«Ajuda humanitária» dos EUA esconde agressão à Venezuela
CAMPANHA O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou a campanha mediática contra o seu país e as manobras dos EUA para justificar uma intervenção militar a pretexto de «crise humanitária».
O presidente Nicolás Maduro condenou as agressões orquestradas por Washington contra a Venezuela, entre elas o bloqueio económico, a difusão de notícias falsas, a ameaça de acções militares e a preparação de um golpe de Estado com o apoio da extrema-direita.
«Por que razão a Venezuela é tão interessante para os EUA e o Ocidente? Se nós produzíssemos batatas, salsa ou maçãs, talvez não existíssemos no mapa geopolítico. Mas somos a primeira reserva petrolífera do mundo, a quarta de gás e estamos a certificar-nos como uma das maiores de ouro», declarou o dirigente venezuelano à rádio-televisão britânica BBC.
«Hoje presidimos à Organização de Países Exportadores de Petróleo e por isso acham importante lançar contra nós ataques de todo o tipo, encurralar-nos para depois provocar um desenlace como o do Iraque e da Líbia», afirmou Maduro. O líder venezuelano criticou o papel de meios como a CNN e a BBC na divulgação de mentiras sobre a Venezuela, como parte do guião estabelecido para justificar uma agressão. Não obstante, assegurou que o seu país enfrentará todos os obstáculos que surjam e vencerá com a verdade as campanhas de mentira.
«O Ocidente manipula a situação real para favorecer uma agressão contra a Venezuela. Os EUA pretendem montar uma crise humanitária para justificar uma intervenção militar», denunciou. E mais: «Temos o império mais poderoso do mundo a congelar todas as nossas contas e os nossos activos no exterior, perseguindo cada barco que vem com produtos. Claro que isso trouxe um desajuste importante, mas vamos superá-lo».
O envio de «ajuda humanitária» através da fronteira da Colômbia constitui «um show mediático visando construir um cenário de crise para justificar uma agressão militar», reafirmou noutra ocasião o presidente Nicolás Maduro. Falando aos jornalistas no Palácio Miraflores, exigiu o fim do bloqueio económico e da agressão financeira contra a Venezuela. E realçou que os alegados planos de «assistência» pretendem encobrir o roubo pelos EUA dos recursos venezuelanos.
Maduro asseverou que serão tomadas medidas face a um cenário em que a denominada «ajuda humanitária» entre no território da Venezuela sem consentimento do governo constitucional. Calcula-se que o bloqueio económico dos EUA contra a Venezuela tenha custado até agora 35 mil milhões de dólares.
Montevideo propõe diálogo
A Venezuela apoia os passos definidos pelo Mecanismo de Montevideo para abrir caminho ao diálogo, anunciou Nicolás Maduro. O mecanismo foi proposto por Uruguai e México, com o apoio da Caricom, a comunidade dos países das Caraíbas.
«Foi definido um mecanismo diplomático para o diálogo baseado no respeito», que contempla quatro etapas – diálogo, negociação, compromissos e implementação dos termos do que se acordar, pormenorizou.
Ao mesmo tempo, o presidente Maduro rejeitou o texto apresentado no dia 7 na capital uruguaia pelo grupo de contacto da União Europeia, classificando-o como parcial. No entanto, disse estar disposto e «pronto para receber qualquer enviado da UE, para que escute a posição da Venezuela».