É pela luta que lá vamos!

Vasco Marques

A situação nacional está marcada pela persistência de problemas estruturais que se reflectem com especial intensidade na juventude. Às questões mais imediatas juntam-se problemas que limitam a actuação dos jovens na luta pelos seus direitos. Desde a excessiva carga horária dos estudantes do Ensino Secundário e Profissional à precariedade e horários desregulados dos jovens trabalhadores, ao agravamento da ofensiva ideológica e dos ataques às liberdades e direitos democráticos, o quadro em que a juventude actua e se organiza é marcado por crescentes dificuldades e tem-se agravado ao longo dos anos.

A realidade da juventude está marcada por décadas de políticas de direita, num cenário em que a actual geração de jovens não conheceu outra realidade que não as políticas de retirada de direitos e destruição das conquistas de Abril. A brutal ofensiva ideológica complementa uma ofensiva social dirigida à juventude, que visa impor valores retrógrados, rever a História, mistificar a informação, impor conceitos que favorecem os interesses do grande capital, como a substituição de «trabalhador» por «colaborador» ou a identificação da caridade como solução para todos os problemas.

Procuram impor o medo, de modo a condicionar as potencialidades transformadoras da juventude. A participação democrática sofre crescentes limitações, com tentativas de impedir distribuição de propaganda política, Reuniões Gerais de Alunos e acções de luta. Condiciona-se a actividade sindical e associativa estudantil. Nas faculdades procura-se condicionar a propaganda política, utilizando o argumento que devem ser espaços neutros e «apolíticos», visando travar a afirmação das reivindicações dos estudantes e a sua luta, bem como apagar a intervenção dos comunistas. Em escolas secundárias tenta-se impedir os estudantes de afixar faixas na entrada, de distribuir documentos ou de organizar um protesto, utilizando inclusivamente a intimidação da polícia. Em inúmeras empresas, os trabalhadores são filmados durante todo o horário, sendo prejudicados caso sejam vistos em diálogos com comunistas ou dirigentes sindicais.

Neste quadro difícil, a juventude não deixa de lutar pelos seus direitos, o que se reveste de elevado alcance para o futuro. Para isso, encontra-se formas criativas para dinamizar a luta e chegar a mais jovens. Nas empresas, com turnos que dificultam a conciliação de disponibilidades, há trabalhadores que discutem a sua intervenção e que não deixam de ir à luta por vínculos efectivos. Nas escolas, em que os horários limitam a participação democrática, há estudantes que encontram tempo para se reunir nos intervalos de 20 minutos ou nas horas de almoço. Quando afirmam que é proibida afixação faixas, cartazes ou murais com as reivindicações dos estudantes, defendemos este direito exercendo-o, sabendo que o crime consiste não na afixação mas na destruição de propaganda política. Desenvolve-se hoje centenas lutas à porta de escolas, todas elas de enorme importância no passo que significam para a consciencialização dos estudantes, mas também valorosos actos de coragem de quem os assume.

O papel dos jovens comunistas na consciencialização e na agitação não pode ser desligado das lutas desenvolvidas e da participação democrática, nas suas diversas expressões. Mesmo quando é difícil dar a cara, os jovens comunistas fazem-no, sabendo que só a luta pode trazer vitórias. Usando formas criativas para encontrar soluções e contornar obstáculos, mantemos a «alegria de viver e de lutar», por ser «justa, empolgante e invencível a causa por que lutamos».

É neste quadro, de agravamento da ofensiva dirigida à juventude, mas também de intensificação da luta em torno de objectivos concretos e pela conquista de direitos, que a JCP, organização revolucionária da juventude, prepara o seu 11.º Congresso, que se realizará de 1 a 2 de Abril de 2017 em Setúbal, sob o lema «Conquistar o presente, construir o futuro – É pela luta que lá vamos!», num Congresso ligado à vida e à luta, em que aprofundaremos o conhecimento da realidade juvenil e das formas de dar resposta aos desafios colocados, sempre com o objectivo de reforçar a luta e a JCP.

 



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