Óscar Lopes: um intelectual comunista e a emancipação dos trabalhadores

Manuel Gusmão

CENTENÁRIO Óscar Lopes é um homem culto, um homem da cul­tura, al­guém que, ao longo da sua vida, acu­mulou um saber im­pres­si­o­nante que cons­tan­te­mente passou aos ou­tros como quem nasceu para doar aquilo que nele era uma do­ação dos seus ta­lentos e sa­beres.

É pró­prio do in­te­lec­tual co­mu­nista des­mas­carar as men­tiras do ca­pi­ta­lismo

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Óscar Lopes teve uma for­mação hu­ma­nista e cri­a­dora. Os seus dois grandes ob­jectos de es­tudo foram a língua e a li­te­ra­tura.

A língua, es­tudou-a como um ci­en­tista, quer no plano ló­gico-verbal, quer no plano da prag­má­tica. Em re­lação à li­te­ra­tura, Óscar Lopes en­tendeu-a como uma forma de cons­truir mundos ver­bais com acen­tuado ca­rácter ar­tís­tico, es­té­tico e so­cial. Esta dupla con­dição do seu tra­balho levou-o a in­sistir na ne­ces­si­dade de uma abor­dagem multi e trans-dis­ci­plinar das obras li­te­rá­rias e a cri­ticar uma re­dução da li­te­ra­tura a uma forma de desvio de um uso stan­dard da lin­guagem, bem como a re­dução do es­té­tico ao lin­guís­tico.

Nos seus ad­mi­rá­veis textos sobre au­tores como Ca­mões e Fer­nando Pessoa, Padre An­tónio Vi­eira, Eça de Queirós, An­tónio Nobre e Ce­sário Verde, Raúl Brandão, Aqui­lino Ri­beiro, Ca­milo Pes­sanha, Eu­génio de An­drade, Vi­to­rino Ne­mésio, ele in­veste co­nhe­ci­mentos e su­po­si­ções que lhe vêm da fo­né­tica e da his­tória da língua, da psi­co­logia e da me­tap­si­co­logia, ou seja, da psi­ca­ná­lise, da fi­lo­sofia, da his­tória e da te­oria da ci­ência, da so­ci­o­logia da cul­tura e da an­tro­po­logia.

É ad­mi­rável que, fa­zendo tal uso da eru­dição, Óscar Lopes con­siga não es­magar a fra­gi­li­dade da obra de arte li­te­rária, con­siga não des­truir a vi­va­ci­dade e a fres­cura do te­cido verbal e dos pro­ce­di­mentos da po­esia ou do ro­mance, antes pelo con­trário, se sirva dessa pa­nó­plia de co­nhe­ci­mentos para fazer eclodir pe­rante nós a com­ple­xi­dade ar­tís­tica e es­té­tica da li­te­ra­tura.

Óscar Lopes é al­guém que pode de­clarar: Ao certo, ao certo, não sei o que o(s) sen­tido(s) seja(m) mas pro­curo fazer sen­tido com as mi­nhas cir­cuns­tân­cias e os meus in­ter­lo­cu­tores, co­o­pe­rantes ou não (Lopes, 1986, 10).

Quando se lê um texto não se sabe ao certo ao que se vai e parte-se de algo de im­pre­ciso como um pseu­dó­pode que se es­tende para fora a partir da cé­lula total (Lopes, 1994: 11).

Óscar Lopes co­nhece a tre­menda com­ple­xi­dade do sen­tido que se cons­trói na in­te­racção hu­mana e so­cial, numa frase apa­ren­te­mente sim­ples.

É evi­dente que algo se pro­cura quando vo­lun­ta­ri­a­mente (e não só), se es­tende um membro; algo se pro­cura que não é ab­so­lu­ta­mente certo; mas o in­tento fixa-se pelo grau de per­ti­nência e apura-se para o acerto. (Lopes, 1995: 11)

Esta é uma questão cen­tral na obra de Óscar Lopes e uma questão ines­ca­pável para quem se pre­o­cupe com uma con­cepção ma­te­ri­a­lista e di­a­léc­tica da cul­tura.

Óscar Lopes co­nhece, quer a di­fi­cul­dade em de­ter­minar co­lec­ti­va­mente o sen­tido, quer a sua ca­du­ci­dade ou vo­la­ti­li­dade, mas não de­siste de o pro­curar e de o co­mu­nicar, por muito con­fusa e in­de­cisa que seja a nossa ex­pe­ri­ência hu­mana, pa­la­vras como eu e nós car­regam toda a evi­dência de uma com­plexa his­tória de as­si­mi­lação ou aco­mo­dação de pa­la­vras como aqui e agora ligam-se à evi­dência de en­qua­dra­mentos, dentro dos quais se nos impõe fazer qual­quer coisa, entre um pas­sado que aqui está pre­sente, sob a forma de re­sul­tados e apre­sen­ta­ções, e um fu­turo evi­den­ciado por um con­junto pre­sente de ex­pec­ta­tivas a pon­derar, de al­ter­na­tivas a es­co­lher. (Lopes, 1990: 15)

Da li­te­ra­tura ao real

A res­posta que Óscar dá a essa ex­pe­ri­ência da com­ple­xi­dade e da vo­la­ti­li­dade do sen­tido im­plica a sua his­to­ri­ci­dade e a sua li­gação com o vivo. Esta his­to­ri­ci­dade – os sen­tidos são his­tó­ricos – im­plica a re­cusa ex­pres­sa­mente for­mu­lada por Óscar, das te­o­rias da am­bi­gui­dade e do re­la­ti­vismo ab­so­luto. E este é o ponto nodal em que Óscar Lopes se apro­pria da tra­dição do pen­sa­mento mar­xista para o qual a am­bi­gui­dade e o re­la­ti­vismo ab­so­luto são de re­cusar. O ponto em que o mar­xismo se mostra de uma forma in­con­tor­nável, como raiz de um hu­ma­nismo co­mu­nista, aberto à his­to­ri­ci­dade ra­dical do hu­mano que, pre­ci­sa­mente, res­ponde ao re­la­ti­vismo ab­so­luto com a ar­gu­men­tação de uma re­la­ti­vi­dade his­tó­rica.

Re­pare-se no pa­rá­grafo in­ti­tu­lado «Ex­pli­cação Breve», que fun­ciona como uma epí­grafe au­toral do seu livro Uma Es­pécie de Mú­sica (A po­esia de Eu­génio de An­drade). Três En­saios. Aí Óscar Lopes re­la­ciona a es­crita e a lei­tura da po­esia com «a ma­ra­vi­lhada des­co­berta da­quele sen­tido que a vida faz – tenho a cer­teza». O que aqui está en­vol­vido é, em parte, ex­plí­cito, nos dois pri­meiros pa­rá­grafos do texto do pri­meiro en­saio que este livro contém:

Nós fa­lamos quase sempre como quem usa frases, pa­la­vras. Às vezes, e de re­pente, sen­timos que, pelo con­trário, são as frases, as pa­la­vras, a uti­li­zarem-nos como se fôs­semos nós, e não elas a servir de veí­culos para um certo sen­tido. As pa­la­vras, quando usadas, servem-nos de mãos de mil dedos in­vi­sí­veis, que en­redam as coisas e de algum modo as ma­nejam. Quando são elas, vivas, a usar-nos, não há, fora delas, quais­quer coisas si­tu­adas ou a si­tuar: a fala e o mundo con­subs­tan­ciam-se em um mundo só, e pa­rece que re­nas­cemos. Tra­balha-nos um novo senso do real e do hu­mano.

A ex­pe­ri­ência da po­esia passa in­va­ri­a­vel­mente por isto, e que Hei­degger e Sartre já (a seu modo) fa­laram. O pró­prio sentir é já lin­guagem, talvez uma es­pécie de mú­sica. Porque a mú­sica é que nos sente, e não nós a ela. Ouço mú­sica, e se ela re­al­mente me fala, eu passo a ser, por um mo­mento, isto que ouço; e nunca mais dei­xarei, em certa me­dida, de o ser. Isto não é Mo­zart, na acepção bi­o­grá­fica do nome: é um certo modo de ser que nos é a todos.

Estes frag­mentos tex­tuais são talvez enig­má­ticos e se­gu­ra­mente lu­mi­nosos e re­pre­sentam uma ma­neira ma­te­ri­a­lista de pensar a po­esia e o seu laço com idên­tica ma­neira de con­ceber a acção. Mais im­por­tante ainda será apro­xi­marmos o que Óscar Lopes diz sobre a po­esia como «talvez uma es­pécie de mú­sica» do que Marx diz nos Ma­nus­critos eco­nó­mico-fi­lo­só­ficos de 1844: […] tal como só a mú­sica des­perta o sen­tido mu­sical do homem, tal como para o ou­vido não mu­sical a mais bela mú­sica não tem ne­nhum sen­tido, não é ne­nhum ob­jecto, porque o seu ob­jecto só pode ser a con­fir­mação de uma das mi­nhas forças es­sen­ciais, por­tanto só pode ser para mim assim como a minha força es­sen­cial é para si como ca­pa­ci­dade sub­jec­tiva, porque o sen­tido do ob­jecto para mim (só tem sen­tido para um sen­tido cor­res­pon­dente a ele) vai pre­ci­sa­mente tão longe quanto vai o meu sen­tido, pelo que os sen­tidos do homem so­cial são ou­tros sen­tidos que não os do não so­cial; so­mente pela ri­queza ob­jec­ti­va­mente des­do­brada da ci­ência hu­mana é em parte pro­du­zida, em parte de­sen­vol­vida a ri­queza da sen­si­bi­li­dade hu­mana sub­jec­tiva – um ou­vido mu­sical, um olho para a be­leza da forma, so­mente em suma sen­tidos ca­pazes de fruição hu­mana, sen­tidos que se con­firmam como forças es­sen­ciais hu­manas. Pois não só os cinco sen­tidos, mas também os cha­mados sen­tidos es­pi­ri­tuais, os sen­tidos prá­ticos (von­tade, amor, etc.), numa pa­lavra o sen­tido hu­mano, a hu­ma­ni­dade dos sen­tidos, apenas advêm pela exi­gência do seu ob­jecto, pela Na­tu­reza hu­ma­ni­zada.

A for­mação dos cinco sen­tidos é um tra­balho de toda a his­tória do mundo até hoje […]. A na­tu­reza que devém na his­tória hu­mana – no acto de sur­gi­mento da so­ci­e­dade hu­mana é a na­tu­reza real do homem, porque a Na­tu­reza, tal como devém através da in­dús­tria, ainda que em fi­gura ali­e­nada é a ver­da­deira Na­tu­reza an­tro­po­ló­gica.

A mú­sica, assim como as ou­tras artes, for­necem aos cinco sen­tidos e aos sen­tidos prá­tico-es­pi­tuais (a von­tade, o amor, etc.), os ob­jectos que, para serem re­ce­bidos, ne­ces­sitam de um de­sen­vol­vi­mento desses pró­prios sen­tidos. Por isso po­demos dizer que as artes são a ex­pressão sen­sível de uma cons­trução an­tro­po­ló­gica e his­tó­rica.

Óscar Lopes é autor de uma obra de re­fe­rência que é hoje uma obra de es­tudo não apenas para es­tu­dantes de li­te­ra­tura por­tu­guesa, mas para pro­fes­sores. A His­tória da Li­te­ra­tura Por­tu­guesa de Lopes e Sa­raiva, que conta já com 17 edi­ções, a úl­tima das quais emen­dadas graças ao labor, à atenção e à cri­a­ti­vi­dade do seu autor Óscar Lopes. Nos ca­pí­tulos que es­creveu e que foi ac­tu­a­li­zando, Óscar re­vela-se mais do que o tra­di­ci­onal his­to­ri­ador ro­mân­tico e po­si­ti­vista, não se deixa prender pelos gestos e ope­ra­ções de ar­ru­mação e ca­rac­te­ri­zação de de­ter­mi­nados au­tores que re­velam ser fil­tros ide­o­ló­gicos, ilu­sões pro­jec­tadas de uma luta de classes de que Óscar tem de ser crí­tico.

Um dos casos mais exem­plares desta sua ati­tude é o que faz com Ce­sário Verde na Obra Entre Fi­alho e Ne­mésio, Es­tudos de Li­te­ra­tura Por­tu­guesa Con­tem­po­rânea. Aí, Ce­sário Verde só é tra­ba­lhado na ter­ceira parte, Mo­der­nismo, já no início do 2.º Vo­lume. O ma­ni­festo ana­cro­nismo em re­lação a Ce­sário Verde é ex­pli­cado pelo seu autor tendo em conta o ca­rácter avan­çado da po­esia na obra de Ce­sário. Por outro lado esse ca­rácter avan­çado é as­si­na­lado e su­bli­nhado pela in­di­cação de que só a partir da se­gunda edição de O livro de Ce­sário Verde se co­meça re­al­mente a lê-lo. Assim, o his­to­ri­ador marca for­te­mente a mo­der­ni­dade es­pan­tosa de Ce­sário tra­zendo-o para mais perto de nós.

Outro caso da cri­a­ti­vi­dade de Óscar Lopes é o modo como ele pro­cura im­pedir que a uma época cor­res­ponda um só autor, o que sig­ni­fica que his­to­ri­ca­mente há sempre mais do que uma tra­dição. Assim se jus­ti­fica a va­lo­ri­zação de Aqui­lino Ri­beiro em face de Fer­nando Pessoa que per­mite abrir para uma ima­gi­nação solar que se con­trapõe a uma ima­gi­nação noc­turna e lunar.

A atenção ri­go­rosa ao con­texto de enun­ci­ação de uma obra per­mite-lhe en­con­trar ou­tras ma­neiras de ler certas obras. É o caso, por exemplo, de Ca­mões, do Padre An­tónio Vi­eira e de Ca­milo Pes­sanha.

In­te­lec­tual co­mu­nista

Óscar Lopes é um ver­da­deiro gi­gante na cul­tura por­tu­guesa e, en­tre­tanto, não era um homem ar­ro­gante, era um homem mo­desto que con­sa­grou muito do seu tempo de vida à in­ves­ti­gação cul­tural, à di­vul­gação ci­en­tí­fica de grande qua­li­dade, às ac­ções de for­mação em or­ga­ni­za­ções po­pu­lares, junto de pro­fes­sores ou de ope­rá­rios.

Na alo­cução a um en­contro de pro­fes­sores de por­tu­guês no dia 2 de Maio de 1996, Óscar Lopes en­cena uma breve e la­cunar his­tória da sua in­fância, um frag­mento da sua his­tória de vida, uma me­mória que oprime a pos­si­bi­li­dade de con­se­guir ex­tremar uma nota pura de sau­dade da sua in­fância porque há sempre um so­fri­mento, não sei se de mim ou de ou­trem, o querer mis­turar-se ao lado, ou a res­sumar do fundo, ou a anun­ciar-se o fu­turo. (Lopes, 1997: 11-12). Óscar diz: No meu Cur­ri­culum Vitae, edi­tado em se­pa­rata da Fa­cul­dade de Le­tras do Porto, em Ou­tubro de 1995, há cerca de 30 tí­tulos desde 1943,  sobre ma­téria de en­sino do por­tu­guês. Eu chamo a esta dis­ci­plina uma su­per­dis­ci­plina porque, no fundo, de­veria co­roar toda o en­sino ou toda a co­mu­ni­cação. É na língua ma­terna que tende a con­fluir tudo o que se aprende, e por isso esta é, por ex­ce­lência, a dis­ci­plina em que há sempre algo de novo, em que o pro­fessor com a in­te­gri­dade dos seus dons ul­tra­passa de longe o pró­prio pro­grama. É pre­ciso estar atento ao novo que se ex­prime li­te­ra­ri­a­mente, in­cluindo o mundo que se traduz em qual­quer língua es­tran­geira: desde o sé­culo XV que os por­tu­gueses estão a dar novos mundos ao mundo – porque o pla­neta Terra ainda, com quatro sé­culos de con­tacto di­recto, está muito se­pa­rado em con­ti­nentes in­ternos de ex­clusão. Hoje, um sa­té­lite ar­ti­fi­cial ro­deia o nosso pla­neta em 15 ou 20 mi­nutos em vez da­queles muitos meses de ex­pe­dição de Fernão de Ma­ga­lhães. Mas a África, donde pa­rece que todos (ne­gros, loiros ou ama­relos) vi­emos há cerca de 100 sé­culos – é um con­ti­nente (glo­bal­mente) de ig­no­rância, mi­séria e ex­plo­ração hu­manas. Que sa­bemos ofi­ci­al­mente da China, quase um quarto da po­pu­lação, que deu origem à mais an­tiga ci­vi­li­zação do mundo? Deu-nos o papel, a im­prensa, a pól­vora, a bús­sola, etc.), por outro lado, a «nossa gra­má­tica es­colar tem que con­dizer com a mais exacta das nossas dis­ci­plinas: a ma­te­má­tica, que as­senta não no al­ga­rismo (o al­ga­rismo de­cimal veio do Ori­ente, no sé­culo XII, com os árabes) , e só nos fa­mi­li­a­ri­zámos com este sis­tema de nu­me­ração no sé­culo XVIII - mas (como hei-de ex­plicar-me?) nas ope­ra­ções men­tais, que se re­a­lizam em qual­quer das 7 ou 8 mil lín­guas do mundo). É in­dis­pen­sável que o pro­fessor de língua ma­terna e o pro­fessor de cál­culo formal (ou ma­te­má­tico) se com­pre­endem um ao outro porque, de con­trário, somos nós que não nos en­ten­demos, somos nós que es­tamos im­po­tentes, pe­rante uma grande ma­ni­fes­tação de es­qui­zo­frenia real que já não pode vencer-se. É isto que, de es­sen­cial, vos digo sobre a dis­ci­plina que pra­ti­camos nas aulas.

Trata-se da emoção sen­tida quando atra­ves­sava «a ponte de ferro de Leça para Ma­to­si­nhos e via, no aglo­me­rado de barcos que ser­viam também de mo­radia, uma cri­ança morta, um an­jinho com um pra­tinho ao lado para de­po­si­tarmos a es­mola. De noite não havia luz e eu e os meus co­legas de aulas ex­tra­or­di­ná­rias (eu fre­quen­tava então a es­cola da Boa Nova em Ma­to­si­nhos), can­tá­vamos tão alto quanto pos­sível – não era de medo, va­reio não mata nem rouba, era só porque não sa­bíamos de mais nada para es­pantar aquela dor que pai­rava a poucos me­tros, sem nos dizer nada.

Essa dor era já ali in­to­le­rável. No mo­mento em que a pro­nun­ciava, Óscar dei­xava-se emo­ci­onar e o pú­blico aplaudia para dar tempo a que ele se re­fi­zesse e con­ti­nu­asse a alo­cução. Esta dor con­tinua in­tra­tável e cor­rompe toda a von­tade de cons­truir sen­tido para ela. Mas será esta dor do outro su­fi­ci­ente para jus­ti­ficar uma tão longa mi­li­tância co­mu­nista? No mundo de hoje esta dor não foi já er­ra­di­cada? Não, apenas foi es­que­cida ou des­lo­ca­li­zada. Mas é pró­prio do in­te­lec­tual co­mu­nista o des­mas­carar das men­tiras com que o ca­pi­ta­lismo pro­cura iludir a cons­ci­ência das massas, de­sig­na­da­mente te­cendo ilu­sões sobre a real au­sência de sen­tido da ex­plo­ração e da opressão.

 



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