Coreia, o caminho da Paz?
Ao momento da redacção destas linhas ainda não sabemos o resultado da cimeira entre os Estados Unidos da América e a República Popular Democrática da Coreia realizada em Singapura. Trata-se, na sequência da cimeira de Panmunjom, de um momento histórico. É a primeira vez que um presidente dos EUA e o presidente da Comissão Assuntos Estatais da RPDC se encontram para discutir a situação na península coreana que, é importante recordar, se encontra dividida há cerca de 65 anos em virtude de uma violenta guerra imperialista, desencadeada pelos EUA, que matou milhões de civis coreanos e na qual os EUA ameaçaram usar a arma nuclear.
É importante perceber que esta é uma cimeira entre a administração de uma potência agressora e os representantes de um povo agredido e dividido pela guerra imperialista. É este o «chão» histórico em que assenta esta cimeira. Apesar de todo o simbolismo e carácter histórico seria ingenuidade pensar que décadas de conflito ficariam resolvidas com o encontro de Singapura, ou que os EUA mudaram a sua atitude e objectivos relativamente à península coreana e extremo oriente. Trump demonstrou nas últimas semanas que assim não é, apesar de se ter saído mal na tentativa de esticar a corda, manobra a que a RPDC e Kim Jong Un reagiram com inteligência.
É provável que de Singapura saia uma folha de rota para um processo negocial que se prevê longo e difícil e no qual irão intervir outros «actores». O futuro dirá se este processo contribuirá para a tão desejada reunificação pacífica da Coreia ou se pelo contrário visa a imposição do desarmamento a apenas um dos lados para ulteriores imposições ou capitulação. Neste momento histórico é importante reafirmar que não é preciso inventar a roda para resolver a questão coreana. Basta respeitar aquilo que o povo coreano deseja: uma reunificação pacífica, com desnuclearização de toda a península, saída das tropas estrangeiras ali presentes há mais de 65 anos e respeito pelas escolhas e soberania daquele povo. É esse o caminho da Paz.