Agir com determinação

Gonçalo Oliveira (Membro da comissão Política)

Passou meio ano desde o XX Congresso que reafirmou a determinação do PCP em lutar pela reposição e conquista de direitos e pela construção de uma política patriótica e de esquerda – os objectivos imediatos da actual etapa na luta pela democracia avançada.

A dimensão destas tarefas requer muito do militante comunista

Este compromisso levou-nos a estar diariamente junto dos trabalhadores e das populações. Sempre na primeira linha da luta, interviemos por objectivos concretos e demos corpo às aspirações do povo português por uma vida melhor, sem perder de vista que, ao fazê-lo, estamos a acumular as forças necessárias para atingir os nossos objectivos supremos.

Consequentemente, o Partido está mergulhado num período de intenso trabalho militante, com uma miríade de tarefas, em particular aquelas relacionadas com a preparação das próximas eleições autárquicas.

Como se isso não bastasse, interviemos numa realidade em que o aprofundamento da crise estrutural do capitalismo e a ofensiva do imperialismo geram incerteza quanto ao futuro e exigem que preparemos o Partido para cumprir o seu papel em circunstâncias muito complexas e de grande exigência.

Assim sendo, é de grande importância que o colectivo partidário esteja pronto a agir com determinação. Fazê-lo implica lutar contra as poderosas forças do capital e a intensa campanha ideológica que visa deturpar o papel do PCP, silenciar a sua acção, desacreditar a possibilidade – ou até mesmo a necessidade – de uma alternativa política, semeando resignação e medo nas massas.

Neste contexto, a afirmação da CDU e do seu projecto, pelo potencial que tem de atrair democratas e patriotas, é de inestimável valor para o reforço das condições políticas e sociais em que travamos esta luta no plano local e nacional.

A dimensão destas tarefas requer muito do militante comunista. Este precisa de conciliar a sua reflexão própria sobre as exigências da situação política com o estudo das posições dos Partido, tendo sempre presente o papel fundamental do seu reforço orgânico.

 

Trabalho exigente

A este propósito, vale a pena destacar o capítulo dedicado ao tema «Organização» na última edição de O Militante que condensa, em pouco mais de mil palavras, cerca de duas dezenas de tarefas políticas com vista ao reforço do Partido. Tal como lá se refere, este não se «produz de geração espontânea, implica atenção, orientações e medidas». Medidas que vão desde as tarefas mais simples às mais complexas, sendo que nenhuma delas pode ser considerada como sendo de fácil execução.

Mas isto é apenas parte do que urge fazer. No quadro dos objectivos do Partido estão colocadas ainda importantes tarefas de desenvolvimento da luta de massas, da iniciativa e intervenção política.

Curiosamente, não nos deixamos intimidar pela quantidade e premência destas tarefas. Antes pelo contrário. A história do PCP tem revelado que é nos momentos de maior exigência que se revela a fibra dos comunistas.

A constatação de que há insuficiências e dificuldades reais na nossa capacidade de organizar e intervir não nos deixa desencorajados. Serve para lembrar que temos de nos esforçar mais um pouco para chegar à aplicação correcta da orientação política que, mudando as coisas para melhor, nos traz a sublime alegria que resulta de um «êxito alcançado, não para benefício próprio mas para benefício do povo» – como escreveu Álvaro Cunhal no livro «O Partido com Paredes de Vidro».

Estamos numa época única da história humana. Temos conhecimento suficiente das leis gerais que governam o mundo para avançar com a confiança de quem sabe que está num caminho que pode ser estreito mas que é, todavia, o caminho escolhido pelos comunistas portugueses.

Aplicamos a teoria e prática revolucionárias que dão corpo ao ideal e ao projecto comunista e lutamos pela sua concretização, fazendo da actividade militante um motivo exaltante da vida.




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