Flagelo social e de saúde pública

Carlos Gonçalves

A 26 de Junho, por decisão da ONU, acontece o «dia internacional de luta contra o consumo e o tráfico de drogas ilícitas», que assinala a gravidade mundial deste flagelo social e de saúde pública.

Mas a ideologia mediática dominante «noticia» em geral esta matéria mistificando a sua dimensão social e natureza sistémica, intrínseca à acumulação capitalista, e promovendo a alienação e o oportunismo, o que só faz sentido em defesa dos seus interesses de classe.

A crise e a integração capitalista europeia e a política de direita, em particular do anterior governo PSD/CDS, são responsáveis pela regressão económica e social que empurrou o agravamento da situação e os fenómenos conexos. E são culpados da destruição do IDT, a estrutura de resposta integrada do Estado nesta matéria.

A vida e as estatísticas demonstram a crescente perigosidade do canábis, o recrudescimento do consumo de heroína, o aumento de overdoses (40 em 2015), a inacessibilidade da troca de seringas, o reaparecimento de guetos em que se afundam dois mil doentes de dependência de drogas.

Esta não é uma situação comparável ao desastre que se viveu no cavaquismo e que a despenalização do simples consumo e a estratégia nacional humanista e progressista fez reverter, mas é uma situação grave que carece de respostas inadiáveis. Não pela via mediática mistificatória da «liberalização» do consumo e dos mercados (em proveito destes), não pela burla de confundir consumo lúdico e substâncias terapêuticas (de decisão científica), nem por milagreiras «salas de chuto» (que por Lei são programas de consumo vigiado com vista a encaminhar para tratamento). Mas pelo caminho do desenvolvimento, da melhoria dos direitos e rendimentos dos trabalhadores e do povo, do direito à saúde, à segurança social (e outros) e, em caso de toxicodependência, do direito ao tratamento e reinserção social, assegurado pelo Estado, por um serviço integrado, qualificado, humanista, progressista e eficaz.




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