Acordo tripartido em Moscovo

Rússia, Turquia e Irão procuram paz na Síria

Alepo foi libertada pelo exército nacional e aliados mas a guerra continua na Síria. No plano diplomático, há novas iniciativas para se alcançar a paz e uma solução política.

Acordo defende independência e integridade da Síria

Numerosas nações têm interesse em associar-se ao entendimento alcançado por Rússia, Turquia e Irão para relançar o processo de paz sírio. «Estão a decorrer contactos nesse sentido e muitos países, assim como diferentes grupos sírios, mostram vontade em juntar-se ao processo de paz», disse uma fonte diplomática russa à agência Ria Novosti.

Os ministros russo, turco e iraniano da Defesa e dos Negócios Estrangeiros reuniram-se em Moscovo a 20 de Dezembro e assinaram uma declaração final em que sublinharam a necessidade de ampliar o cessar-fogo na Síria e manifestaram a disposição de serem garantes de um futuro acordo entre o governo de Damasco e a oposição.

Muito importante, na declaração conjunta visando agilizar o processo político para alcançar a reconciliação e acabar com o conflito na Síria, as partes reiteraram o respeito pela soberania, independência e integridade territorial da Síria como país multiétnico, multiconfessional, democrático e laico.

No documento final ficou estabelecido que qualquer outro país pode juntar-se ao acordo, isto decerto a pensar nos Estados Unidos, na Arábia Saudita e no Catar, os principais promotores da guerra de agressão imperialista contra a Síria.

O vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros advertiu que os países do Ocidente devem ter em consideração este acordo russo-turco-iraniano. Serguei Riabkov admitiu que os Estados Unidos e a União Europeia talvez não tenham gostado de algumas cláusulas do acordo, mas considerou que «a vida é assim e terão de o aceitar e encarar a nova realidade».

A Síria vive desde 2011 uma guerra de agressão em que o exército nacional enfrenta grupos armados da oposição e organizações terroristas, entre as quais o autodenominado Estado Islâmico e a Frente Nustra (rebaptizada Fatah al Sham), ligada à Al-Qaeda, uns e outras financiados e armados pelos Estados Unidos e aliados.

Segundo as Nações Unidas, a guerra na Síria provocou entre 300 e 400 mil mortos.

«Passo hostil»

A Rússia qualificou de «passo hostil» e «conivência com os terroristas» a decisão de os Estados Unidos fornecerem mais armamento aos «rebeldes» na Síria.

«Em vez de fazer frente aos extremistas de toda a laia, como propomos há muito tempo, Washington aposta na concessão de ajuda militar a grupos anti-governamentais que muito pouco se diferenciam de bandidos», afirmou na terça-feira, 27, Maria Zakarova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia.

A responsável, citada pela agência Sputnik, recordou que a nova lei sobre despesas militares, promulgada no dia 23 deste mês pelo presidente Barack Obama, prevê a opção de fornecer armamento, incluindo sistemas anti-aéreos portáteis, aos «rebeldes» na Síria.

Estas armas, advertiu a porta-voz, poderão cair nas mãos dos jihadistas, com quem coopera a chamada «oposição moderada». Para Zakarova, «os Estados Unidos estão a proteger de facto o grupo terrorista Frente al Nusra, que é uma filial da Al-Qaeda», pelo que qualifica a medida de «conivência com os terroristas».

A decisão de Washington implica uma «ameaça directa para os aviões da força aérea russa, outros efectivos militares e a nossa embaixada na Síria, que foi atingida a tiro em mais de uma ocasião», pelo que Moscovo interpreta a medida como «um passo hostil» face à Rússia.



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