Saarauís festejam 45 anos de luta pela independência
SAARA OCIDENTAL A Frente Polisário assinalou os 45 anos da sua fundação. O PCP saudou a organização e apresentou, na Assembleia da República (AR), um voto de solidariedade para com a luta do povo saarauí.
O combate pela autodeterminação triunfará
O acto central das comemorações das quatro décadas e meia da Polisário realizou-se no dia 10, em Awserd, parcela do campo de refugiados de Tinduf, no deserto argelino, com a presença do presidente da República Árabe Saarauí Democrática (RASD) e secretário-geral da Frente, Brahim Gali, bem como de outros governantes e dirigentes políticos e militares saarauís.
A data assinala a unificação dos vários grupos saarauís na luta pela independência do território, primeiro contra o colonialismo espanhol e, depois, contra a ocupação da Mauritânia e de Marrocos (sobretudo), a qual prossegue.
Apesar dos sacrifícios que ainda serão necessários, o combate pela autodeterminação triunfará, assegurou Brahim Gali na intervenção perante milhares de saarauís e membros de diversas delegações estrangeiras presentes na iniciativa. Isto porque é forte a convicção do povo de que a sua causa é justa, garantiu ainda, de acordo com a agência de notícias da RASD, a SPS.
«O povo saarauí, através do seu movimento de libertação [nacional], envia ao mundo a forte mensagem de que nada pode impedi-lo de alcançar os seus justos e legítimos direitos, reconhecidos quer pelas Nações Unidas quer pela União Africana», considerou, na mesma ocasião, o primeiro secretário da Frente Polisário, Hamma Salama.
Já esta segunda-feira, 14, também segundo informações divulgadas pela SPS, a organização independentista saarauí condenou a repressão e a desinformação levadas a cabo pelo Reino de Marrocos para se furtar à implementação da resolução 2414 do Conselho de Segurança da ONU, que determina a imediata retoma das negociações directas e sem pré-condições visando a emancipação nacional do Saara Ocidental. Apelou, por isso, à urgente intervenção do CS das Nações Unidas para impedir a escala do conflito e obrigar o regime de Rabat ao diálogo negocial.
PCP saúda
Por ocasião do 45.º aniversário da Frente Polisário, o PCP transmitiu, no dia 10, as suas calorosas saudações à legítima representante do povo saarauí. Na missiva, o Partido reafirma a sua «solidariedade de sempre para com a persistente e corajosa luta da Frente Polisário contra o colonialismo e pelo respeito e realização dos inalienáveis direitos nacionais do povo saarauí, em que se inscreve a criação da República Árabe Saarauí Democrática».
Num momento em que se agrava a situação nos territórios do Saara Ocidental, ilegalmente ocupados pelo Reino de Marrocos, que reprime violentamente a luta do povo saarauí pelos seus legítimos direitos, o PCP sublinha «o seu empenhamento na denúncia e condenação da ocupação e repressão exercida pelas autoridades marroquinas, na exigência do respeito dos direitos e da libertação dos presos políticos saarauís encarcerados nas prisões marroquinas».
O PCP insiste, ainda, que uma solução justa para o conflito do Saara Ocidental «passa necessariamente pelo cumprimento do direito à auto-determinação do povo saarauí, de acordo e no respeito dos princípios da Carta da ONU, do direito internacional e das resoluções pertinentes das Nações Unidas».
Na sexta-feira, 11, o PCP apresentou na AR um voto de solidariedade com o povo saarauí em que se lembra que «há décadas que as Nações Unidas têm por cumprir o seu compromisso do respeito pelo direito à autodeterminação» daquele. O texto salienta que, «no respeito pela Constituição da República, Portugal reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento», e insta o Governo a, «no âmbito da política externa, e nomeadamente nas instituições internacionais, promover uma acção consequente» nesse sentido.
O voto apresentado pelo grupo parlamentar do PCP foi aprovado com os votos a favor do PS, BE e PAN. O deputado João Rebelo (CDS) absteve-se e as bancadas do PSD e CDS votaram contra.
Os 45 anos da Frente Polisário foram igualmente lembrados pelo Conselho Português para a Paz e a Cooperação, que em texto enviado às redacções exige «o fim da ilegal ocupação dos territórios do Saara Ocidental pelo Reino de Marrocos e o respeito pelos direitos do povo saarauí à autodeterminação e independência; o fim da repressão do povo saaraui e a libertação dos presos políticos detidos nas cadeias marroquinas; o reconhecimento pelas autoridades portuguesas da República Árabe Saaraui Democrática».