Exigentes batalhas convocam todos ao combate pela política alternativa
VIDIGUEIRA Aliar a luta nas ruas e nas instituições às batalhas eleitorais, afirmando a necessidade da verdadeira alternativa, é o desafio que está colocado aos comunistas e aos seus aliados, frisou Jerónimo de Sousa este fim-de-semana.
Na primeira iniciativa política de 2019, sábado, 5, na Vidigueira, o Secretário-geral do PCP tocou a reunir, dirigindo-se aos militantes comunistas, aos aliados na CDU e a todos aqueles que reconhecem no Partido um papel determinante no travão colocado aos retrocessos impostos pelo então governo PSD/CDS, na reposição e conquista de direitos e rendimentos verificada desde o final de 2015, na conquista de uma verdadeira alternativa – patriótica e de esquerda, insistiu.
Perante a moldura humana que encheu o pavilhão multiusos da vila alentejana, Jerónimo de Sousa falou num «ano muito exigente» em que «é preciso combinar a nossa luta quotidiana de sempre no plano social, com a luta nas instituições contra a exploração do trabalho, o desemprego, os baixos salários, as baixas reformas, as desigualdades sociais e regionais, e, ao mesmo tempo, travar as importantes batalhas eleitorais, nomeadamente para o Parlamento Europeu, já em Maio, e depois para a Assembleia da República, em Outubro».
«Batalhas eleitorais que assumem uma particular importância na luta que travamos para garantir uma verdadeira alternativa política e uma política alternativa para o País - a política e a alternativa patriótica e de esquerda», precisou.
A encerrar o almoço-convívio (depois da intervenção de Rui Raposo, presidente da Câmara Municipal da Vidigueira, autarquia concelho de maioria CDU em todos os órgão autárquicos cuja obra Jerónimo de Sousa não deixou de acentuar como prova de que vale a pena confiar na CDU, o dirigente comunista asseverou que «num tempo em que o povo português será confrontado com opções decisivas quanto ao seu futuro», «partiremos para estes combates não iludindo dificuldades, mas com confiança».
O tónico anímico, explicou depois, assenta no facto de «esta grande força nacional» ter «estado, em todas as circunstâncias, sempre do lado certo na defesa dos interesses dos trabalhadores, do nosso povo e em defesa da soberania nacional».
Nesse sentido, o Secretário-geral do PCP salientou o papel decisivo do Partido «para conter o caminho de desastre nacional que estava em curso pela mão do governo PSD/CDS e que prometia prolongar-se com consequências ainda mais brutais para a vida dos portugueses», bem como a «contribuição decisiva», dada posteriormente, «para resolver problemas urgentes e inadiáveis, recuperar condições de vida e de trabalho, repor direitos e rendimentos dos trabalhadores e do povo».
«Mas o que é importante realçar», prosseguiu, «é que quando muitos julgavam perdidos para sempre direitos, pensões de reforma, salários e rendimentos, o PCP não desarmou».
É justo reconhecer
Mas se a confiança com que os comunistas e os seus aliados partem para o desafiante ano de 2019 se estriba na centralidade assumida pelo PCP nos avanços registados na nova fase da vida política nacional e na sua abertura, é igualmente rigoroso afirmar que os comunistas não alimentaram ilusões a respeito de «uma fase que sabíamos limitada e insuficiente para dar a resposta plena aos problemas nacionais».
«Na verdade, a formação do governo minoritário do PS não podia, como se verificou, ultrapassar os limites e constrangimentos que são inerentes às suas opções de classe e aos seus compromissos com o grande capital», insistiu.
Por isso, dando como exemplo o que foi alcançado ao longo da actual legislatura, Jerónimo de Sousa acentuou que «o que se avançou – é bom que os trabalhadores e o povo tenham disso consciência – foi porque o PS não tinha os votos para, sozinho, impor a política que sempre, ao longo de quatro décadas, fez sozinho ou com o PSD e o CDS».
Romper e avançar
Ora, se «não é possível continuar a iludir os problemas que não encontram resposta na política de direita», a qual, por sua vez, «não encontra resposta para a crescente fragilização e dependência» de um País «despojado de importantes instrumentos de soberania que o impedem de assegurar e definir soberanamente as políticas de desenvolvimento que servem o povo», e «não encontra resposta para a superação dos condicionamentos de uma dívida pública sufocante e insustentável», daí se conclui que «é preciso encetar outro caminho».
Detendo-se em pormenor em várias das dimensões e áreas nas quais é evidente a necessidade de «encetar um novo rumo com outra política», incluindo a concretização da regionalização como factor de combate às assimetrias territoriais, o Secretário-geral do Partido considerou ser «inquestionável que Portugal precisa de outras soluções. Precisa de seguir um caminho diferente, distinto daquele que o conduziu ao empobrecimento e ao atraso».
Esse novo rumo exige a concretização da política patriótica e de esquerda de que o PCP é portador», defendeu. E voltando a colocar o foco no mais recente período da vida nacional, extraiu lições que importa reter e tornar uma força material nas batalhas que se avizinham.
«A primeira conclusão é que as condições para o desenvolvimento do País são inseparáveis da elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo. Uma outra conclusão que podemos tirar é que o caminho verdadeiramente alternativo para resgatar o País da sua dependência e libertar recursos para o seu desenvolvimento é inseparável da ruptura com a política de direita que PS, PSD e CDS têm imposto ao País nos últimos anos».
«Mas ainda outra que também se tornou muito nítida e actual, é que a política e alternativa, patrióticas e de esquerda, indispensáveis para pôr o País a avançar, são inseparáveis para a sua concretização do reforço do PCP, articulado com a luta dos trabalhadores e a convergência de outros democratas e patriotas».
«É isso que se coloca como questão central e para a qual é preciso ampliar nos trabalhadores e no povo a consciência da importância decisiva de dar mais força ao PCP e à CDU», concluiu.