Eles andam aí

João Frazão

Com destaque no Expresso, que refere a bênção do Presidente da República e do Primeiro-ministro, o Movimento em Defesa do Interior, depois de muito cogitar, vai apresentar, na capital, medidas «radicais». Isto não passaria de mais uma boa intenção (dessas de que se diz estar o inferno cheio) não conhecêssemos nós os que andam a dar a cara pela ideia, agora arvorados em defensores das terras mais ou menos afastadas do mar.

Álvaro Amaro, presidente dos Autarcas Sociais-Democratas, o anunciado progenitor da ideia, e Rui Santos, presidente dos Autarcas Socialistas, que terá sido atrelado na primeira hora, representantes dos partidos da política de direita que trouxe o interior à situação em que se encontra, foram ainda convidar para os acompanhar Jorge Coelho, Miguel Cadilhe e Silva Peneda.

Miguel Cadilhe, que foi ministro das Finanças, no tempo em que PSD e Cavaco Silva nos diziam que as vacas eram gordas, vem agora propor o que não fez quando teve essa oportunidade, em matéria fiscal. Jorge Coelho, que terá sido indigitado para tratar das questões da ocupação do território, é o mesmo que teve a pasta das Obras Públicas, no distante governo PS/Guterres, e poderia aí ter concretizado muitas dessas ideias. Silva Peneda foi ministro e agora é assessor do presidente da Comissão Europeia, e nesses cargos poderia pôr em prática as belas ideias que agora nos tentam vender como salvíficas.

Entretanto, entre as tais propostas radicais que já vieram a público não se inclui, nesta fase, qualquer referência ao apoio à agricultura familiar que eles sempre negaram e à reabertura de serviços públicos e à reposição de transportes públicos, de que eles foram protagonistas, nos encerramentos e na sua destruição. Nada de estranho, digo eu.




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