Grécia sai exangue da odisseia do resgate

CRISE Após oito anos de intervenção directa da troika de credores na governação da Grécia, a economia está devastada, os trabalhadores gregos e a população em geral estão hoje mais pobres e com menos direitos.

Credores mantêm Grécia sob vigilância apertada

Os números impressionam: desde 2010 o Estado grego recebeu 260 mil milhões de euros, no âmbito de três programas consecutivos de alegada «ajuda financeira», concedidos pelos países da União Europeia (UE) pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), sob condições leoninas.

O terceiro resgate terminou oficialmente no passado dia 20, ocasião que os credores aproveitaram para se congratularem, procurando criar a ilusão de que a Grécia estaria agora em melhores condições para singrar no implacável mar dos mercados financeiros.

A realidade, porém, não se compadece com truques de prestidigitação. O Produto Interno Bruto da Grécia (PIB) regrediu cerca de um terço durante o período da intervenção da troika.

É certo que a recessão foi interrompida em 2017, quando a riqueza progrediu ligeiramente (+2%), fixando-se em 177,7 mil milhões de euros, mas o PIB continua muito longe do nível de 2010 (226 mil milhões de euros), segundo dados do Eurostat.

Também a taxa de desemprego inverteu a trajectória ascendente, todavia continua a rondar os 20 por cento da população activa, depois de ter atingindo quase os 28 por cento em 2013. Recorde-se que em Janeiro de 2010, os desempregados representavam 11 por cento. Desde então entre 350 mil e 400 mil pessoas, na maioria jovens, saíram do país em busca de emprego.

Quanto à dívida pública, razão principal que motivou a intervenção dos credores, os dados não são mais animadores. Se em 2010 a dívida representava 146,2 por cento do PIB, em 2017 atingiu os 178,6 por cento do PIB, constituindo uma das mais elevadas do mundo, em termos relativos, logo a seguir à do Japão que se cifra em 250 por cento do PIB.

Devastação social

No plano social, as políticas impostas provocaram a queda de um terço do rendimento médio das famílias (de 11 900 euros em 2010 para 7600 euros em 2017). A Grécia foi mesmo o único país da União Europeia a reduzir o salário mínimo (-22%), que passou de 751 euros para os 586 euros. Esta redução, acompanhada da retirada de direitos laborais e sociais, foi ainda mais acentuada para os jovens com menos de 25 anos, cujo salário mínimo foi cortado para os 490 euros.

 



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