Grande adesão à greve por condições na Saúde

EXIGÊNCIA Com um nível médio de adesão superior a 85 por cento, a greve dos trabalhadores da Saúde, no dia 15, veio reafirmar que o Governo tem de melhorar as condições de trabalho e qualificar o SNS.

Ficou provada a vontade reivindicativa dos trabalhadores

Ao saudar os trabalhadores administrativos e assistentes operacionais, abrangidos pelo pré-aviso e que fizeram greve na passada sexta-feira, em hospitais e centros de saúde, no INEM e demais organismos integrados no Serviço Nacional de Saúde, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais deu conta de que a paralisação registava «uma adesão superior a 85 por cento» e «a grande maioria das grandes unidades hospitalares» estava a funcionar «só com os serviços mínimos».
Para a federação da CGTP-IN, ficou assim demonstrada «a vontade reivindicativa dos trabalhadores deste sector, a razão das suas aspirações e a exigência de que o Governo tem de valorizar as carreiras, pagar dignamente o trabalho extraordinário e em dias de descanso semanal e reforçar o número de efectivos, como forma de melhorar as condições de trabalho e qualificar o Serviço Nacional de Saúde».
Na nota de imprensa que divulgou na tarde dessa sexta-feira, a federação exortou os trabalhadores «a prosseguirem a luta até que as suas reivindicações sejam satisfeitas», sublinhando, de entre estas: a negociação da carreira de Técnico Auxiliar de Saúde, a admissão dos trabalhadores necessários ao SNS, a valorização da generalidade das carreiras da Saúde, o fim dos cortes no pagamento das horas de qualidade e do trabalho suplementar e o pagamento do abono para falhas aos trabalhadores que manuseiam valores.
Como exemplos da elevada adesão à greve – e confirmando aquilo que ao longo da jornada foi sendo comunicado por dirigentes sindicais em algumas unidades hospitalares – a federação referiu índices de adesão entre 80 e 100 por cento nas maiores unidades hospitalares (Hospital de S. João, no Porto, Hospitais da Universidade de Coimbra e Hospital de Santa Maria, em Lisboa), com encerramento de grande parte dos serviços não urgentes e com as urgências a serem asseguradas em serviços mínimos. «Por todo o País, hospitais, centros de saúde e unidades de saúde familiar registam adesões à greve entre os 70 e os 100 por cento», como sucedeu na Maternidade Alfredo da Costa e nos hospitais de S. Francisco Xavier, de S. José, D. Estefânia, em Lisboa, e no Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra); nos hospitais Pedro Hispano e Santos Silva (Porto); no IPO de Coimbra e no IPO e Hospital da Figueira da Foz; no Centro Hospitalar Entre-Douro-e-Vouga, nos hospitais de S. Sebastião e de S. João da Madeira, nos centros de saúde de Ovar e de Oliveira do Bairro, em Aveiro; no Centro Hospitalar Tondela-Viseu; nos centros hospitalares de Leiria e Caldas da Rainha; nos hospitais de Braga, Guimarães, Barcelos e Famalicão.
Dirigentes sindicais e outros trabalhadores em greve realizaram concentrações nos hospitais de São José e Santa Maria, Amadora-Sintra, Amato Lusitano (Castelo Branco) e Pedro Hispano (Matosinhos). Nas declarações à comunicação social foram apontadas várias situações que dão razão às reivindicações e à luta dos trabalhadores e dos sindicatos.

Admissão urgente de enfermeiros

«A 12 dias da aplicação das 35 horas, o Governo continua a não autorizar a admissão de enfermeiros» e «inadmissivelmente, existem instituições que estão a publicitar os horários de Julho ainda com 40 ou mais horas», protestou esta segunda-feira, dia 18, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
Numa nota de imprensa, o SEP/CGTP-IN reiterou que «a 1 de Julho as instituições devem estar dotadas com o número de enfermeiros que reportaram como necessários». O sindicato recorda que a passagem para as 35 horas dos enfermeiros em contrato individual de trabalho está prevista para o início do próximo mês desde Outubro de 2017, uma imposição do Governo, na altura, alegando a necessidade de admissão gradual de profissionais. Foi então solicitado pela tutela que todos os hospitais reportassem as suas necessidades de contratação de enfermeiros.
Acontece que, impedidos de contratar, vários hospitais estão a colocar aos enfermeiros horários de trabalho, para Julho, com 40 e mais horas semanais.
Sobretudo pela contratação de profissionais, há mais de um mês que decorrem lutas de enfermeiros, como sucedeu no Hospital Distrital de Santarém (greve nos dias 5, 6 e 7), nas unidades locais de Saúde da Guarda (concentração dia 14 no Hospital Sousa Martins) e de Beja (greve e concentração dia 12, no Hospital de Beja) e no Hospital de Guimarães (greve dias 13 e 14).

Médicos exigem reunião

O Ministério da Saúde desmarcou uma reunião que estava agendada para anteontem, dia 19, com os sindicatos médicos, e que seria a primeira após a greve de 8 a 10 de Maio. «Mais uma vez, este Ministério não demonstra qualquer respeito pelos seus trabalhadores médicos» e «entretanto prossegue a degradação do Serviço Nacional de Saúde», protestaram a Federação Nacional dos Médicos e o SIM, apelando ao «rápido reagendamento da reunião, pois é urgente a implementação das medidas propostas pelos sindicatos médicos».
Aos objectivos da paralisação (revisão da carreira, descongelamento da progressão, diminuição da idade da reforma, do trabalho suplementar, do trabalho em Urgência e do número de utentes dos médicos de Família, a abertura de concursos) somou-se a publicação do mapa de vagas para acesso às especialidades.

 



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