Mulheres trabalham dois meses gratuitamente
DESIGUALDADE As persistentes disparidades salariais entre homens e mulheres levam a que as mulheres trabalhem os últimos dois meses do ano gratuitamente.
Em média os salários da mulheres são 16,
Por ocasião do Dia Europeu pela Igualdade Salarial, a Comissão Europeia publicou, dia 31 de Outubro um relatório que descreve os diferentes focos de desigualdade que continuam a penalizar as mulheres nos 28 estados-membros.
Em média, a diferença no valor/hora entre homens e mulheres atinge os 16,3 por cento, a desfavor das últimas. Daqui resulta que as mulheres trabalham 59 dias por ano sem remuneração.
Segundo o relatório, o fosso salarial é mais reduzido na Itália e no Luxemburgo (ambos com 5,5%) e Roménia (5,8%); e mais elevado na Dinamarca (22%), na República Checa (22,5%) e na Estónia (26,9%).
Em Portugal a diferença é 17,8 por cento, acima da média europeia, segundo os dados do documento, relativos a 2014.
Em relação a 2006, as diferenças salariais na UE apenas se reduziram 1,4 pontos percentuais, isto apesar de ser cada vez maior o número de mulheres com formação superior (33% contra 29% em 2006).
Porém, as discriminações não se verificam apenas a nível remuneratório. As mulheres tendem a trabalhar em sectores com baixos salários, têm menos promoções e estão sub-representadas nos cargos de gestão e direcção, estimando-se que apenas seis por cento dos cargos de direcção estejam ocupados por mulheres.
A Comissão Europeia constata ainda que «as mulheres tomam a seu cargo importantes tarefas não remuneradas, como o trabalho doméstico, o cuidado de crianças ou de familiares, em muito maior medida do que os homens».
De facto, os dados indicam que «os homens dedicam em média nove horas por semana na prestação de cuidados não remunerados e na realização de tarefas domésticas, enquanto as mulheres destinam 22 horas às referidas actividades, ou seja, perto de quatro horas diárias».