Guerrilheiros da paz
Termina amanhã a Conferência das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo, na qual as bases guerrilheiras devem aprovar o acordo de paz com o governo colombiano, anunciado a 24 de Agosto.
A disposição é intervir politicamente sem armas
Caso os cerca de 200 delegados que participam na reunião magna, incluindo 29 membros do estado-maior e 24 combatentes libertados provisoriamente para participarem nos trabalhos, aprovem a proposta da direcção, as FARC–EP vão assinar no próximo dia 26, em Cartagena das Índias, o texto negociado em Havana, Cuba, entre a guerrilha e o governo colombiano.
O documento, no entanto, só entrará em vigor no caso de ser aprovado por pelo menos 4,5 milhões de eleitores no referendo convocado para dia 2 de Outubro. Da parte das FARC–EP, anteontem, e ao cabo de quatro dias de congresso, a disposição maioritária era passar a intervir politicamente sem armas, desde que estejam asseguradas as condições para tal.
Isso mesmo confirmou o comandante Pablo Catatumbo, membro do Secretariado Nacional das FARC–EP, pese embora tenha sublinhado as preocupações manifestadas pelos delegados a respeito do desarmamento dos grupos paramilitares e do recuo das unidades militares responsáveis pelos combates, e relativas às respostas económicas e sociais necessárias por parte do governo liderado por Juan Manuel Santos.
Na abertura da Conferência, cujo lema é «Reconciliação Nacional, Paz com Justiça Social e Democracia Avançada», o líder das FARC–EP, Rodrigo Londoño Echeverri – «Timochenko», insistiu que é «todo um povo que tem batalhado pela paz há 52 anos» e que «o nosso compromisso indeclinável para com esse povo deve ser ratificado».
«Para as FARC–EP e para o nosso povo, a maior satisfação é constatar que ganhou a paz», disse ainda «Timochenko» ao intervir no passado sábado, 17.
Estima-se que o conflito na Colômbia tenha provocado 260 mil mortos, quase meia centena de milhar de desaparecidos e cerca de sete milhões de deslocados.