Uma campanha com balanço positivo

Solução está nas mãos dos trabalhadores

Paulo Raimundo

Desde o dia 18 de Fevereiro que o Partido está na rua, empresas, locais de trabalho e outros locais de concentração em contacto com os trabalhadores e as populações e a procurar concretizar os objectivos a que se tinha proposto com a campanha «Mais direitos, mais futuro. Não à precariedade».

 

Segunda fase da campanha começa após a Festa do Avante!

Fazer frente ao flagelo social da precariedade; afirmar as propostas do PCP para lhe dar combate; dar ânimo à organização e mobilização dos trabalhadores, em particular dos jovens trabalhadores; contribuir para o reforço do movimento sindical de classe e reforçar o Partido, com mais recrutamentos, mais células e mais acção política, constituem em síntese os objectivos a que nos propusemos.

Aqui chegados podemos afirmar que não só cumprimos os objectivos a que nos tínhamos proposto, como também aumentámos em muito a nossa responsabilidade para e com os trabalhadores, em particular junto das novas gerações.

Com as organizações do Partido profundamente envolvidas, durante este período foram realizadas mais de um milhar de diversificadas iniciativas (tribunas, torneios desportivos, secções e audições públicas, comícios; acções de contacto em centenas de empresas e locais de trabalho, muitas delas pela primeira vez; iniciativa institucional na Assembleia da Republica com a apresentação de propostas e forçando o debate sobre a precariedade como aconteceu no dia 21 de Março; acções de solidariedade e ânimo à luta dos trabalhadores) que colocaram a campanha na rua, junto dos trabalhadores e das populações.

Procurando potenciar todas as plataformas de afirmação da iniciativa, foi no contacto directo que a campanha ganhou forma. Para além da distribuição do jornal da campanha e outras edições centrais, uma das maiores riquezas políticas da campanha foram as centenas de documentos concretos editados pelas organizações do Partido. Documentos de denúncia dos problemas concretos, de demonstração da solidariedade do PCP e de apelo à mobilização e organização dos trabalhadores.

Passados seis meses do início da campanha, o Partido aprofundou o conhecimento sobre a dimensão e as expressões concretas da precariedade, conheceu novas empresas, novos locais de trabalho, interveio junto de novos sectores, confrontou-se com realidades que até aqui desconhecia, contactou com trabalhadores que até agora não tinha contactado.

Vale a pena lutar

Trata-se de uma primeira fase da campanha de onde o Partido sai com o seu prestígio junto dos trabalhadores reforçado, mas vê crescer em muito as suas responsabilidades em particular junto das novas gerações de trabalhadores.

Foram milhares os trabalhadores que acompanharam o nosso diagnóstico e as nossas propostas, mas foram também muitos os que, apoiando-nos, se questionavam e nos questionavam: O que fazer?

Uma pergunta tão antiga como a própria resposta. Naturalmente que o PCP continuará a sua intervenção e acção política e cumprirá o seu papel, mas está nas mãos dos próprios trabalhadores e na sua luta, organização, no reforço do seu movimento sindical de classe e do seu Partido, a solução para os seus próprios problemas, que em primeiro lugar terão de ser consagrados nas empresas e locais de trabalho, questão central.

Esta é a resposta a dar por muito difícil que ela seja. Uma resposta para a qual a campanha e a acção do Partido deu já um grande contributo. Assim foi pela denúncia da situação, assim foi pelos alertas que deixou aos trabalhadores, assim foi pelo ânimo que deu para a mobilização quer dos trabalhadores quer do movimento sindical.

Constituem exemplos de que vale a pena denunciar, alertar e acima de tudo organizar e lutar, as conquistas verificadas no período da campanha e por sua influência directa; a vitória na FUNFRAP, em que a denúncia pública da precariedade na empresa precipitou a passagem de 50 trabalhadores a efectivos e 100 outros da ETT a contratados da própria empresa; o caso dos 30 trabalhadores da Key-Plastic Portugal, em Vendas Novas, com vínculos precários há mais dois anos, que passaram a ter contrato com a empresa, ainda que a termo; a passagem de dois jornalistas da RTP / Madeira da situação de trabalhadores a recibos verdes para o quadro da empresa; ou de ter sido possível, através da nossa denúncia numa empresa municipal do Funchal, garantir a passagem do horário de trabalho das 42 para as 35 horas
semanais.

Distribuímos milhares de documentos, animámos para a luta centenas de trabalhadores, recrutámos dezenas de lutadores e acabámos a primeira fase da campanha reforçados e com uma enorme responsabilidade. A responsabilidade junto dos trabalhadores que só o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores pode ter, a responsabilidade de organizar, mobilizar e animar a luta pelos seus interesses de classe.

A segunda fase da campanha, após a Festa do Avante!, apresenta-se assim não de menor exigência do que a do período que agora terminámos.

O grande desafio que o Partido enfrenta para a segunda fase da campanha é como envolver ainda mais os trabalhadores, em particular as nova gerações, na resolução dos seus problemas concretos.

Certamente que a experiência acumulada desta primeira fase da campanha, assim como a Festa do Avante! com o justo destaque que dará ao conjunto destas matérias, darão elementos e experiências para que desenvolvamos uma segunda fase da campanha que corresponda ao conjunto de anseios registados, aproveitando, sem ilusões, todas as oportunidades que o novo quadro político pode possibilitar de avanços no combate ao flagelo da precariedade. Mas não haverá avanço legislativo possível sem que no plano das empresas e locais de trabalho se desenvolvam importantes e fortes movimentos de luta e acção reivindicativa.

 



Mais artigos de: Em Foco

Basta de submissão

«Basta de submissão à União Europeia e ao euro» é uma consigna que talvez como nunca hoje se impõe em nome do interesse dos trabalhadores, do povo, do desenvolvimento do País, da soberania e independência nacionais», afirmou Jerónimo de Sousa num comício realizado em Queluz, Sintra.

Combater a precariedade<br>de viva voz

O cineteatro Constantino Neri, em Matosinhos, foi pequeno para acomodar as centenas de pessoas que na passada quarta-feira, 29 de Junho, afluíram ao comício da Organização Regional do Porto para assinalar o encerramento da primeira fase da campanha «Mais direitos, mais futuro. Não à precariedade».

«Este é um tempo de iniciativa»

«Nesta nova fase da vida nacional, que se inaugurou em consequência das eleições legislativas de Outubro e da derrota do governo do PSD/CDS, cedo decidimos colocar como uma importante prioridade do nosso trabalho, intervenção e luta política, a defesa, reposição e conquista de direitos dos trabalhadores e do nosso povo – e nela dar particular destaque à batalha do direito ao trabalho e ao trabalho com direitos, na qual se insere a campanha nacional do PCP «Mais direitos, mais futuro – não à precariedade», cuja primeira etapa de um prolongado caminho de combate se encerra com este comício aqui em Matosinhos», disse o Secretário-geral do PCP no discurso que encerrou a iniciativa, e do qual publicamos excertos.