Jornada do PCP para libertar os CTT da ruinosa gestão privada

LUTA «O pro­cesso de pri­va­ti­zação dos CTT é um de­sastre de que só be­ne­fi­ciam os ac­ci­o­nistas», de­nuncia o PCP, que apela à par­ti­ci­pação na ma­ni­fes­tação de dia 23, em Lisboa, em de­fesa do ser­viço pú­blico e uni­versal dos Cor­reios.

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Cum­prindo a de­cisão to­mada na úl­tima reu­nião do Co­mité Cen­tral do PCP, reu­nido nos dias 20 e 21 de Ja­neiro, os co­mu­nistas re­a­li­zaram em todo o País, no dia 8 de Fe­ve­reiro, uma «jor­nada contra a de­gra­dação dos Cor­reios e pelo con­trolo pú­blico dos CTT», na forma de tri­bunas pú­blicas e dis­tri­buição de do­cu­mentos, entre ou­tras ini­ci­a­tivas.

A acção – que deu mais força à luta re­a­li­zada há dé­cadas por utentes e sin­di­catos, tal como pelo Par­tido – acon­tece de­pois de a ad­mi­nis­tração dos CTT-Cor­reios de Por­tugal ter tor­nado pú­blico mais um pa­cote de me­didas des­ti­nadas a ga­rantir a dis­tri­buição de cho­rudos di­vi­dendos aos seus ac­ci­o­nistas.

«Os donos dos CTT querem trans­formar os Cor­reios pú­blicos num banco pri­vado, li­quidar o ser­viço postal uni­versal, acabar com as es­ta­ções, trans­ferir para as au­tar­quias o custo de uma rede na­ci­onal de postos e de­dicar-se apenas ao ne­gócio mais ren­tá­veis no sector», ad­verte um do­cu­mento do PCP, onde se de­fende que o «erro» da pri­va­ti­zação da em­presa «deve ser cor­ri­gido o mais ra­pi­da­mente pos­sível, re­to­mando o con­trolo pú­blico sobre os CTT e cen­trando no­va­mente a em­presa no de­sígnio de prestar um ser­viço postal uni­versal e de qua­li­dade».

Ins­tru­mento de lu­cros
Se­gundo in­forma o Par­tido, desde 2014 a em­presa já re­partiu «em di­vi­dendos aos ac­ci­o­nistas mais de 240 mi­lhões de euros». Em 2017 foram dis­tri­buídos mais 10 mi­lhões de euros do que o re­sul­tado lí­quido de 2016 (62 mi­lhões de euros).

«O País não se pode dar ao luxo de manter a gestão pri­vada dos CTT», que estão a «dis­tri­buir aos grupos eco­nó­micos 133 por cento dos lu­cros» da em­presa, afirmou Bruno Dias, de­pu­tado do PCP à As­sem­bleia da Re­pú­blica, numa tri­buna pú­blica re­a­li­zada na quinta-feira, ao final do dia, nos Res­tau­ra­dores, em Lisboa. «Por cada 100 euros de lucro, en­tregam 133 euros aos ac­ci­o­nistas. Isto é um as­salto ao ser­viço postal, ao ser­viço pú­blico e ao País, que nós não po­demos deixar que con­tinue a acon­tecer», re­forçou, de­sa­ba­fando: «Já chega de es­mi­frar o nosso País» e de «levar daqui para fora a ri­queza que tantas cen­tenas de anos levou a cons­truir e a con­so­lidar».

Na sua in­ter­venção, Bruno Dias alertou ainda para aqueles que dizem «querer de­fender a em­presa», pro­pondo que o Es­tado fique com o ser­viço postal e os grupos eco­nó­micos, donos dos CTT, «com a marca, com o banco, com aquilo que são as ac­ti­vi­dades mais lu­cra­tivas». Ma­ni­fes­tando de­sa­cordo com essa opção, o de­pu­tado co­mu­nista de­fendeu «a in­te­gri­dade e a mo­der­ni­zação dos CTT», com os «cer­ti­fi­cados de aforro e ou­tras ac­ti­vi­dades» a «con­tri­buir para o re­forço do ser­viço pú­blico».

A ter­minar, apelou à par­ti­ci­pação na jor­nada de luta do dia 23 de Fe­ve­reiro (ver pá­gina 5) e anun­ciou que o PCP vai apre­sentar na vés­pera, 22, um pro­jecto de lei para a re­versão da pri­va­ti­zação dos CTT, a co­meçar ainda em 2018.

De manhã, Bruno Dias es­teve em con­tacto com os tra­ba­lha­dores dos CTT junto à sede da em­presa.

 

Ac­ções em todo o País

Na Ma­deira, dia 8, exigiu-se a re­a­ber­tura das es­ta­ções de Cor­reios de Santo An­tónio, São Gon­çalo e Ima­cu­lado/​Monte. Sim­bo­li­ca­mente, foram co­lo­cados «marcos de Cor­reio» para si­na­lizar a rei­vin­di­cação, sen­tida pelas po­pu­la­ções. Edgar Silva, Co­or­de­nador Re­gi­onal do PCP, afirmou: «Vamos pros­se­guir e in­ten­si­ficar a luta até que o Go­verno tome a me­dida certa».

Na sexta-feira, 9, re­fe­rindo que são cada vez mai­ores as queixas em re­lação aos pro­cessos de de­gra­dação da qua­li­dade do ser­viço pres­tado às po­pu­la­ções pelos CTT, Edgar Silva cri­ticou a in­tenção da ad­mi­nis­tração da em­presa de de­sac­tivar em 2018 a Es­tação no «Edi­fício 2000», assim como de re­duzir os ho­rá­rios de fun­ci­o­na­mento da es­tação na Ave­nida Zarco (deixa de fun­ci­onar até às 20h30, pas­sando a en­cerrar aos sá­bados).

Re­verter a pri­va­ti­zação
No dis­trito de Aveiro a jor­nada es­tendeu-se até sá­bado, com ac­ções em Es­pinho, Es­tar­reja, Aveiro, Oli­veira de Aze­méis, Águeda, São João da Ma­deira, Santa Maria da Feira e Al­ber­garia-a-Velha.

Com estas ini­ci­a­tivas, alertou-se para as con­sequên­cias da pri­va­ti­zação dos CTT, feita pelo an­te­rior go­verno PSD/​CDS, uma «de­cisão que o ac­tual exe­cu­tivo do PS tarda em re­verter». «De cartas ex­tra­vi­adas a bal­cões en­cer­rados, de cor­res­pon­dência com atrasos enormes a au­mentos bru­tais nos tempos de es­pera nos bal­cões ainda abertos, não faltam exem­plos de como – ao con­trário do que tantas vezes se afirmou – os CTT fun­ci­o­navam muito me­lhor quando es­tavam na es­fera pú­blica», acen­tuam os co­mu­nistas.

No Porto teve lugar uma acção junto aos CTT da Ro­tunda da Bo­a­vista, com Jaime Toga, da Co­missão Po­lí­tica.

Em Santa Maria da Feira, a Co­missão Con­ce­lhia do PCP emitiu um co­mu­ni­cado onde se con­testa a «so­lução» en­con­trada entre a ad­mi­nis­tração dos CTT e a Junta de Fre­guesia de Paços de Brandão, com a en­trega de ser­viços a uma em­presa par­ti­cular, por «não cor­res­ponder às ne­ces­si­dades da po­pu­lação». Para os co­mu­nistas, a Junta de Fre­guesia e a Câ­mara Mu­ni­cipal «estão no­va­mente a prestar um mau ser­viço ao povo», mos­trando «a sua cum­pli­ci­dade para com esta es­tra­tégia de des­truição de mais um posto deste ser­viço postal».

Igual­dade para todos
Mais a Sul, o PCP re­a­lizou uma jor­nada de con­tacto e es­cla­re­ci­mento junto das po­pu­la­ções do Al­garve. Em Por­timão e em Faro ti­veram lugar tri­bunas pú­blicas junto das es­ta­ções de Cor­reios do Gil Eanes e do Largo de São Pedro, res­pec­ti­va­mente, com Vasco Car­doso, da Co­missão Po­lí­tica, e An­tónio Men­donça, da Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal do Al­garve. Em Loulé re­co­lheu-se as­si­na­turas para exigir a re­a­ber­tura do posto de Cor­reios e foram dis­tri­buídos do­cu­mentos em Al­jezur, Lagos, Vila do Bispo, Sa­gres, Ta­vira, Castro Marim, Silves, Mes­sines, Lagoa, Olhos de Água, Al­bu­feira, Olhão, São Brás de Al­portel, Vila Real Santo An­tónio, Monte Gordo e Vila Nova de Ca­cela.

Ini­ci­a­tivas idên­ticas ti­veram lugar em Beja, Cuba, Serpa, Castro Verde, Al­vito, Vi­di­gueira, Ou­rique e Al­modôvar, junto às res­pec­tivas es­ta­ções dos CTT, mas também em Fer­reira do Alen­tejo (no dia 7). «Os Cor­reios são um ins­tru­mento in­subs­ti­tuível para a co­esão so­cial, eco­nó­mica e ter­ri­to­rial do nosso País. Ao Es­tado cabe a res­pon­sa­bi­li­dade de ga­rantir que os ser­viços pos­tais são as­se­gu­rados em con­di­ções de igual­dade a todos os ci­da­dãos, sem qual­quer dis­cri­mi­nação», de­fende, em nota de im­prensa, a Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Beja.




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