Chilenos cobram promessas
A Central Unitária dos Trabalhadores chilena organizou, dia 31 de Maio, uma gigantesca marcha em defesa de alterações à Constituição do país. Em causa está a reforma laboral prometida pela presidente Michelle Bachelet, mas que os representantes sindicais consideram ter sido frustrada por cedências aos grandes empresários e por acção dos sectores políticos conservadores e de direita em sede legislativa.
No seu programa eleitoral e no projecto inicial de alteração da legislação do trabalho, Bachelet reconhecia a titularidade dos sindicatos na negociação colectiva e alarga o conjunto de matérias neste âmbito, impede a possibilidade de substituição dos trabalhadores em greve e estende as horas de trabalho sindical.
No protesto laboral participaram também jovens do ensino Superior e do Secundário. As organizações representativas destes convocaram uma paralisação nacional por tempo indefinido a partir do dia 1 de Junho, a qual deverá ganhar força com a jornada de hoje em que estão previstas manifestações e concentrações, e para a qual os alunos apelaram à participação de professores e funcionários.
Estudantes das universidades, dos politécnicos e dos liceus exigem que o governo liderado por Michelle Bachelet implemente a gratuitidade do ensino e melhore a sua qualidade. Rejeitam e combatem o sacrifício da educação ao lucro privado, cerne do sistema vigente, herdado da ditadura fascista de Augusto Pinochet (1973-1990).
Em Setembro do ano passado, Bachelet apresentou e fez aprovar uma reforma tributária com o intuito de angariar fundos para financiar as escolas estatais e melhorar a acção social. Os estudantes consideram que a medida está longe de assegurar a educação pública, gratuita e de qualidade, assim como de cumprir as garantias dadas durante a campanha eleitoral.
A 26 de Maio, uma marcha de estudantes em Santiago do Chile foi dispersa com violência pela polícia. A 24 de Maio, em Valparaíso, um estudante foi morto durante os confrontos com as forças repressivas.