Energias redobradas
Avaliando as eleições de dia 16, a Direcção da Organização da Região Autónoma dos Açores do PCP considera que o resultado da CDU dá melhores condições para «continuar a luta por um projecto de futuro» para o arquipélago.
A CDU aumentou em percentagem e número de votos
LUSA
A análise aos resultados das eleições para a Assembleia Legislativa Regional e à situação política deles decorrente foi um dos pontos em debate na reunião da Direção Regional do PCP/ Açores (DORAA) realizada em Ponta Delgada no sábado, 22, cujas conclusões foram apresentadas publicamente dois dias depois, em conferência de imprensa. Quanto aos resultados, o Partido sublinha que muito embora estes tenham ficado aquém dos objetivos traçados, tem um grande significado que a CDU tenha crescido em percentagem e número absoluto de votos, o que, para os comunistas açorianos, reflecte a «intensa actividade política e institucional da CDU e representa a renovação ampliada da confiança que os açorianos depositam no seu projecto».
Particular destaque merece a «retumbante vitória da CDU na ilha das Flores, resultado de anos de trabalho paciente e empenhado, a nível local e regional, mas também da dinâmica e empenhamento da candidatura da CDU» nessa ilha. A eleição de João Paulo Corvelo pelas Flores permitiu manter a representação parlamentar da CDU na Assembleia Legislativa Regional, valoriza a DORAA.
Para lá dos números, o PCP realça ainda a «determinação, força e alegria» com que os candidatos e activistas da CDU se empenharam numa «grande campanha de contacto directo, esclarecimento e mobilização dos açorianos», em todas as ilhas, concelhos e freguesias do arquipélago. O Partido sublinha ainda a intervenção ímpar da campanha da CDU, que colocou «com seriedade propostas determinantes para o futuro dos Açores, apontando os problemas, as lacunas, as promessas por cumprir e os resultados negativos de décadas de maioria absoluta do PS», ao mesmo tempo que deu voz ao «descontentamento das populações». Ao fazê-lo, acrescentou mais força à «exigência de uma profunda mudança de políticas» no arquipélago dos Açores.
Abstenção mascara quebra
Para além dos resultados alcançados pela CDU, o Partido realça a «significativa perda de nove mil votos e a perda de um mandato» por parte do PS, considerando porém negativa a manutenção da maioria absoluta, o que lhe permite continuar as «políticas que têm travado o desenvolvimento das várias ilhas e aumentado as dificuldades de todos os açorianos». A elevada abstenção verificada nas eleições, que potenciou e ampliou um resultado negativo para o PS, é um «reflexo claro da decepção dos eleitores com o sistemático não cumprimento de compromissos, as campanhas e promessas demagógicas», sublinham ainda os comunistas.
Ainda sobre a abstenção, o PCP justifica-a com a «aparente falta de alternativas que é fomentada pela ideia de que as eleições se destinam apenas a eleger o presidente do Governo Regional», uma «falsa noção» que PS e PSD se esforçam por propagar e que a comunicação social acriticamente acolhe e difunde.
Propostas actuais e válidas
Avaliando a situação económica e social da região, a DORAA garante que ela demonstra em primeiro lugar a «justeza e a urgência crescente das 12 medidas urgentes expressas no programa eleitoral da CDU, bem assim como de todas as propostas sectoriais que constam do compromisso eleitoral firmado com o povo açoriano», pelos quais os comunistas se continuarão a bater. Muito embora não tenham estado sob o foco das atenções da opinião pública durante o período eleitoral, as dificuldades sentidas pelos açorianos agravaram-se nos últimos meses, o que é desde logo confirmado pelo aumento do número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção, em contraciclo com o que sucede no continente.
A par dos baixos salários, concluíram ainda os comunistas, aumenta ainda a precariedade e a exploração dos trabalhadores, em particular no sector do turismo, mas não só. O recurso abusivo a estágios ocupacionais é também criticado.
Quando se inicia uma nova legislatura na região, o PCP reafirma o papel estruturante de algumas empresas do sector público empresarial regional, como a EDA, a SATA, a SINAGA e a Conserveira de Santa Catarina. Sendo, como são, estratégicas para o desenvolvimento harmonioso da região, o Partido considera que elas «devem continuar no domínio e controle público».