Brasil de pé pela libertação de Lula contra o golpe e pela democracia

GOLPE Mi­lhares de bra­si­leiros ma­ni­fes­taram-se no sá­bado, 7, contra a con­de­nação e prisão de Lula da Silva. Ontem ini­ciou-se uma mo­bi­li­zação na­ci­onal que só ter­mina com a li­ber­tação da­quele.

«A morte de um com­ba­tente não pára uma re­vo­lução», disse Lula da Silva

Pro­testos em de­fesa de Lula da Silva foram re­a­li­zados em mais de 50 ci­dades, di­na­mi­zados pelas frentes Brasil Po­pular e Povo Sem Medo, que reúnem cen­trais sin­di­cais, par­tidos e mo­vi­mentos so­ciais. Na base da con­tes­tação está a ordem de prisão dada na sexta-feira, 6, contra o ex-pre­si­dente bra­si­leiro, que os ma­ni­fes­tantes e as or­ga­ni­za­ções pro­mo­toras dizem estar a ser alvo de um pro­cesso po­li­ti­ca­mente mo­ti­vado. Na quinta-feira, 5, o Su­premo Tri­bunal Fe­deral re­jeitou o pe­dido de ha­beas corpus so­li­ci­tado pela de­fesa do ex-chefe de Es­tado.

Na mai­oria dos casos as ac­ções de massas de­cor­reram sem ou com in­ci­dentes me­nores. A si­tu­ação mais grave acon­teceu na con­cen­tração junto à pe­ni­ten­ciária fe­deral em Cu­ri­tiba, para onde Lula da Silva foi le­vado no sá­bado para cum­prir 12 anos e um mês de ca­deia. A po­lícia dis­parou balas de bor­racha e gra­nadas de gás la­cri­mo­géneo e car­regou sobre aqueles que de­fendem a de­mo­cracia e re­jeitam o golpe de Es­tado, ini­ciado com a des­ti­tuição da pre­si­dente eleita Dilma Rous­seff, em 2016.

Frente ao es­ta­be­le­ci­mento car­ce­rário o Par­tido dos Tra­ba­lha­dores e o Mo­vi­mento dos Tra­ba­lha­dores Ru­rais Sem Terra (MST) as­se­guram uma vi­gília per­ma­nente, pese em­bora a proi­bição de pro­testos no local en­tre­tanto de­cre­tada.

Lula da Silva en­tregou-se às au­to­ri­dades no sá­bado na sede do Sin­di­cato dos Me­ta­lúr­gicos, que li­derou du­rante anos, para onde foi na quinta-feira de­sen­ca­de­ando uma mo­bi­li­zação de apoi­antes.

No seu úl­timo dis­curso antes de ser car­re­gado em om­bros pela mul­tidão, ga­rantiu que o seu crime foi ter so­nhado um país menos de­si­gual, mais de­sen­vol­vido e so­be­rano e lem­brou que «a morte de um com­ba­tente não pára uma re­vo­lução e vocês serão mi­lhões e mi­lhões de Lulas».

An­te­ontem o MST in­ten­si­ficou os blo­queios de es­tradas ini­ci­ados no fim-de-se­mana pas­sado em vá­rios pontos do país. Para ontem, quarta-feira, 11, foi con­vo­cada uma mo­bi­li­zação na­ci­onal que os pro­mo­tores afirmam que só se detém com a li­ber­tação de Lula da Silva e a der­rota do golpe e dos gol­pistas.

So­li­da­ri­e­dade em Por­tugal

Co­nhe­cida a ne­gação do ha­beas corpus e a ordem de prisão contra Lula da Silva, um con­junto de or­ga­ni­za­ções por­tu­guesas con­vocou uma con­cen­tração frente à Em­bai­xada do Brasil em Por­tugal, re­a­li­zada na sexta-feira, 6. O PCP as­so­ciou-se à ini­ci­a­tiva através da pre­sença da de­pu­tada na As­sem­bleia da Re­pú­blica Rita Rato.

Na oca­sião, ac­ti­vistas por­tu­gueses e bra­si­leiros en­tre­garam na re­pre­sen­tação di­plo­má­tica uma po­sição de pro­testo que conta já com de­zenas de es­tru­turas as­si­nantes mas que con­tinua aberta à subs­crição, na qual estas de­nun­ciam que a con­de­nação e en­car­ce­ra­mento do ex-pre­si­dente «mais não visa do que im­pedir a can­di­da­tura de Lula da Silva às elei­ções pre­si­den­ciais em Ou­tubro e as­se­gurar a con­ti­nui­dade de um go­verno ao ser­viço de uma mi­noria opu­lenta e eco­no­mi­ca­mente po­de­rosa, per­pe­tu­ando a de­sas­trosa po­lí­tica que está a re­verter e des­truir tudo o que de mais po­si­tivo foi al­can­çado pelo povo bra­si­leiro, no­me­a­da­mente em ma­téria de di­reitos so­ciais e me­lhoria das con­di­ções vida, du­rante os man­datos de Lula da Silva e Dilma Rous­seff».

«Urge assim dar ex­pressão à mais ampla de­núncia deste ver­go­nhoso e gra­vís­simo pro­cesso an­ti­de­mo­crá­tico, des­mas­ca­rando igual­mente a cam­panha de de­sin­for­mação e ma­ni­pu­lação me­diá­tica que lhe dá co­ber­tura», apelam ainda. Re­pu­diam e con­denam «com ve­e­mência o golpe ins­ti­tu­ci­onal, as me­didas ar­bi­trá­rias e as ac­ções de vi­o­lência contra res­pon­sá­veis e ac­ti­vistas po­lí­ticos e so­ciais bra­si­leiros e contra ma­ni­fes­ta­ções em de­fesa da de­mo­cracia e pelo res­peito dos di­reitos de Lula da Silva», e de ex­pres­sarem «a mais viva so­li­da­ri­e­dade ao povo irmão bra­si­leiro e à sua luta para sal­va­guardar os di­reitos e ga­ran­tias de­mo­crá­ticas no Brasil e re­sistir a um poder cres­cen­te­mente re­pres­sivo e au­to­ri­tário».

Para ontem, ao final da tarde, es­tava agen­dada nova con­cen­tração com idên­tico pro­pó­sito frente à Em­bai­xada do Brasil, em Lisboa.



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