Está a tornar-se uma (boa) tradição. Aproveitando a concentração de veraneantes na Ericeira, muitos dos quais mafrenses que rumam àquela vila piscatória e balnear no período estival, a CDU realiza ali uma iniciativa política. Em toada festiva, como sucedeu na noite de domingo, 20, com o Projecto Bug a anteceder o período de intervenções e a prosseguir com a animação musical depois destas.

Se da festa está já dada nota, quanto ao comício propriamente dito, apresentado pelo cabeça-de-lista à Assembleia de Freguesia da Ericeira, Luís Bicho, há a assinalar a participação de Jerónimo de Sousa. Antes do Secretário-geral do PCP, intervieram, porém, os primeiros candidatos à Câmara e Assembleia municipais de Mafra.

O cabeça-de-lista ao órgão plenário do município mafrense, Eduardo Libânio, foi o primeiro a usar da palavra, tendo focado boa parte da sua comunicação a cadastrar os problemas para os quais comunistas e ecologistas alertam há pelo menos quatro anos, mas que, todavia, carecem de resolução por parte da gestão de maioria PPD/PSD. Casos do amianto nas escolas e da requalificação do parque escolar concelhio, das dívidas acumuladas no tratamento dos resíduos sólidos urbanos e na área da educação, bem como os custos da remunicipalização do serviço de água e saneamento.

O preço do regresso à esfera pública do serviço de água e saneamento, corrigindo um erro do passado, não pode recair sobre os consumidores. Isso defendeu Eduardo Libânio, mas também, posteriormente, José Alberto Cardoso, cabeça-de-lista ao executivo camarário que, além do mais, criticou fortemente a actual gestão PPD/PSD, assim como o PS, por fazerem recair sobre os munícipes uma taxa de IMI fixada no valor máximo permitido por lei.

Colocar o IMI em 0,3 por cento e lutar pelo fim das portagens na A21 (que liga a Ericeira à Venda do Pinheiro/A8), por mais e melhores serviços públicos, designadamente na área da Saúde, ou pela requalificação da Linha do Oeste são propostas da CDU na candidatura ao município.

Com uma intervenção incisiva, precedida de uma outra feita por Victor Cavaco, em nome do PEV, Jerónimo de Sousa encerrou o comício. Um dia depois de em entrevista publicada pelo Expresso António Costa ter recusado a incompatibilidade do desenvolvimento do País com a submissão de Portugal a mecanismos e constrangimentos externos (euro, dívida, entrega de sectores estratégicos ao capital transnacional), o Secretário-geral do PCP deu como exemplo o que está a suceder na Altice para refutar aquela crença do primeiro-ministro, uma vez que a destruição de postos de trabalho e de capacidade instalada estão a mostrar o efeito desastroso do longo processo iniciado com a privatização da então PT.