Servirail tem de ser razoável

Os trabalhadores dos bares dos comboios Alfa Pendular, Intercidades e Internacional, em greve desde quinta-feira, 28, decidiram regressar ao trabalho para permitir que a empresa concessionária à qual se encontram vinculados apresente uma nova proposta de aumento do salário. Os seis dias consecutivos de paralisação ficaram marcados por uma adesão massiva dos cerca de 150 trabalhadores em serviço nos comboios de longo curso e nos armazéns de Lisboa e do Porto, a maioria dos quais, em plenários realizados naqueles, anteontem, decidiram voltar à mesa das negociações.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte, «a decisão foi tomada na sequência de contactos realizados com a empresa e como manifestação de boa vontade para desbloquear o conflito».

Mas se a Servirail insistir numa proposta de aumento salarial que não seja razoável (a última apresentava foi de 9 euros, sendo que os trabalhadores pretendem uma valorização remuneratória de 25 euros), então o caminho é regressar à luta, esclareceu Francisco Figueiredo, dirigente sindical ouvido pela Lusa.

PCP solidário

Na segunda-feira, 2, a par do encontro que manteve com trabalhadores da Servirail em greve, na estação de Santa Apolónia, em Lisboa, a deputada do PCP Rita Rato dirigiu ao Governo uma requerimento em que pretende saber «que acompanhamento tem feito o Governo a esta empresa, nomeadamente através da Autoridade para as Condições de Trabalho, chamada diversas vezes a intervir, quais os resultados dessas acções nos últimos dez anos e que medidas vai o Governo tomar para assegurar o cumprimento integral dos direitos destes trabalhadores?

Isto porque, explica-se no texto, «da parte da Administração da empresa tem existido, desde há anos, uma indisponibilidade total para negociar com as estruturas representativas dos trabalhadores», o que sucede paralelamente ao desrespeito por direitos relativos a horários de trabalho, investimento e garantia das condições de trabalho.

Acrescem a política de baixos salários [a valorização salarial é o ponto nodal da luta em curso, tendo revelado o sindicato que em média os trabalhadores auferem 600 euros], «o assédio e a forma como o Administrador se dirige aos trabalhadores», utilizando «linguagem desrespeitosa e ofensiva», chegando ao ponto de afirmar que «”em caso de incêndio a única coisa que se perdiam eram as fardas”».

Em nome do Partido, Rita Rato denuncia ainda junto do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social «o recurso [por parte da Servirail] a trabalhadores com vínculo precário para responder a necessidades permanentes, através de contratos ao dia e à semana».



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