«Cumprimos as missões, o tempo tem de contar»
LUSA
Foi com o lema que dá titulo a este escrito que estruturas das forças e serviços de segurança e dos militares das Forças Armadas desenvolveram, vai para dois meses, um conjunto de iniciativas com vista a alertar a tutela para o problema da contagem do tempo congelado. Ou seja, o que juntou estas estruturas foi o problema comum da contagem do tempo e a exigência que cada uma das tutelas desse inicio às necessárias conversações com vista ao encontrar dos caminhos de resolução, como estipula o art.º 19.º da Lei do Orçamento.
Ora, passado este tempo, tudo está na mesma. Mais, no que aos militares diz respeito, e para usar uma expressão do Secretário de Estado Perestrelo, o «relógio começou a contar em Janeiro» mas não foi para os militares, já que está tudo na mesma.
Ora, se aquilo que se impunha, e impõe, era o posicionamento dos abrangidos no escalão remuneratório a que teriam direito se não tivesse havido congelamento, pondo fim à injustiça e minimizando os reflexos no cálculo do valor das reformas/pensões, é de todo incompreensível que, completado a partir de Janeiro de 2018 o tempo que permite saltar de escalão o congelamento continue. Atente-se que, no caso dos militares, há várias dezenas de primeiros sargentos que estão há 20 anos, ou quase, no posto: estão congelados nas progressões remuneratórias e nas promoções.
Chegados aqui, é lamentável ouvir e ler determinados analistas e comentadores falarem sem estudar os problemas, meterem num caldeirão um mesmo problema que se espraia de forma diferenciada em diferentes sectores (daí a razão de ser do que está consagrado no art.º 19.º), enfim, confundirem em vez de esclarecem e, mais lamentável ainda, é referirem-se aos que exigem que o tempo tem de contar com uma pesporrência como esses tivessem a pedir alguma benesse.
Os militares são muito bons e prestigiam muito Portugal, mas nove anos de trabalho não contam para nada? As forças de segurança são muito boas, garantiram com alto profissionalismo os grandes eventos deixando uma excelente imagem de Portugal, mas nove anos de trabalho não contam para nada? Zero?
E como classificar a conversa altaneira de Rui Rio, e outros seus companheiros, de que a exigência da contagem do tempo aparece porque anda a ser vendida a ideia de um país a nadar em possibilidades? Todos os que exigem a contagem do tempo sempre se disponibilizaram para soluções flexíveis.
Por outro lado, as possibilidades do país são melhores porque a política belicista do PSD/CDS contra os trabalhadores e o povo foi apeada. Preocupante é que esteja a vir ao cimo a velha convergência do PS com PSD para tudo o que signifique atacar direitos dos trabalhadores e prosseguir o enchimento de bolsos aos grandes grupos económicos e financeiros, para manter a obsessão do défice e cumprir diligentemente tudo o que a UE determina. A história não engana: sempre que o PS e o PSD convergiram quem perdeu foram os trabalhadores, o povo e o País.