Nicolás Maduro propõe «diálogo sem ingerências»
DIÁLOGO O governo da Venezuela mantém o apelo ao diálogo para a reconciliação nacional e o entendimento sobre a situação no país, reafirmou o presidente da República Bolivariana, Nicolás Maduro.
«Dizemos sim ao diálogo, ao entendimento, à reconciliação»
Durante um encontro com intelectuais, em Caracas, o presidente da Venezuela voltou a apelar à oposição para dialogar, ao mesmo tempo que rejeitou a política do Grupo de Lima dos EUA e de governos para fomentar um golpe de Estado. «Em nome dos povos, dizemos sim ao diálogo, ao entendimento, à reconciliação e aos acordos nacionais», insistiu Maduro, para quem «os planos golpistas fazem parte de uma fórmula agressiva e violenta que viola os princípios fundamentais de convivência entre os povos».
Na iniciativa «Somos Venezuela Democracia e Paz», na segunda-feira, 4, que reuniu intelectuais latino-americanos, o presidente Maduro enfatizou que «a independência venezuelana não nos foi oferecida e ninguém a decretou, ganhámo-la a pulso, com sangue, suor e lágrimas, com o esforço de milhares de homens e mulheres». Denunciou uma vez mais as continuadas ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, para quem a intervenção militar é uma opção contra a Venezuela.
Diálogo sem ingerências
Falando no sábado, 2, em Caracas, na gigantesca manifestação popular comemorativa dos 20 anos da Revolução Bolivariana, Maduro apoiou a proposta da Assembleia Nacional Constituinte de antecipar para este ano as eleições legislativas, previstas para 2020, a fim de normalizar a situação do parlamento da Venezuela, a funcionar à margem das leis do país.
O dirigente instou a oposição a abandonar o caminho do intervencionismo, a deixar de apelar à guerra, a deixar de «apoiar um golpe de Estado que já fracassou» e exortou-a ao diálogo para dirimir as diferenças políticas sem ingerências externas.
Reunião em Montevideo
O Uruguai acolhe hoje, quinta-feira, 7, em Montevideo, a reunião do Grupo Internacional de Contacto sobre a Venezuela, segundo uma declaração assinada pelo presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, e pela representante da UE para Assuntos Exteriores, Federica Mogherini.
O grupo inclui oito estados membros da UE (França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Portugal, Espanha, Suécia e Reino Unido) e países da América Latina (Bolívia, Costa Rica, Equador, México e Uruguai). A Rússia, a China e a Turquia pediram para assistir à conferência internacional de Montevideo para «promover o diálogo na Venezuela». Também a Noruega e a Suíça pretendem participar e «apostar na diplomacia»
PCP condena «reconhecimento» pelo Governo português
O PCP condenou o «reconhecimento» e o apoio anunciados pelo Governo do PS, com o apoio do PSD e CDS, ao «presidente interino» fantoche nomeado pela Administração Trump para a Venezuela, que contou com o apoio imediato de Bolsonaro «numa intolerável afronta à soberania e independência da República Bolivariana da Venezuela, ao povo venezuelano, à Carta das Nações Unidas e ao Direito Internacional».
«Desrespeitando a Constituição da República Portuguesa e ao arrepio dos interesses do País e do povo português, o Governo PS opta pelo apoio aberto à operação golpista contra a Venezuela, tornando-se assim co-responsável pela actual escalada de agressão levada a cabo pelos EUA, apoiada pela UE, e pelas suas graves e perigosas consequências para o povo venezuelano e a comunidade portuguesa que vive naquele país», lê-se numa nota do Gabinete de Imprensa do PCP, divulgada na terça-feira, 4, e intitulada «PCP condena “reconhecimento” pelo Governo português do auto-proclamado “presidente interino” da Venezuela nomeado pela Administração Trump».
O PCP «considera de extraordinária gravidade tal posição de seguidismo com a acção de ingerência contra a Venezuela, alinhada com os sectores mais agressivos, golpistas e reaccionários, responsáveis por outras agressões, como contra o Iraque, a Líbia ou a Síria».
O PCP reitera que «não é com o alinhamento com aqueles que são responsáveis por tentativas de golpes de Estado, violência e terrorismo, sanções e bloqueio económico, confiscação ilegal de bens e recursos financeiros da Venezuela ou por provocações junto à sua fronteira a coberto de uma dita “ajuda humanitária”, assim como com a ameaça de intervenção militar reafirmada por Trump, que se defenderão os interesses do povo venezuelano e do povo português, incluindo da comunidade portuguesa naquele país».
«A única posição consentânea com a defesa da paz, dos interesses e aspirações do povo venezuelano é o respeito do seu direito a decidir, sem ingerências externas, o seu futuro», reafirma o PCP.
Partidos solidários
Por iniciativa do PCP, partidos de países integrantes da União Europeia tomaram posição exigindo o «fim da ingerência e agressão contra a Venezuela» e manifestando «solidariedade com a Revolução Bolivariana e o povo venezuelano»:
«Condenamos firmemente a escalada de ingerência e chantagem da União Europeia contra a República Bolivariana da Venezuela, alinhada e concertada com a operação golpista de “auto-proclamação” de um presidente fantoche, orquestrada e comandada pela administração Trump que, em arrogante violação do Direito Internacional, procura derrubar o legítimo presidente, Nicolás Maduro, eleito pelo voto popular, e subverter a ordem constitucional venezuelana.
Rejeitamos a inadmissível declaração da União Europeia onde ameaça reconhecer um “presidente” criado pelos EUA, na senda da sua conivência com o golpe de Estado de 2002, o boicote, a acção terrorista, o bloqueio económico, financeiro, político e diplomático e o confisco ilegal de bens e recursos financeiros, que estão na base dos problemas da economia da Venezuela e das dificuldades sentidas pelo seu povo.
Repudiamos a escalada de agressão contra a Venezuela levada a cabo pelos EUA, a UE e governos do chamado “Grupo de Lima”, que agride a soberania e os direitos da Venezuela e do povo venezuelano e visa colocar a saque os seus imensos recursos, como o petróleo.
Exigimos o fim da ingerência e da agressão contra a República Bolivariana da Venezuela e o respeito pela sua soberania e independência!
Apelamos à solidariedade com a Revolução Bolivariana e o povo venezuelano!».
Subscrevem esta posição: Partido Comunista Alemão; Partido Comunista da Bélgica; AKEL (Chipre); Partido Comunista da Boémia e Morávia; Partido Comunista na Dinamarca, Partido Comunista de Espanha, Partido Comunista dos Povos de Espanha; Comunistas da Catalunha; Bloco Nacionalista Galego; União do Povo Galego; Partido Comunista da Finlândia; Partido Comunista Francês; Partido Comunista da Grécia; Novo Partido Comunista da Holanda; Partido dos Trabalhadores da Hungria; Partido Comunista da Irlanda; Partido dos Trabalhadores da Irlanda; Partido Comunista Italiano; Partido da Refundação Comunista – Esquerda Europeia (Itália); Partido Comunista do Luxemburgo; Partido Comunista de Malta; Partido Comunista Português; Partido Comunista Britânico; Partido Comunista (Itália); Partido Comunista (Suíça); Partido do Trabalho da Áustria. Subscreveu também a posição o Partido dos Comunistas (do México).