Para lá da incompetência
Enquanto se vão somando anúncios de encerramento de estações e postos de correios e se compromete a prestação do serviço postal, o secretário de Estado do Governo do PS veio sossegar os donos dos CTT. Segundo Guilherme de Oliveira Martins, o contrato é para cumprir, pelo que não está em causa qualquer ponderação de nacionalização. O que o «governo não tolera é incompetência».
O regabofe pode pois prosseguir em proveito dos lucros que os donos dos CTT vão acumulando com a criminosa gestão e em prejuízo do serviço postal, dos trabalhadores e, sobretudo, do interesse nacional. O que é preciso é que prossiga com «competência». Depois de há poucos meses se ter ouvido Pires de Lima, ex-ministro do governo PSD/CDS responsável por esse crime económico que a alienação dos CTT significou, afirmar que a privatização tinha sido «boa e oportuna», aí temos o actual Governo pronto a assegurar, em nome da «estabilidade» económica que preconiza, os interesses monopolistas e as condições de acumulação de capital mesmo que à custa do interesse nacional e da delapidação pública.
Tudo, bem se vê, resguardado nas garantias de inação do «regulador» que lhe aliviam a consciência sem beliscar os interesses instalados.
O encerramento de centenas de balcões, o despedimento de milhares de trabalhadores, a degradação do serviço postal com prazos de entrega superiores a 15 dias ou a eliminação de circuitos de distribuição, o desbaratamento do património (algum dele avaliado em dezenas de milhões de euros) para assegurar montantes de dividendos para lá do que resulta da actividade da empresa, farão prova para o Secretário de Estado dos padrões de competência exigíveis.
A questão não está só nos padrões de qualidade de serviço postal. Esse objectivo com a importância que assume é uma parte, entre outras, das funções de valor estratégico que estão associadas aos CTT e que só podem ser recuperadas com a reversão da privatização.