Os assaltantes de gasolineiras do mundo
John Bolton, conselheiro da Segurança Nacional dos EUA, fez saber na segunda-feira que a Casa Branca agravará a asfixia económica da Venezuela, desta vez através da imposição de sanções contra a sua empresa petrolífera estatal, a PDVSA. Entre «congelamento» de activos e perdas em exportações, o castigo dos EUA deverá custar mais de 18 mil milhões de dólares ao povo venezuelano.
Em conferência de imprensa, Bolton explicou que os EUA só devolverão o dinheiro roubado quando o governo legítimo venezuelano, eleito em Maio com 67 por cento dos votos, for deposto e Juan Guaidó, auto-proclamado presidente que, recorde-se, não foi a votos, for o novo chefe do Estado. Se a Venezuela quiser voltar a ver o dinheiro, detalhou Bolton na novilíngua democrática, os militares e as forças de segurança da Venezuela devem «facilitar a transição».
Só um rabisco
de guerras e mortandades
Mas eis que horas depois dos assaltantes apresentarem as condições para a devolução do roubo, um fotógrafo mais atento chamou a atenção para um rabisco no caderno que, durante a conferência de extorsão, Bolton transportava. Ao melhor estilo dos filmes de Hollywood, em que os criminosos gostam de desvendar os seus planos maquiavélicos ao protagonista, lia-se no caderno de Bolton: «5000 tropas para a Colômbia». Contactada pelo Business Insider, a administração Trump não desmentiu o apontamento do conselheiro da Segurança Nacional e recordou que «todas as opções estão em cima da mesa». Descuido, ameaça ou vaidade? Tudo se deve esperar de imperialistas e de criminosos de filmes de Hollywood.
Há menos de um mês, numa visita às tropas ocupantes no Iraque, Donald Trump anunciou que «os EUA não podem continuar a ser os polícias do mundo». Só peca por tardia a conclusão do presidente; até porque, sejamos honestos, nunca foi essa a vocação do imperialismo. E ainda assim tenho para mim que o mundo não notaria qualquer diferença se, numa madrugada destas, Trump aditasse em Tweet que, de ora em diante, «os EUA passarão a ser unicamente os ladrões de gasolineiras do mundo».