Estudantes em luta no Montijo

LUTA Os es­tu­dantes da EB D. Pedro Va­rela re­a­li­zaram uma acção de pro­testo, nos dias 29 e 30 de No­vembro, para exigir mais fun­ci­o­ná­rios e me­lhores con­di­ções.

Não acei­tamos a falta de in­ves­ti­mento

Se­gundo os es­tu­dantes do Mon­tijo, o plano de trans­fe­rência de en­cargos do Mi­nis­tério da Edu­cação para a Câ­mara Mu­ni­cipal é um «de­sastre». «Não acei­tamos a falta de in­ves­ti­mento e des­res­pon­sa­bi­li­zação do Go­verno da Re­pú­blica Por­tu­guesa, que levou ao en­cer­ra­mento do bar por falta de fun­ci­o­ná­rios», mas também «que chova nas salas de aula» e «pas­semos frio», sendo ainda «ina­cei­tável per­sis­tirem os te­lhados de ami­anto, muito pre­ju­di­ciais à saúde». Além do bar, está ainda fe­chada, tem­po­ra­ri­a­mente, a pa­pe­laria e di­versos ser­viços estão de­gra­dados, como o ser­viço da can­tina.

De­nun­ciado foi, igual­mente, «a carga po­li­cial sobre os es­tu­dantes» da­quela ins­ti­tuição, com o ob­jec­tivo de li­mitar «as nossas li­ber­dades de­mo­crá­ticas» e «o nosso di­reito cons­ti­tu­ci­onal de nos ma­ni­fes­tarmos».

A luta es­tu­dantes contou com a «pro­funda so­li­da­ri­e­dade» da JCP. «Não acei­tamos in­ge­rên­cias, proi­bi­ções, im­pe­di­mentos e força po­li­cial sobre as li­ber­dades de­mo­crá­ticas dos es­tu­dantes», re­ferem os jo­vens co­mu­nistas.

No pri­meiro dia dos pro­testos deu en­trada na As­sem­bleia da Re­pú­blica uma per­gunta, do PCP, di­ri­gida ao mi­nistro da Ad­mi­nis­tração In­terna. Se­gundo o do­cu­mento, os agentes da PSP, «num claro exer­cício de abuso de au­to­ri­dade» re­cor­reram «à vi­o­lência sobre os es­tu­dantes», com idades com­pre­en­didas entre os 10 e os 15 anos, «dei­xando mesmo al­guns deles com marcas vi­sí­veis no corpo, sendo que uma es­tu­dante chegou mesmo a ser as­sis­tida no local pelos bom­beiros». Exi­gindo o «apu­ra­mento de todas as res­pon­sa­bi­li­dades», o PCP con­si­dera a pos­tura da PSP «ina­cei­tável, com­ple­ta­mente des­pro­por­ci­onal e aten­ta­tória de di­reitos, li­ber­dades e ga­ran­tias cons­ti­tu­ci­o­nais destes jo­vens».

Pro­blemas que se ar­rastam
Também a Co­missão Con­ce­lhia do PCP saudou a luta dos es­tu­dantes. «A in­ter­mi­tência no fun­ci­o­na­mento do bar e de ou­tros ser­viços desta es­cola tem sido um

pro­blema que se ar­rasta há muito e que cria grande ins­ta­bi­li­dade às fa­mí­lias dos es­tu­dantes e pro­fundo trans­torno aos es­tu­dantes», afirmam os co­mu­nistas, aler­tando para o facto de a «falta de as­sis­tentes ope­ra­ci­o­nais» ser de «ex­trema gra­vi­dade, na gestão do dia a dia das es­colas», uma vez que «pre­ju­dica o normal fun­ci­o­na­mento de ser­viços».

«Este acon­te­ci­mento pre­ju­dica também os tra­ba­lha­dores que ficam so­bre­car­re­gados, vendo as suas ta­refas du­pli­cadas, numa pro­fissão que en­volve a res­pon­sa­bi­li­dade de cuidar e apoiar o cres­ci­mento das nossas cri­anças e jo­vens», acres­centa o PCP.

Alunos da An­tónio Ar­roio ma­ni­festam-se na AR

Na sexta-feira, 30, cen­tenas de alunos e pro­fes­sores da Es­cola Se­cun­dária An­tónio Ar­roio con­cen­traram-se frente à As­sem­bleia da Re­pú­blica (AR) em pro­testo por o es­ta­be­le­ci­mento de en­sino estar de­gra­dado e sem con­di­ções, e pelas obras pre­vistas es­tarem pa­radas. Para de­mons­trar a falta de con­di­ções da es­cola, os alunos al­mo­çaram sen­tados no chão, em frente à es­ca­daria prin­cipal do par­la­mento.

Os alunos da es­cola ar­tís­tica lis­boeta gritam pa­la­vras de ordem como «As­sem­bleia egoísta é a morte do ar­tista», «co­memos no chão graças à cor­rupção» ou «Ar­roio unida ja­mais será ven­cida». Se­gundo a as­so­ci­ação de es­tu­dantes, existem apenas sete micro-ondas para cerca de 1300 alunos e não há um re­fei­tório onde con­sigam sentar-se para comer.

Os alunos exi­biram também car­tazes, onde se lia «obras já» (onde a letra ‘o’ es­tava feita com um prato, garfo e faca), «1300 alunos, sete micro-ondas», «não vamos calar até a obra acabar», «não vamos ficar ca­lados», «mãos à obra» e «não vamos parar».

Rita Rato, de­pu­tada do PCP na AR marcou pre­sença na acção, em so­li­da­ri­e­dade com uma luta que já dura há quase uma dé­cada. À Lusa, a de­pu­tada co­mu­nista con­si­derou estar em causa «o fun­ci­o­na­mento normal da es­cola», que «con­tinua a fun­ci­onar sem re­fei­tório» e «não ga­rante con­di­ções mí­nimas», numa si­tu­ação que a seu ver é «ina­cei­tável».

Lem­brando que, «já por pro­posta do PCP, foi apro­vada a im­por­tância da con­clusão das obras», Rita Rato sa­li­entou que «não é por falta de pro­posta» que as obras não se con­cluem, mas sim «por falta de von­tade po­lí­tica e agi­li­zação de pro­cessos».

Ma­nuel Car­ga­leiro sem con­di­ções

Também a Es­cola Se­cun­dária Ma­nuel Car­ga­leiro, no con­celho do Seixal, sofre com a falta de in­ves­ti­mento por parte do Go­verno. «Os pro­blemas da es­cola não são poucos e não são de agora», ad­verte, em nota de im­prensa, a As­so­ci­ação de Es­tu­dantes (AE) da es­cola, re­fe­rindo exis­tência de te­lheiros com ami­anto, te­lhados de fi­bro­ci­mento e um ele­vado nú­mero de fun­ci­o­ná­rios com baixa-mé­dica, «o que obriga, muitas vezes, ao en­cer­ra­mento de muitos ser­viços da es­cola». Existem ainda pro­blemas ao nível de pin­tura e ra­chas, assim como nas ca­na­li­za­ções.

Acção em Braga

No dia 29, a JCP es­teve em con­tacto com os alunos das es­colas se­cun­dá­rias da ci­dade. Entre ou­tros pro­blemas, os es­tu­dantes alertam para o frio e chuva dentro das salas de aula e a falta de fun­ci­o­ná­rios. Na Es­cola Se­cun­dária D. Maria, por exemplo, para 1600 alunos existem sete fun­ci­o­ná­rios.

 



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