rios re­a­li­zados du­rante o fim-de-se­mana que an­te­cedeu a greve foi ad­mi­tido avançar com duas se­manas de greves, após o Car­naval.

 



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