Resistência e luta vão continuar

Resultados na DHL

Foram alcançadas conquistas no pagamento do trabalho suplementar, no combate ao trabalho temporário, na organização dos horários e na melhoria de condições de trabalho na DHL, mas a luta vai prosseguir.

A pressão dos trabalhadores e do sindicato acabou por forçar uma resposta patronal

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«Todas as conquistas que conseguimos são fruto da resistência e da luta dos trabalhadores», realça o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, na «folha sindical» de Agosto dirigida ao pessoal da DHL, multinacional alemã do sector da logística. No documento do CESP/CGTP-IN dá-se conta dos resultados de uma reunião, em meados de Julho, com a direcção da empresa, que mostrou «abertura para analisar práticas diferentes» no tratamento da revisão salarial.
Este é o principal tema das reivindicações que o sindicato mantém. Depois de uma actualização salarial de apenas um por cento e «só para alguns trabalhadores», como o CESP tinha protestado, em Maio, insiste-se agora na exigência de que o salário mais baixo, na DHL, passe a ser de 600 euros.
O trabalho suplementar, executado em dias feriados e de descanso complementar e obrigatório, passou a ser remunerado com um acréscimo de cem por cento (em vez de 50 por cento).
Passaram de agências de trabalho temporário para contrato com a DHL 43 trabalhadores. Em Maio, o CESP tinha noticiado que isto mesmo ocorrera com 67 trabalhadores, enquanto 23 funcionários da DHL que estavam com contrato a termo tinham passado a efectivos. Mas o sindicato persiste no objectivo de que a cada posto de trabalho permanente corresponda um vínculo laboral efectivo.
Começaram a ser tomadas medidas para melhorar as condições de trabalho no armazém de Alverca, onde o CESP vinha apontando um vasto conjunto de problemas de ergonomia.
«Conseguimos a aplicação das regras legais de alteração de horários de trabalho, nomeadamente quanto à obrigatoriedade de afixação das alterações com, pelo menos, uma antecedência de sete dias, e a um período de descanso de, pelo menos, onze horas seguidas entre dois períodos diários de trabalho consecutivos», refere-se ainda na informação mais recente. Passou a ser cumprida a lei também no que respeita à mudança de turnos.
A direcção da DHL assegurou que «vão ser tomadas providências para analisar a veracidade» de práticas, denunciadas pelo sindicato e pelos trabalhadores, de intimidação e repressão.
O CESP salienta, por fim, que «continuaremos a luta pelo aumento dos salários, pela valorização do trabalho e pela dignificação dos trabalhadores».

 

Pingo Doce de novo

«Falta agora aumentar todos os restantes trabalhadores, nos mesmos 15 euros anunciados para as novas contratações», reclamou o CESP, num comunicado que distribuiu no início de Agosto no Pingo Doce, a propósito da informação de que os salários para quem comece neste mês a trabalhar na empresa serão de 550 euros, nas lojas, e 555 euros, nos armazéns.
Tal como já avançara numa nota de imprensa, o sindicato «valoriza» estes aumentos e considera-os «um primeiro passo», recusando que a cadeia de supermercados e o Grupo Jerónimo Martins Retalho não reconheçam «a experiência e a qualificação dos trabalhadores». O sindicato indica os exemplos de operadores de supermercado, cujos salários variam entre 540 e 630 euros, recordando que «esta empresa, só no primeiro trimestre de 2016, viu os seus resultados líquidos subirem de 65 para 77 milhões de euros».

Esta segunda-feira, a direcção regional de Lisboa do CESP atribuiu ao Pingo Doce, «mais uma vez», o título de «campeão das más condições de trabalho», revelando que, na loja de Algés, no dia 4, uma trabalhadora, portadora de diabetes, «desmaiou e teve de ser socorrida, depois de ter pedido à chefia que precisava de fazer a pausa para comer». O sindicato assegura que «a empresa tem conhecimento dos problemas de saúde, bem como das orientações médicas de que de duas em duas horas a trabalhadora tem necessidade de comer», mas acrescenta que «o desrespeito pela vida e integridade dos trabalhadores já motivou por diversas vezes desmaios» e «não é a primeira vez que esta situação acontece na loja».
Afirmando que «casos como estes não são isolados, são cada vez mais as doenças ligadas às doenças músculo-esqueléticas (tendinites) e doenças do foro psicológico», o CESP recorda que «tem vindo, ao longo destes anos, a denunciar as práticas desumanas, os ritmos de trabalho altamente lesivos para a saúde dos trabalhadores», mas «o Pingo Doce recusa reunir» com o sindicato, «alegando não existirem problemas nos locais de trabalho e incumprimento das regras» e faltou duas vezes a reuniões de negociação na DGERT (Ministério do Trabalho).

 



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