Solidariedade valente à revolução dos humildes

INTERNACIONALISMO O CPPC promoveu anteontem, 10, em Lisboa, uma combativa sessão de solidariedade com a Venezuela, que contou com a presença do ministro venezuelano Jorge Arreaza.

A pressão sobre a Venezuela é hoje muito grande

O ministro do Poder Popular para as Relações Externas da República Bolivariana da Venezuela, Jorge Arreaza, não esquecerá tão cedo a sessão que na passada terça-feira, 10, fez transbordar o auditório da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça. «O companheiro Jorge» – como fez questão de ser tratado, ao invés de «senhor ministro» – agradeceu a solidariedade demonstrada, sublinhando que não é fácil, hoje, defender a Venezuela, dada a dimensão e violência da ofensiva política, económica, diplomática e mediática movida contra o país. Porém, acrescentou, «ou somos valentes ou não somos valentes». Os que ali estavam, como noutros momentos estiveram em prol da mesma causa, são, decididamente, valentes.

Na sua intervenção, o jovem ministro (jovem tanto na idade como no exercício do cargo) traçou a história da «revolução bolivariana», iniciada em 1998 com a vitória de Hugo Chávez nas eleições presidenciais, que finalmente rompeu com décadas de «rentismo petrolífero capitalista», como o próprio líder bolivariano caracterizava o sistema económico do país, e colocou no poder «os pobres, os humildes, os trabalhadores, os jovens, as mulheres, os indígenas».

Essa revolução, que Jorge Arreaza garante ter como objectivo a construção do socialismo, abriu caminho a uma «mudança de época na América Latina»: nos anos seguintes, foram muitos os países a iniciar (ou retomar) rumos de desenvolvimento soberano e progressista – do Brasil à Argentina, da Nicarágua à Bolívia, do Equador a Salvador. Apesar dos retrocessos verificados em alguns deles, que confia serem temporários, o ministro venezuelano assume que a América Latina continuará a ser uma referência para as transformações progressistas no resto do mundo.

Espírito revolucionário de um povo
Encetar um processo emancipador e libertador num país como a Venezuela, com imensos (e apetecíveis) recursos naturais, como o petróleo, o ouro, a água doce ou o coltan, e geográfica e economicamente tão próximo dos Estados Unidos não podia nunca ser uma tarefa fácil. E não tem sido, de facto, realçou Jorge Arreaza, lembrando os golpes, as sabotagens, as sanções e a violência terrorista promovidos pela oligarquia e as ameaças directas de invasão militar por parte dos EUA. «Não descartamos a possibilidade de uma invasão à Venezuela», realçou.

Comentando a actualidade do seu país, Arreaza destacou a diminuição da violência após as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, exactamente como o presidente Nicolás Maduro previu que aconteceria. Apesar do resultado esmagador deste acto eleitoral, uma vez mais favorável às forças bolivarianas, foi o governo que estendeu a mão ao diálogo com a oposição. Neste processo foi mesmo possível chegar a uma acordo, que só não foi assinado porque à última da hora, por pressão norte-americana, a oposição recuou. «Seria bom que a nossa oposição fosse, ao menos, venezuelana», ironizou.

No mesmo registo irónico, Jorge Arreaza considerou estranha a «ditadura venezuelana» que tem eleições regulares, que os candidatos da oposição têm plena liberdade de movimentos e acção política e que, inclusivamente, reconhece as derrotas quanto as sofre. Já a oposição só reconhece quando ganha e pressiona o actual candidato presidencial a retirar-se da corrida eleitoral.

Como explicar, então, a sobrevivência do processo bolivariano face a tantas dificuldades e obstáculos e a tão poderosos inimigos? A fidelidade ao caminho trilhado pelo Comandante Chávez, a União Cívico-Militar, a capacidade política e revolucionária da liderança bolivariana e, destacou Jorge Arreaza, a bravura, consciência e espírito revolucionário do povo venezuelano.

Solidariedade sempre
A abrir a sessão, já Ilda Figueiredo reafirmara, em nome do CPPC (a cuja direcção preside), a solidariedade ao processo bolivariano, pelo que representou e representa de afirmação de soberania, de cooperação regional e de progresso social, expresso desde logo nas dezenas de milhões de venezuelanos retirados da pobreza, aos quais foi devolvida a dignidade e reconhecidos amplos direitos. «É isto que a oligarquia e o imperialismo não admitem».

Na sessão, fizeram questão de se fazerem representar organizações e movimentos desde sempre solidários com a Venezuela bolivariana (como o PCP, a CGTP-IN ou o MDM) e as representações diplomáticas de Cuba, República Dominicana e Palestina.

 



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