Debate quinzenal com o primeiro-ministro

País precisa de investimento e não de cortes

LUSA


Em foco no debate esteve também o Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia – Portugal 2030, com Jerónimo de Sousa a reiterar a preocupação do PCP por o mesmo acentuar a «divergência», agora ainda de forma mais agravada com o previsto corte nos fundos para Coesão e PAC.

Sem nota crítica do líder comunista não passou também o Programa Nacional de Investimentos, por, em sua opinião, ficar muito «aquém das necessidades de investimento do País», fruto dos «constrangimentos impostos pela União Europeia e o euro».

Daí ter instado o primeiro-ministro a esclarecer se, perante este quadro, «vai o Governo aceitar os cortes que estão ensejados em prejuízo de países como Portugal» ou até «justificá-los com a promessa que já esboça de um reforço futuro da Coesão e do investimento», esse futuro «sempre adiado». Investimento absolutamente vital para intervir, por exemplo, «no interior, na agricultura, para acudir aos que foram vítimas dos incêndios e atacar as causas fundas da tragédia», segundo Jerónimo de Sousa.

«Portugal não aceita a proposta como ela está neste momento apresentada», respondeu António Costa, falando dos fundos comunitários. Só que logo a seguir, acautelando porventura recuos futuros, apressou-se a «reconhecer que houve uma melhoria, um progresso», embora «ainda não aceitável», antes de afiançar que o Governo «continuará a trabalhar», quer para melhorar a política de coesão quer, em particular, a política agrícola.

Quanto ao Programa Nacional de Investimentos, cujo debate público tivera início na véspera, não se ouviu qualquer referência sua ao carácter insuficiente do mesmo, limitando-se a assinalar que conta com a «participação activa de todos» para que possa ser debatido na AR até final do ano.

Não esquecer as vítimas

Já sobre o interior, o chefe do Governo declarou estar «de acordo» com a afirmação de Jerónimo de Sousa de que «não basta palavras, é preciso acção», asseverando que é nesse sentido que aponta o novo Programa Nacional de Coesão Territorial, a aprovar em 14 de Julho em Pampilhosa da Serra. Instrumento que a par do Plano Nacional de Ordenamento do Território, bem como do «projecto piloto na área dos nove concelhos dos incêndios de Pedrógão», considerou «absolutamente essencial para a revitalização do interior».

Invocado por si foi ainda o exemplo de empresas como a «OutSystems», com grande parte da actividade em Proença-a-Nova, sobretudo a relacionada com «conhecimento e valor acrescentado», o que em sua opinião demonstra «que é possível também no interior desenvolver essas capacidades».

«Não é bem esse quadro que acabou de expor que trouxemos da visita, dos contactos que efectuámos», replicou Jerónimo de Sousa, que ainda na semana anterior estivera na região Centro, insistindo por isso junto de António Costa para que não esqueça «aqueles que foram vítimas dos incêndios florestais de Outubro e que continuam à espera de resposta».

«Tem sido feito um esforço», insistiu o primeiro-ministro, puxando de números para comprovar o que foi feito, como as «1012 casas concluídas ou em reconstrução» ou os «81 milhões de euros» em «apoio às empresas para restabelecerem a sua actividade produtiva».

Só que esse esforço está longe de ser suficiente como aliás o próprio governante admitiu ao reconhecer que em relação aos incêndios de Outubro ainda não foram produzidos os «mesmos resultados dos incêndios de Junho», mesmo que tenha remetido para «uma questão de tempo» a sua explicação para o atraso.

Razão tinha, pois, Jerónimo de Sousa ao observar pouco antes que «foi muito importante termos idos todos a Pedrógão, mas que não basta a solidariedade». Porque, vincou, «o que aquela gente precisa é de medidas concretas para resolver os seus problemas», e isso exige acção e não se compadece com delongas.



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