Eliminar as portagens na A23 para acabar com dupla penalização do interior

PCP quer ver abolidas as portagens na A23 – Autoestrada da Beira Interior que atravessa os distritos da Guarda, Castelo Branco, Santarém e Portalegre – e um projecto de resolução nesse sentido foi já entregue no Parlamento.

A redução do valor da portagem em 2016 ficou muito aquém do necessário

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A recomendação ao Governo para que proceda à abolição das portagens em toda a extensão daquela via tem como seu pressuposto de base o facto de se tratar de uma ex-Scut (via sem custos para o utilizador), sempre justificada com a necessidade de compensar as regiões do interior com medidas de discriminação positiva face às crescentes assimetrias regionais. Esse foi o objectivo que presidiu à sua construção mas que veio a ser contrariado com a aplicação de portagens, que na prática se constitui como «mais um elemento» de inegável cariz discriminatório e negativo para o interior.

«A introdução de portagens na A23 tem tido consequências profundamente negativas para as populações e para o tecido económico das regiões atingidas. Trata-se de uma dupla discriminação das regiões do interior», constatam os deputados comunistas no seu projecto de resolução, onde referem que as portagens «oneram de uma forma desproporcionada e injusta as populações e as empresas dos distritos de Santarém, Portalegre, Castelo Branco e Guarda», com muitas destas empresas a «pagar mais de portagens do que de IRC, adicionando-lhes um custo acrescido ao custo de produção, já por si elevado nestas regiões».

«Não se compreende ainda o facto de o custo por quilómetro de circulação na A23 ser superior, por exemplo, ao da A1. Não há nenhuma racionalidade», lê-se no diploma, que ilustra o elevado custo para quem utiliza esta via com um exemplo: o gasto médio mensal de um trabalhador que resida na Covilhã e que se desloque para Castelo Branco ronda os 116 euros, «o que corresponde a cerca de 20% do salário médio».

Sem alternativa

Os deputados comunistas assinalam, por outro lado, a inexistência de alternativas à A23 quer porque alguns troços foram construídos sobre anteriores itinerários quer pelo estado intransitável das vias que poderiam oferecer essa possibilidade , realçando por fim que os impactos «profundamente negativos» resultantes da introdução das portagens levaram a uma redução de «praticamente para metade» do tráfego registado naquela autoestrada.

Em contrapartida «registou-se um aumento de tráfego nas estradas nacionais», refere o PCP, que recorda ainda as «consequências negativas ao nível ambiental», e no «aumento de sinistralidade», além de que nos últimos anos não se observou «nenhum investimento» ao nível da manutenção daquelas estradas.

Para o Grupo Parlamentar do PCP é assim claro que a redução de 15% aplicada em 2016 ficou aquém do necessário «seis meses depois da introdução desta redução as alterações são muito pouco significativas», frisa , pelo que a «solução definitiva», do seu ponto de vista, passa pela eliminação das portagens, indo ao encontro do que defendem os trabalhadores e suas organizações representativas, as populações, autarquias e associações empresariais.




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