Projecto de futuro para os Açores
«Mais deputados da CDU nas eleições de 16 de Outubro é uma condição para retirar a maioria absoluta ao PS, para penalizar a sua governação na região, para fazer valer os interesses dos trabalhadores», afirmou Jerónimo de Sousa que sexta-feira e sábado, 23 e 24, esteve em Ponta Delgada e na Horta em acções de pré-campanha para as eleições legislativas regionais.
«É preciso tirar a maioria absoluta ao PS para penalizar a sua governação na região», disse Jerónimo de Sousa
Num périplo de dia e meio que incluiu as ilhas de São Miguel e do Faial, o Secretário-geral do PCP participou no Encontro Regional que aprovou o programa com que a Coligação PCP-PEV se apresenta aos açorianos. «Um projecto de Futuro para os Açores» é a proposta da CDU, que entre as linhas orientadoras e a sua tradução concreta para todas as áreas faz sobressair doze medidas que pretende ver aplicadas com carácter de urgência com o objectivo de repor rendimentos, aliviar as dificuldades das famílias e relançar a criação de emprego (ver caixa).
A ideia-chave pela qual a CDU se bate no sufrágio do próximo dia 16 de Outubro é a necessidade de as políticas públicas naquela Região Autónoma assentarem numa perspectiva de médio e longo prazo que dê resposta aos défices económicos estruturais, aos grandes problemas de fundo que atingem a sociedade açoriana; que vá para lá dos ciclos eleitorais» e coloque «os rendimentos das famílias, o desenvolvimento dos sectores produtivos, o emprego e a coesão no centro da sua acção», sublinha-se em nota divulgada pelo gabinete de imprensa da CDU nos Açores.
Nesse sentido, a Coligação diferencia-se das demais forças políticas pelo «projecto e programa que é um compromisso com os açorianos», disse Jerónimo de Sousa no Encontro Regional realizado na tarde de sábado em Ponta Delgada. Um compromisso cuja cumprimento os açorianos sabem ser sério, acrescentou, lembrando que foi pela mão dos deputados do PCP na Assembleia da República que se deu voz às aspirações da população da região, e pela luta dos trabalhadores, na qual os eleitos do PCP e o PEV assumiram sempre a primeira linha, que se conquistaram direitos.
Objectivo claro
A «CDU é uma força com uma só cara e uma só palavra», não é «uma fotografia com um lema que hoje é dito e que daqui a dois anos ninguém se lembrará», acrescentou o Secretário-geral do Partido aludindo à discrepância de posições assumidas pelos deputados eleitos por PS, PSD e CDS no arquipélago e nos parlamentos nacional e europeu, e antes de introduzir o objectivo central da batalha que enfrentam candidatos e activistas da CDU à Assembleia Legislativa Regional dos Açores (ALR): «é preciso tirar a maioria absoluta ao PS para penalizar a sua governação na região» e «fazer valer os interesses dos trabalhadores e da região».
«Nesta batalha não se trata de maledicência, não se trata de procurar alguma penalização do Partido Socialista», precisou. Trata-se de «demonstrar que enquanto essa maioria absoluta [do PS no parlamento regional] existir os problemas não se resolvem», insistiu o dirigente comunista, que no Encontro revelou que «foram alguns socialistas» que acusaram o Governo Regional de se ter «esquecido das pessoas, inclusive daqueles que tinham votado neles».
«Com a maioria absoluta na mão, não precisam já da opinião dos seus próprios eleitores e daqui a quatro anos logo se verá» acusou ainda Jerónimo de Sousa, para quem o objectivo de reforçar a CDU na ALR dos Açores, pese o combate desigual, é possível.
Para isso «é preciso estar na rua, nos locais de trabalho, junto dos trabalhadores, dos homens da lavoura, do mar, de toda a população», disse, apelando aos presentes a que «não entreguem esta luta ao cuidado dos candidatos».
Candidatura abrangente
O Secretário-geral do PCP já havia notado que a candidatura da CDU, para além de militantes do PCP e do PEV, integra «democratas e cidadãos independentes que ali encontram a sua forma de participação e intervenção. Aníbal Pires, primeiro candidato pelo círculo eleitoral de São Miguel e actual deputado do PCP no parlamento regional, realçou outro factor que faz da CDU um projecto abrangente. Temos «um programa que vai de encontro às necessidades de desenvolvimento de cada uma das ilhas», não somos «um bloco de vaidades suportado por um bloco de interesses», disse.
Não estamos aqui com projectos políticos pessoais, não estamos aqui para alimentar as nossas vaidades e servimos só os trabalhadores e o povo açoriano», frisou ainda Aníbal Pires, antes de reiterar que retirar a maioria absoluta ao PS nos Açores é «uma necessidade para a região».
Doze medidas urgentes
No Encontro Regional realizado em Ponta Delgada, coube a Aníbal Pires dar a conhecer as 12 medidas urgentes que a CDU propõe para os Açores. Num programa eleitoral em que se dá a conhecer o diagnóstico e as medidas concretas para as áreas da Agricultura, Pescas, Trabalho, emprego e direitos, Políticas Públicas e Sector Público, Turismo, Transportes, Ambiente, Saúde, Educação, Ciência e Cultura, assume-se o objectivo de «melhorar a vida dos açorianos» e aliviar as suas dificuldades». Não apenas porque é justo, mas igualmente porque é «o único rumo para reactivar a economia regional e traçar um futuro de crescimento e desenvolvimento para os Açores», frisa-se.
Assim, face à «grave crise social e económica que os Açores atravessam», a CDU inscreve no leque das prioridades «um conjunto de medidas urgentes que permitirão, no imediato, melhorar os rendimentos dos açorianos, relançar a geração de riqueza e a criação de emprego:
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Aumento do Salário Mínimo e do acréscimo regional de 5% para 7,5%;
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Redução do preço da electricidade;
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Eliminação das taxas moderadoras na saúde;
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Combate ao trabalho precário e abuso de programas ocupacionais;
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Redução da taxa mais alta do IVA;
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Manuais escolares gratuitos;
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Viabilização e modernização da Sinaga;
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Aumento do Complemento Regional de Pensão, Abono de Família e Remuneração Complementar;
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Reforço do corpo de Vigilantes da Natureza e da fiscalização ambiental;
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Reforço e adequação da frota da Sata;
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Melhorar o escoamento do pescado para aumentar rendimento dos pescadores ;
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Aplicação do estatuto da agricultura familiar, fomento da diversificação agrícola e regulação dos mercados do leite e da carne».