Pantominices orçamentais

Informação e desinformação convivem diariamente nos media dominantes. Quando se aproximam momentos como a entrega do Orçamento do Estado, a segunda tende a sobrepor-se à primeira, subvertendo a missão dos órgãos de comunicação social.

Tem sido assim nos últimos dias e semanas, de forma geral no sentido da desvalorização de todos os avanços inscritos no documento e alcançados com a luta, a persistência do PCP e, tantas vezes, contra a perspectiva que outros tinham: veja-se o aumento mínimo de dez euros nas pensões, que vai para o terceiro ano consecutivo.

Os mesmos comentadores que insistem em diminuir o alcance das medidas propostas pelo PCP não gastam uma palavra para explicar o que significa para o País um défice de 0,2% do PIB, os mais de 6,6 mil milhões de euros em juros previstos para 2019 ou a intenção do Governo em manter o modelo de Parcerias Público-Privado (PPP), com portas abertas ao prolongamento da concessão do comboio da ponte à Fertagus ou a construção do novo Hospital de Lisboa Oriental naquele modelo. Como não explicam que são estas opções do Governo do PS, de assumir constrangimentos externos e internos, que impedem que não se vá mais longe na concretização das soluções defendidas pelo PCP.

Juntam ainda contas enviesadas que não têm outra justificação que não seja a sanha por desvalorizar medidas – revelando ainda desconhecimento da realidade. Só assim se explicam as simulações do aumento para pensões acima dos 500 euros, quando quase metade não ultrapassa os 300 euros. E, nestas últimas, a medida conseguida permitiu mais 17 euros por mês face ao que teria acontecido sem os aumentos extraordinários.

Mas o ataque a certas medidas é também acompanhado por uma profunda mistificação em torno da paternidade das propostas. No caso do preço da electricidade, depois de o PCP se continuar a bater pela redução do IVA para 6% quando todos os outros já tinham desistido, a TVI chega a afirmar que «tomou como sua uma proposta» de um outro partido. Já quando se dá notícia do aumento das pensões não é dito que esse mesmo partido negociou com o PS, em 2015, o simples descongelamento.

José Gomes Ferreira, investido em comentador especialista em tudo, foi protagonista de outro momento que só serviu para baralhar e esconder a intervenção determinante que o PCP tem protagonizado nesta legislatura. A propósito das limitações que o PS impôs às medidas que visam reduzir o preço da energia, não só desvalorizou a proposta de redução do IVA como atribuiu ao Governo o mérito pela manutenção das tarifas reguladas. Não percamos tempo com a ironia de ver um dos maiores partidários das liberalizações a defender a regulação, mas se Gomes Ferreira tem razão nessa parte, mentiu ao atribuir a responsabilidade ao Governo: foi por iniciativa do PCP que não só foram mantidas as tarifas reguladas na electricidade como passou a ser possível fazer novos contratos abrangidos por estas. Afinal, quem tem medo do PCP?




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