Aliança unida na África do Sul

Carlos Lopes Pereira

É im­por­tante que a tripla ali­ança pro­gres­sista que apoia a go­ver­nação da África do Sul há 24 anos con­corra unida às elei­ções ge­rais do pró­ximo ano. Este o apelo do pre­si­dente da Re­pú­blica da África do Sul e do ANC, Cyril Ra­maphosa, na sessão de aber­tura do 13.º Con­gresso dos Sin­di­catos Sul-afri­canos (CO­SATU), que de­correu de 17 a 20 deste mês, em Jo­a­nes­burgo.

Evi­den­ci­ando a im­por­tância do en­contro, Ra­maphosa as­sistiu à inau­gu­ração dos tra­ba­lhos à frente de uma de­le­gação de mais de 20 di­ri­gentes do Con­gresso Na­ci­onal Afri­cano (ANC), entre os quais o vice-pre­si­dente David Ma­busa, o co­or­de­nador na­ci­onal Gwede Man­tashe, o te­sou­reiro Paul Masha­tile, o se­cre­tário-geral Ace Ma­gashule e a vice-se­cre­tária-geral Jessie Du­arte.

O pre­si­dente, se­gundo a Prensa La­tina, ad­vertiu o seu pró­prio mo­vi­mento, o ANC, e os seus ali­ados da CO­SATU e do Par­tido Co­mu­nista Sul-Afri­cano, que uma par­ti­ci­pação se­pa­rada dessas or­ga­ni­za­ções nas elei­ções de 2019 po­deria di­vidir o país. «Neste mo­mento, de­vemos con­cen­trar os nossos es­forços nas elei­ções», afirmou.

A CO­SATU, criada ainda du­rante a luta contra o apartheid, conta com mais de dois mi­lhões de mem­bros, per­ten­centes a 33 sin­di­catos. Esta sua reu­nião magna de­correu sob o lema «Apro­fundar o re­gresso à cam­panha bá­sica, Con­so­lidar a Re­vo­lução De­mo­crá­tica Na­ci­onal e Avançar na luta pelo so­ci­a­lismo». No final, Zin­giswa Losi foi eleita pre­si­dente, tor­nando-se a pri­meira mu­lher a di­rigir a po­de­rosa cen­tral sin­dical.

Na de­cla­ração final, o Con­gresso exigiu ao poder a con­cre­ti­zação de um pro­grama de acção ra­dical que per­mita sa­tis­fazer as le­gí­timas exi­gên­cias dos tra­ba­lha­dores e con­quistar o apoio das co­mu­ni­dades a esses es­forços. Pro­grama ba­seado em quatro pontos: abo­lição do «apartheid nas es­tru­turas sa­la­riais» de modo a que os tra­ba­lha­dores con­sigam ren­di­mentos que lhes per­mitam viver; trans­for­ma­ções so­ciais e eco­nó­micas que as­se­gurem a par­tilha das ri­quezas do país com o povo; for­ta­le­ci­mento dos sin­di­catos, «a menos que os tra­ba­lha­dores queiram morrer de fome»; e avanço da se­gunda fase da re­vo­lução de­mo­crá­tica na­ci­onal.

O do­cu­mento as­si­nala que o Con­gresso teve lugar num mo­mento de di­fi­cul­dades eco­nó­micas glo­bais e de grandes de­sa­fios na­ci­o­nais que agra­varam os três de­sa­fios mai­ores da África do Sul: po­breza, de­sem­prego e de­si­gual­dade. In­siste que os tra­ba­lha­dores estão can­sados das pro­messas in­cum­pridas e exigem mu­danças nas suas con­di­ções sócio-eco­nó­micas e a cons­trução de um Es­tado que in­ter­venha de­ci­si­va­mente nos sec­tores es­tra­té­gicos. E pede a abo­lição das es­tru­turas de sa­lá­rios, a cri­ação de fortes ins­ti­tui­ções co­lec­tivas para ne­go­ciar em todos os sec­tores e a pro­tecção so­cial in­te­gral para os de­sem­pre­gados.

Os tra­ba­lha­dores sul-afri­canos, acen­tuou o Con­gresso da CO­SATU, clamam pela cri­ação de con­di­ções de vida de­centes, tanto nas áreas ru­rais como ur­banas, por passos ur­gentes para en­frentar a crise do sis­tema pú­blico de saúde e para so­lu­ci­onar a crise da edu­cação, em par­ti­cular a dis­fun­ci­o­na­li­dade da mai­oria das es­colas nas áreas po­bres. Pedem também trans­porte aces­sível, efi­ci­ente e de preços exequí­veis, bem como ha­bi­tação perto dos lo­cais de tra­balho para pôr fim ao de­sen­vol­vi­mento es­pa­cial de­se­nhado pelo apartheid, que se­pa­rava em bairros pe­ri­fé­ricos a po­pu­lação negra e mes­tiça.




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