no processo para o referendo
Venezuelanos a favor do diálogo
Maioria dos venezuelanos apoia a realização de negociações entre governo e oposição para resolver os problemas económicos do país, revela sondagem divulgada este domingo, 19.
84 % dos venezuelanos rejeitam qualquer intervenção militar no país
Segundo a mais recente pesquisa da Hinterlaces, 74 por cento dos venezuelanos está a favor do diálogo entre o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), liderado pelo presidente Nicolás Maduro, e a Mesa da Unidade Democrática (MUD), coligação de partidos da oposição que detém a maioria na Assembleia Nacional. A sondagem revela também que a maioria da população vê com bons olhos o estabelecimento de uma mesa negocial com a presença do governo e da oposição para chegar a uma solução conjunta para as dificuldades económicas que o país enfrenta.
O estudo, citado pela Prensa Latina, indica que 67 por cento se opõem a uma mediação internacional visando a demissão de Nicolás Maduro e que a esmagadora maioria (84%) está contra qualquer tipo de intervenção militar na Venezuela.
Já a mediação internacional para promover o diálogo – como a que está a ser promovida por Maduro com a patcicipação dos ex-presidentes José Luis Rodríguez Zapatero, de Espanhaa; Leonel Fernández, da República Dominicana, e Martín Torrijos, do Panamá – reúne o consenso de 82 por cento dos inquiridos, sendo rejeitada por apenas 15 por cento.
A percentagem de apoiantes aumenta face à questão se a diplomacia da Igreja Católica seria benéfica para o estabelecimento do diálogo entre as principais forças políticas: quase nove em cada dez venezuelanos (89%) considera que a mediação do Papa Francisco seria benéfica, manifestando-se contra essa opção apenas nove por cento.
Quem sai mal nesta sondagem é a Organização de Estados Americanos (OEA), avaliada negativamente por seis em cada dez dos inquiridos (60%), enquanto menos de um terço faz uma apreciação positiva e 13 por cento não se pronuncia.
Até os mortos assinam
Os resultados apresentados pela Hinterlaces – baseados em entrevistas a 1580 pessoas realizadas entre 7 e 15 de Junho – foram divulgados na véspera do início do processo de validação de assinaturas para tentar activar o referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro, que decorre de 20 a 24 de Junho em 128 locais estabelecidos para o efeito pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
Segundo informou a presidente do CNE, Tibisay Lucena, a MUD entregou no dia 2 de Maio um milhão 957 mil 779 assinaturas, das quais 605 mil 727 não cumprem os critérios estabelecidos na lei eleitoral; a oposição, tentando fazer crer que existe no país um generalizado descontentamento popular, não hesitou em apresentar nomes de presos, menores de idade e até mesmo de pessoas falecidas. A manobra levou o presidente Maduro a apresentar queixa ao Supremo Tribunal de Justiça e milhares de pessoas retiraram os seus nomes do processo.
Recorde-se que a oposição pretende que o referendo revogatório se realize antes de 11 de Janeiro, pois no caso de a destituição do presidente vencer serão convocadas eleições; depois dessa data, mesmo que a oposição vença no referendo, já não haverá eleições antecipadas, ficando os destinos do país nas mãos de um vice-presidente designado por Maduro.
Os recém-formados Comité Locais de Abastecimento e Produção (CLAP) estão prontos a atender as necessidades básicas de seis milhões de famílias em todo o país, anunciou no início da semana o ministro venezuelano da Comunicação e Informação, José Luis Marcano. Criados na situação de emergência económica em que se encontra a Venezuela, os CLAP têm como missão criar e aproveitar novas condições estruturais para garantir uma melhor distribuição de víveres. De acordo com o governo, este programa visa apenas normalizar a distribuição de alimentos, não pretendendo substituir-se ao comércio privado.
«O nosso objectivo é que seis milhões de famílias recebam de forma pronta e segura alimentos de primeira necessidade que, por distorções dos mecanismos de distribuição e devido ao boicote de algumas empresas comercializadoras, não chegam ao povo ou têm de ser adquiridos com preços manipuladores, declarou Marcano, citado pela Prensa Latina.
Segundo o ministro, uma tonelada de alimentos distribuídos por meio destes organismos rende cinco vezes mais do que através dos sistemas convencionais ou tradicionais, e esta é uma realidade que a oposição tem vindo a desvirtuar.
No início deste mês estavam criados 15 993 CLAP, a quem cabe também evitar o desvio de produtos que são depois comercializados a preços elevados, um fenómeno conhecido como bachaqueo.