Arriva degrada TST
A gestão do Grupo Arriva na Transportes Sul do Tejo «tem degradado em muito o serviço prestado», acusou a União dos Sindicatos de Setúbal, contestando uma alegada falta de motoristas.
O lucro é obtido à custa de trabalhadores e utentes
Sobre os efeitos das opções da administração da TST – empresa que desde 2003 pertence ao Grupo Arriva, o qual, por seu turno, desde 2010 faz parte do universo da multinacional alemã Deutsche Bahn – a estrutura distrital da CGTP-IN demonstrou «preocupação». Numa nota de imprensa que emitiu no dia 4, quinta-feira, a União alertou que a gestão privada está «a degradar um serviço público» que deve garantir «a mobilidade da população» da península de Setúbal, em vez de provocar o seu «encarceramento em casa».
Para a USS/CGTP-IN, «tal gestão tem como consequência a ausência de cumprimento do serviço programado (fixado nos horários) e leva a que milhares de utentes fiquem privados dos transportes». Ora, «perante a reclamação dos utentes, a empresa responde falaciosamente, argumentando que o serviço não se realiza devido à falta de pessoal operacional (motoristas).
Com respostas destas, os responsáveis da empresa tentam «virar utentes contra trabalhadores, com a finalidade de esconder os seus actos de gestão prejudiciais ao bom funcionamento da empresa», acusa a União, apontando como principal motivo «a falta de autocarros, que estão imobilizados por avaria».
Em média, por dia, ficam imobilizados por avaria mais de 90 autocarros, problema agravado com outra média diária: mais de 15 desempanagens.
O mau estado da frota, afirma a USS, é ilustrado com o facto de que «dezenas de motoristas todos os dias se apresentam ao serviço e não têm viatura para trabalhar».
Quanto à invocada falta de pessoal, a União interroga se a empresa «se está a referir à falta de recursos humanos no sector oficinal», notando que esta falta é da inteira responsabilidade da TST, «pois não é com precariedade (recurso a trabalhadores estagiários) que se resolve a falta de mecânicos e electricistas, mas sim com a contratação de mecânicos e electricistas, pois faltam cerca de duas dezenas de trabalhadores nesta área».
Por outro lado, «não é com 600 euros de salário mensal que se valoriza quem presta um serviço necessário e imprescindível».
A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações tinha reafirmado, dias antes desta posição da USS, a decisão de «dinamizar a luta e a mobilização para a campanha “Trabalhadores e utentes querem respostas urgentes”», com um conjunto de iniciativas em preparação para a quinzena de 12 a 23 de Setembro. A Fectrans/CGTP-IN inseriu esta declaração num comunicado em que criticou o veto do Presidente da República às alterações dos estatutos da STCP e da Metro do Porto, considerando que esse acto «só pode ser entendido como um veto a um serviço público de transportes».
Para a Fectrans, o PR «demonstrou que, apesar dos afectos, continua ligado à política de direita que apoiou e que, caso não tivesse havido o afastamento do PSD e CDS do governo, teria levado à privatização das empresas públicas, transformando o direito ao transporte público de qualidade e com características sociais, num negócio dos grupos económicos e financeiros».
Urgência
no Barreiro
No dia 5, num plenário de enfermeiros do serviço de Urgência do Hospital do Barreiro, foi exigido o recrutamento de mais profissionais e medidas para melhorar as condições de trabalho e de atendimento dos utentes. Na reunião, promovida pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses e na qual esteve também a enfermeira-directora do serviço, foi renovado o alerta quanto ao risco de exaustão, porque todos os dias três ou mais profissionais têm de prolongar o trabalho para o turno seguinte, sem o devido descanso, o que acarreta prejuízo para a saúde dos próprios e para a segurança dos doentes.
Zoraima Prado, dirigente do SEP/CGTP-IN, explicou aos jornalistas que foi lançado um abaixo-assinado e estava prevista uma reunião com a administração nos próximos dias, pelo que os enfermeiros iriam aguardar uma semana pela resposta aos problemas colocados, admitindo avançar para formas de luta.
No plenário de dia 5, foi transmitida pela directora a intenção de desbloquear 15 vagas, mas a necessidade apurada pelo SEP é de 69 enfermeiros.
Manobras da Brisa
«O Grupo Brisa prepara mais um Verão quente para trabalhadores e utentes das auto-estradas», avisou o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal. Na «folha informativa» de Agosto, em distribuição na empresa, o CESP/CGTP-IN alerta que, com um aumento exponencial do tráfego, «mais uma vez vamos ter filas, máquinas que não devolvem troco ou que não aceitam notas de 50 euros, utentes nas bermas sem assistência, utentes em algumas portagens sem forma de resolver problemas ou obter uma simples informação».
O sindicato acusa a Brisa de ter uma política de «quanto pior, melhor», porque conhece as necessidades mas «aplica a cartilha habitual, com redução de pessoal, ausência de contratações (para fazer face ao aumento de tráfego, períodos de férias, baixas, etc.) e aumento das cargas de trabalho».
Recordando que já houve duas distribuições de dividendos este ano e admitindo que haverá outra até Dezembro, o CESP acusa o Grupo Brisa de manter uma política de «maximização dos lucros à custa da pressão sobre os trabalhadores e da degradação do serviço prestado aos utentes».